60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação

VIOLÊNCIA NA EDUCAÇÃO SEGUNDO A IMPRENSA

Rafael Rodrigues Lourenço Marques1
Maria Augusta Rondas Speller1, 2

1. Universidade Federal de Mato Grosso
2. Instituto de Educação / Departamento de Psicologia - Profa. Dra. Orientadora


INTRODUÇÃO:
O presente trabalho surgiu das discussões do grupo de pesquisa Educação, Subjetividade e Psicanálise da UFMT, sobre a violência, principalmente no campo da educação, e sobre os possíveis caminhos a trilhar rumo a uma cultura de paz. Trata-se de uma ampliação do trabalho de iniciação científica “Violência na educação segundo a imprensa”, que no ano de 2006 sustentou o trabalho maior Violência nas escolas: escutando todos os atores envolvidos - alunos, professores, funcionários e família, buscando o atual discurso da imprensa quanto ao tema. Propõe uma reflexão sobre o espaço dado às notícias sobre violência na educação pela imprensa escrita, sua responsabilidade quanto à produção e à veiculação das mesmas.

METODOLOGIA:
A pesquisa foi quanti-qualitativa e teve um referencial teórico das áreas da educação, comunicação e psicanálise. Foram pesquisados um jornal local (Folha do Estado) e um jornal nacional (Folha de São Paulo). Foi feita em três fases: levantamento de notícias via internet; categorização e construção de tabelas a partir das datas e dos conteúdos mais freqüentes e análise dos dados presentes nas notícias recolhidas. Foram feitas categorias a partir dos temas e conteúdos mais freqüentes e, posteriormente, tabelas para uma melhor visualização dos dados. As categorias são: condições sociais e violência; iniciativas contra a violência na educação; tipos de violência; polícia, educação e violência; referências indiretas; governo, educação e violência fracasso escolar e violência

RESULTADOS:
No jornal Folha do Estado as matérias concentram-se no caderno Cidades e ampliaram seu número em relação à pesquisa anterior graças à criação das páginas Folha Cidadania e Folha do Bem. No entanto, o conteúdo destas matérias possui tendência moralista. Na Folha de São Paulo há um articulista que escreve sobre iniciativas contra a violência; é notada influência acadêmica nos textos e escolha de pautas. O tema violência é aprofundado e na maioria das vezes seus atores são escutados. Nota-se um aumento no número de notícias sobre educação no jornal folha do estado, talvez por uma reestruturação da linha do veículo. O surgimento do novo espaço é um saldo positivo, mas é necessária a ampliação do mesmo. A experiência empreendida pela Folha de São Paulo mostra que é possível levar o debate da violência na educação para a opinião pública.

CONCLUSÕES:
A violência na educação segundo a imprensa é banal, faz parte do cotidiano. Uma parceria entre comunicação e educação, sacramentada pelo olhar psicanalítico, pode ser de grande valia para desestabilizar as violências do cotidiano escolar e para incentivar cada um dos atores envolvidos a se implicar com a realidade em que vive, convidando todos a se transformarem em protagonistas de suas próprias histórias. As propostas de escuta e implicação profissional na engrenagem coletiva que as teorias psicanalíticas sugerem, podem fazer às vezes de um novo fio de linha que não seja usado para costurar e silenciar as bocas dos excluídos, mas que suture o campo compreendido entre comunicação e educação. Mas que seja logo, sem demora, porque a ferida está aberta e a hemorragia pode fluir novamente, aumentando ainda mais o fluxo de violência que jorra por nosso país.

Instituição de fomento: CNPq - Programa de Iniciação Científica

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Educação, Psicanálise, Comunicação

E-mail para contato: rafael_jornal@yahoo.com.br