60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 6. Ciência Política - 6. Ciência Política

CRISTIANISMO PRIMITIVO E ANARCO-CRISTIANISMO: UMA PRÁTICA DE LIBERTAÇÃO?

Gustavo Ramus de Aquino1
Edson Passetti1, 2

1. PUC-SP
2. Prof. Dr. Orientador


INTRODUÇÃO:
No século XIX o conde e escritor russo Liev Tolstoi (1828-1910) aproximou o cristianismo de uma perspectiva libertária, como meio de negação e desobediência ao Estado. O anarco-cristianismo remonta às primeiras comunidades cristãs que viviam afastadas das cidades evitando seguir as leis dos homens. Os anarquistas cristãos são pacifistas, avessos a hierarquias, anti-militaristas e idealizadores da ajuda mútua.

METODOLOGIA:
O objetivo da pesquisa foi problematizar a pertinência da união de movimentos aparentemente opostos: o anarquismo e o cristianismo. O trabalho desenvolveu-se a partir de leituras de romances de Liev Tolstoi, seus escritos revolucionários e outros autobiográficos, juntamente com a leitura do evangelho de Mateus e os Atos dos Apóstolos, confrontados com o olhar libertário sobre o cristianismo desferido por Bakunin e outros anarquistas, que caracterizam a religião como forma de aprisionamento do Homem.

RESULTADOS:
Ao longo da pesquisa realizei um mapeamento do anarquismo cristão no Brasil estudando alguns militantes importantes no movimento anarquista como Manuel Curvelo de Mendonça, Fábio Luz, Maria Lacerda de Moura e Mário Ferreira dos Santos. Todos estes anarquistas se declaravam adeptos do tolstoismo e relacionados de certa forma com experiências pedagógicas libertárias, com o movimento anti-militar, com a produção de literatura e periódicos com a finalidade de propagar a anarquia. Sobre Liev Tolstoi analisei sua vida, seus romances, sua experiência pedagógica em Iasnaia Poliana, seus escritos antimilitaristas e suas criticas acerca do cristianismo como um estilo de vida libertário.

CONCLUSÕES:
O cristianismo emergiu como um movimento de contestação ao domínio do Império romano. As práticas adotadas por Jesus e seus seguidores contrariavam os costumes e valores de sua época e rompiam com o elitismo judaico. Os primeiros cristãos eram avessos ao reino dos homens e não se submetiam às leis criadas por esses. Distanciavam-se das cidades em busca de uma vida simples, de forma que tudo fosse compartilhado entre eles, não existindo hierarquia e nem propriedade de bens dentro do grupo. Por sua vez, o anarco-cristianismo não se afirma na guerra direta contra o soberano, mas sim em meios para a afirmação de uma existência livre e desestabilização de hierarquias, asseverando práticas de insubmissão e experimentações de liberdades.

Instituição de fomento: CNPq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  anarquismo, cristianismo, insubmissão

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