60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

Marcado pelo conservadorismo e pela massiva população católica, o Chile é, apesar de ser conhecido pelos altos níveis de desenvolvimento econômico, afetado por uma grande desigualdade social. Neste sentido, a eleição de Michelle Bachelet em 2005 poderia representar uma revolução no cenário chileno, já que a candidata era mulher, agnóstica e mãe solteira. Com uma plataforma pautada na continuidade das transformações desenvolvidas pelo seu partido, o Concertacion, que chegou ao poder com a redemocratização do país, Bachelet enfrentou Sebastián Piñera em segundo turno e foi eleita a primeira mulher presidente da América do Sul. A partir de tantas transformações representadas por esta eleição podem surgir perguntas concernentes ao significado deste momento eleitoral, e, desta forma, esta pesquisa tem por objetivo analisar as questões surgidas, observando as divergências entre as plataformas dos candidatos, bem como a repercussão deste acontecimento na mídia norte-americana.

METODOLOGIA:

O presente trabalho foi dividido metodologicamente em três etapas. Primeiramente foi feito um levantamento bibliográfico, referente à história política, social e econômica do Chile. Concomitantemente, foram debatidos alguns textos que definiam conceitos teóricos a serem utilizados na pesquisa, tais como, ideologia e esquerda. Em seguida, foram identificadas as plataformas eleitorais dos dois principais candidatos, Michelle Bachelet e Sebastián Piñera, escolhidos por terem disputado o segundo turno, durante a eleição de 2005. Tais plataformas foram comparadas por meio de dimensões previamente estabelecidas e relacionadas com os conceitos teóricos anteriormente apreendidos. Por fim, fizemos um mapeamento de matérias do New York Times (NYT), por um período de 3 meses antes da eleição até um mês posterior a esta, analisando o conteúdo das mesmas a partir das seguintes dimensões: economia, ideologia, perfil dos candidatos, problemas do país, Estados Unidos e América Latina.

RESULTADOS:

A pesquisa realizada através das plataformas eleitorais de Michelle Bachelet e Sebastián Piñera pôde revelar que, apesar de possuírem propostas similares em diversos pontos programáticos, os candidatos podem ser diferenciados ideologicamente a partir da questão da desigualdade social. Enquanto Piñera enfatiza a necessidade de promover a igualdade de oportunidades, respeitando sempre as liberdades individuais; Bachelet propõe medidas que fortalecem o Estado. Cabe ressaltar que ambos têm uma perspectiva positiva quanto à economia de mercado, propondo a criação de uma área de livre comércio para as Américas e o fortalecimento das relações internacionais. Com relação ao NYT, detectamos que o jornal referenciava a possível vitória de Bachelet em um tom positivo, ressaltando o significado histórico desta eleição como revolucionária para os valores morais chilenos.

CONCLUSÕES:

A diferença constatada no espectro ideológico dos candidatos chilenos reflete a dicotomia existente na política do país, que pode ser explicada por um passado em que a sociedade era marcada por claros conflitos ideológicos. A ditadura de Augusto Pinochet definiu a quebra da coluna vertebral chilena, de forma a transformar a sociedade e a deixar marcas sentidas na eleição de 2005. Neste sentido, a disputa entre Michelle Bachelet e Sebastián Piñera, foi pautada pela continuidade das transformações iniciadas com a redemocratização e pelas mudanças sociais em curso. Percebe-se então que há uma leitura do NYT de que Bachelet teria maiores chances de vitória por melhor representar o momento histórico da sociedade chilena. Outro aspecto importante de tal disputa é a percepção de que a desigualdade social é tão marcante no país que ambos os candidatos destacaram em suas plataformas soluções para este desafio, existindo contudo soluções diferentes que marcam uma distinção ideológica.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: Ideologia, Eleição Presidencial Chilena de 2005, New York Times

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