60ª Reunião Anual da SBPC




A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ALELOPÁTICA DE EXTRATOS VOLÁTEIS DE CRONTON URUCURANA BAILLON

Denise Leme Di Raimo1, 7
Marize Terezinha Lopes Pereira Peres1, 6

1. UFMS
6. Prof. Drª. - Departamento de Hidráulica e Transportes - Orientadora
7. Departamento de Farmácia Bioquímica


INTRODUÇÃO:
A alelopatia é definida como interações químicas entre plantas ou entre microorganismos e plantas superiores incluindo influências positivas ou negativas, apresentando um importante papel nos ecossistemas naturais e agroecossistemas. Os aleloquímicos são uma potencial fonte de novos agroquímicos (herbicidas naturais), uma vez que representam uma fonte inesgotável de substâncias biologicamente ativas, sendo de grande importância na agricultura. O gênero Croton compreende cerca de 1300 espécies, amplamente distribuídas em todas as regiões do Brasil. Na região Centro-Oeste, é popularmente conhecida como “Sangra d´água”, e é usada na medicina popular principalmente como antiinflamatória, antibacteriana, anti-hipertensiva, antimalárica, antiespasmódica, antiulcerogênica, antiviral e mio-relaxante. No óleo essencial obtido a partir das cascas do caule de Croton urucurana Baillon, 83 compostos foram identificados. A fração do óleo essencial bruto apresentou atividade antioxidante, e ainda apresentou atividade antimicrobiana para sete bactérias Gram-positivas e Gram-negativas e três fungos.

METODOLOGIA:
O presente trabalho teve por objetivo avaliar o potencial alelopático dos óleos voláteis das cascas do caule desta espécie. Os bioensaios de germinação e crescimento foram realizados com as espécies-alvo alface (eudicotiledônea) e cebola (monocotiledônea), em laboratório. Utilizou-se seis concentraçoes dos óleos voláteis (0, 0,05; 0,12; 0,25; 1,0%), com quatro repetições de 50 sementes. Para os bioensaios de germinação, as placas de Petri contendo papel filtro, previamente autoclavadas, receberam 5,0 mL de água destilada. Em seguida, semeou-se aleatoriamente sobre cada disco de papel filtro, 50 diásporos da espécie alvo. Após a semeadura, 3,0 mL da solução de cada concentração dos óleos volateis foram distribuídos em dois papéis-filtro, colados na tampa da placa, evitando o contato direto com as sementes. As placas de Petri contendo os diásporos foram fechadas e envolvidas com filme plástico e levadas a uma câmara de germinação. Para os bioensaios de crescimento, primeiramente as sementes foram germinadas em placas de Petri contendo papel filtro umedecidas com 5,0 mL de água destilada. Após a germinação, foram transferidas para placas de Petri contendo as soluções tratamento, utilizando-se procedimento similar ao descrito nos bioensaios de germinação.

RESULTADOS:
O efeito alelopático foi observado nos resultados da germinação, do crescimento, da determinação da massa seca e da obtenção da Dose Letal, na qual estabelece uma relação de inibição da germinação e/ou do crescimento da raiz primaria e do hipocótilo submetidos as soluções com doses crescentes dos óleos da casca de C. urucurana. Nos bioensaios de germinação verifica-se que os óleos voláteis de C. urucurana reduziram significativamente a porcentagem de germinação de alface somente na maior concentração ensaiada. Em cebola, observa-se que as concentrações ensaiadas influenciaram mais intensamente a germinabilidade das sementes, verificando-se que todas as concentrações reduziram significativamente a germinabilidade de cebola, podendo-se observar que o aumento da concentração acarretou em maior inibição na germinação das sementes. Com relação ao crescimento de alface, verifica-se que todas as concentrações ensaiadas reduziram significativamente o crescimento da raiz primária, observando-se uma relação dose dependente. Em cebola, verifica-se que os óleos voláteis influenciaram mais intensamente o crescimento, podendo-se observar, que as concentrações ensaiadas inibiram o crescimento tanto da raiz primária quanto do coleóptilo de cebola.

CONCLUSÕES:
Assim, verifica-se que os óleos voláteis de C. urucuana interferem tanto na germinação quanto no crescimento das espécies-alvo ensaiadas, porém o efeito alelopático foi mais evidente sobre a germinação e o crescimento de cebola. Também foram verificadas alterações morfológicas como ausência de pêlos absorventes e oxidação do ápice das raízes. Contudo, pode-se concluir que os óleos voláteis de C. urucurana possuem compostos químicos que afetam algum processo fisiológico durante a germinação e crescimento de alface e cebola, inibindo a germinação e o crescimento tanto da raiz primária quanto do hipocótilo/coleóptilo, apresentando portanto potencialidades alelopáticas para as espécies- alvo.

Instituição de fomento: PROPP/UFMS;FUNDECT;CNPQ.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Sangra d’ água, Óleos voláteis, Alelopatia

E-mail para contato: denisediraimo@hotmail.com