60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DO ESTRATO ARBÓREO DE TRECHO DE FLORESTA OMBRÓFILA DENSA MONTANA SECUNDÁRIA, PARQUE ESTADUAL DA CANTAREIRA, SÃO PAULO, SP

Victor Gregorato1
Frederico Alexandre Roccia Dal Pozzo Arzolla1
Francisco Eduardo Silva Pinto Vilela1
Gláucia Cortez Ramos de Paula1
George John Shepherd2
Camila da Silva Nunes1

1. INSTITUTO FLORESTAL
2. Departamento de Botânica/IB-UNICAMP


INTRODUÇÃO:
O Parque Estadual da Cantareira – PEC se originou a partir de antigas fazendas que foram desapropriadas para a proteção de mananciais destinados ao abastecimento público da cidade de São Paulo. Os remanescentes florestais existentes na época das fazendas constituem hoje trechos de florestas maduras, e as áreas anteriormente cultivadas, que foram abandonadas e iniciaram processos de regeneração natural, compõem uma vasta extensão de florestas secundárias em estádio médio de regeneração, formando um mosaico sucessional. A partir da década de 80, alguns levantamentos florísticos foram realizados na Serra da Cantareira. Considerando as suas dimensões territoriais, o Parque Estadual da Cantareira ainda necessita de pesquisas que caracterizem sua flora arbórea e a importância do Parque no âmbito da conservação da natureza. Nesse contexto, este trabalho tem como objetivos contribuir para o conhecimento da flora arbórea do Parque Estadual da Cantareira e verificar a presença de espécies ameaçadas de extinção no interior do PEC.

METODOLOGIA:
O Parque Estadual da Cantareira, com 7.916,5 hectares, abrange parte dos municípios de Caieiras, Guarulhos, Mairiporã e São Paulo. O clima é classificado como mesotérmico úmido, sem estação seca definida, do tipo Cfb, segundo o Sistema Internacional de Classificação Climática de Köppen. De acordo com o IBGE, a vegetação da Serra da Cantareira pode ser classificada como Floresta Ombrófila Densa Montana. A área de estudo localiza-se entre as Estradas da Roseira e Vista Alegre, nos trechos de floresta atravessados pelos traçados antigo e novo da Linha de Transmissão Guarulhos-Anhanguera da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista – CTEEP. Está inserida na face sul da Serra da Cantareira e apresenta extensão de 11 quilômetros. As altitudes variam entre 870 a 980 metros. O levantamento foi realizado nos anos de 2006 e 2007. O material botânico foi coletado e herborizado e identificado através de bibliografia específica, por comparação com exsicatas e consulta a especialistas. Todo o material coletado foi depositado no Herbário Dom Bento Pickel (SPSF) do Instituto Florestal. O sistema de classificação utilizado foi o APG II. Foram consultadas as listas de espécies ameaçadas de extinção da IUCN e da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, ambas de 2004.

RESULTADOS:
Foram registradas até o momento 202 espécies, de 52 famílias e 127 gêneros, como resultados parciais atingidos. As famílias com maior número de espécies foram: Fabaceae (19 espécies), Myrtaceae (17), Lauraceae (14), Melastomataceae e Solanaceae (12), Rubiaceae (10), Euphorbiaceae (9), Asteraceae (7), Meliaceae (6), Annonaceae, Arecaceae, Sapindaceae e Urticaceae (5). Os gêneros com maior número de espécies foram Solanum (8 espécies), Ocotea e Piper (7), Eugenia (5). Dentre as espécies identificadas, Gonatogyne brasiliensis (Phyllanthaceae), Ixora heterodoxa (Rubiaceae), Austrocritonia angulicaulis e Vernonia petiolaris (Asteraceae) e Trichilia elegans (Meliaceae) foram registradas pela primeira vez para o Parque Estadual da Cantareira. Abarema lansgdorffii (Fabaceae - Mimosoideae), Dictyoloma vandellianum (Rutaceae) e Pouteria bullata (Sapotaceae) apresentavam registros somente das décadas de 30 e 40 do século XX. Foram encontradas oito espécies consideradas ameaçadas de extinção: Austrocritonia angulicaulis, Euterpe edulis e Gomidesia tijucensis, na categoria vulnerável, conforme a Resolução SMA no 48/2004, e Ocotea catharinensis, Machaerium villosum, Trichilia silvatica e Pouteria bullata, na categoria vulnerável, e Cedrela fissilis, na categoria em perigo, pela IUCN.

CONCLUSÕES:
Desde o início do século XX vêm sendo realizados vários estudos sobre a flora arbórea do Parque Estadual da Cantareira. A partir da década de 80, vários levantamentos da composição florística do estrato arbóreo foram empreendidos. O presente trabalho constatou espécies ainda não registradas para o Parque, além de espécies consideradas ameaçadas de extinção, justificando a necessidade de estudos sobre sua composição florística e destacando a importância dessas florestas secundárias.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  espécies ameaçadas, primeiros registros, florestas secundárias

E-mail para contato: victor_gregorato@yahoo.com.br