60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação

VIOLÊNCIA NA ESCOLA E AS NOVAS CONFIGURAÇÕES FAMILIARES SEGUNDO PAIS E/OU OUTROS RESPONSÁVEIS PELOS ESTUDANTES DE UMA ESCOLA ESTADUAL DE CUIABÁ-MT

Marineide de Oliveira da Silva1
Maria Augusta Rondas Speller1
Enjy Riad Danif1

1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO


INTRODUÇÃO:
A presente pesquisa está ligada à dissertação de mestrado em desenvolvimento de Enjy Riad Danif: “Violência na escola: escutando a família”, que possibilitou aos pais e/ou outros responsáveis pelos estudantes de uma escola estadual de Cuiabá-MT, manifestarem suas opiniões e vivências sobre 1- violência em geral e principalmente nas escolas e 2- como as novas configurações familiares e o amor podem influenciar no aumento e/ou diminuição da violência na escola. O presente trabalho justifica-se pela importância da realização de pesquisas que proporcionem oportunidade para que a comunidade possa falar e ser escutada, possibilitando também reflexões sobre a violência na escola e seus efeitos no cotidiano escolar, bem como na educação em geral. O presente trabalho vai focar somente alguns dados preliminares da pesquisa que investigou como pais e/ou outros responsáveis pelos estudantes pensam sobre as novas configurações familiares e como estas podem ou não contribuir para o aumento da violência na escola.

METODOLOGIA:
A metodologia pautou-se pelo método qualitativo norteado pelos estudos de Santos Filho & Gamboa (2002), utilizou-se também, além de entrevistas semi-estruturadas, a técnica de Grupo Focal que segundo Gatti (2005, p.11) oportuniza ao pesquisador “a compreensão de idéias partilhadas por pessoas no dia-a-dia e dos modos pelos quais os indivíduos são influenciados pelos outros”, valorizando a escuta e a subjetividade dos pesquisados. Todo o procedimento foi gravado e posteriormente transcrito e analisado. Os sujeitos foram divididos em dois grupos, sendo que o primeiro abrangeu somente pais e/ou qualquer responsável do sexo masculino pelo aluno e o segundo grupo somente mães e/ou qualquer responsável do sexo feminino pelo aluno. Com base às respostas dadas nos grupos focais e nas entrevistas a respeito de violência na escola e as configurações familiares atuais e o amor, definimos 4 (quatro) categorias: 1) determinantes da violência; 2) sugestões para diminuir a violência na escola; 3) avaliação dos novos arranjos familiares: Pai, mãe e filhos; pai e filhos; mãe e filhos; pai, nova esposa, filhos dele e dela; mãe, novo marido, filhos dela e dele; avós e netos; cônjuges de mesmo sexo; 4) influência da família e do amor para aumentar ou diminuir a violência na escola.

RESULTADOS:
Para os sujeitos, a violência está ligada à falta de estudos, ressaltando que a pessoa não estudada tende a se tornar agressiva e fica à mercê dos traficantes que geralmente utilizam as instalações da escola para vender drogas. A violência na escola é considerada pelos familiares dos estudantes como algo muito ruim e que pode se manifestar através de brigas, pichações, vandalismo e destruição das dependências escolares, agressões entre alunos e/ou entre estes e os professores. Na escola, às vezes prevalece o discurso de que o aluno é violento, desinteressado nos estudos porque possui uma família desestruturada. Ao indagarmos como seria uma família estruturada para alguns pais e/ou outros responsáveis, os mesmos ressaltaram que 1- a boa estrutura familiar é formada por pai e mãe (família nuclear tradicional) com condições financeiras para oferecer uma educação de qualidade para os seus filhos e 2- tem que ser pautada no diálogo entre os pais e os filhos na busca de soluções para os problemas familiares. Os pais e/ou outros responsáveis parecem repetir o discurso social sobre como a desestruturação familiar afeta o desempenho dos alunos, além de poder ser o fator gerador de violência na escola.

CONCLUSÕES:
Os resultados apontam para uma certa contradição, nas falas dos sujeitos, em relação às suas afirmações quanto à composição familiar, já que indicam como família ideal aquela que possui uma composição tradicional, sendo que os próprios pais envolvidos na pesquisa não constituem tal formação familiar, aquela formada por pai, mãe e filhos. Alguns responsáveis pelas crianças, que participaram nos grupos focais, são avós, pais separados, mães que se encontram no segundo casamento, etc. Percebe-se também que mesmo o amor aparecendo, nos dados, como fator fundamental para a base familiar, sendo capaz de contribuir não somente para as problemáticas cotidianas da família, como também para diminuir a violência na escola, os responsáveis pelos estudantes não conseguem especificar melhor o conceito de amor. Dizem que amor é amar a esposa, os filhos, enfim, amar a família em geral. Os pais e/ou outros responsáveis pelos estudantes em nenhum momento mencionam a necessidade de participação ativa da comunidade, juntamente com a escola, na criação de possibilidades para uma vivência mais tranqüila entre todos os participantes da escola – família, alunos, funcionários e professores.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Educação, violência, configurações familiares

E-mail para contato: neidemaryamiga@yahoo.com.br