60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 6. Bioquímica

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO BAGAÇO DE ESTÉVIA E A AVALIAÇÃO DE SUA UTILIZAÇÃO COMO SUBSTRATO PARA CULTIVO DE COGUMELO COMESTÍVEL E PRODUÇÃO DE -GLUCANAS.

Simoni Alexandre1
Silvio Claudio da Costa1

1. UEM


INTRODUÇÃO:
A unidade piloto do NEPRON opera em caráter experimental processando cerca de 100 Kg de folhas da variedade estévia UEM-320 por dia, gerando entre 40 e 50 Kg de bagaço, ou seja, entre 40 e 50% da matéria prima processada A primeira etapa do processo de obtenção de adoçantes de estévia consiste na extração em um sistema de percolação, resultando em uma fase liquida contendo adoçantes e demais substancias extraídas, e uma fase sólida, ou resíduo das folhas e talos, denominado de bagaço de estévia. A grande quantidade de bagaço gerado no processo de obtenção de adoçantes de estévia torna imperativa a busca de alternativas de aproveitamento do mesmo, o que poderá ter profundos reflexos no custo do adoçante, conduzindo conseqüentemente a um fortalecimento dessa cadeia. Estudos preliminares demonstraram que o bagaço de estévia apresenta potencial para ser utilizado como suplemento de ração animal e também como substrato para o cultivo de cogumelos comestíveis. O cogumelo comestível Agaricus blazei tem sido cultivado com sucesso em bagaço de estévia. Entretanto, para que este resíduo possa efetivamente ser empregado com segurança e de modo racional, há necessidade de realizar a caracterização físico-química do mesmo, determinado se há presença residual de adoçantes bem como os teores de macro e micronutrientes. O cogumelo Agaricus blazei apresenta em seu corpo de frutificação beta-glucanos, compostos de alto valor comercial, em função de suas propriedades farmacológicas, antitumorais, imunomodulatórias, antiviral, antimicrobiana e antipararistária.

METODOLOGIA:
a) Obtenção e coleta do bagaço de estévia: O bagaço de estévia foi coletado no extrator da unidade de Piloto do NEPRON e desidratado em estufa com circulação de ar a 60ºC até 12% de umidade. b) Análise do teor de glicosídeos diterpênicos: Para a determinação dos glicosídeos diterpênicos do bagaço de estévia foi utilizado Cromatografia Líquida de Alta Eficiência–CLAE (DACOME, 2005)1. c) Análises: Análise do teor de proteínas, umidade, e cinzas totais foram determinadas de acordo com os métodos relatados por Cunniff (1988)2. O teor de carboidratos totais foi realizado pelo método de Dubois et al6. d)Cultivo do cogumelo: O cogumelo comestível Agaricus blazei foi cultivado em estufa sob condições controladas. e) Análise do teor de beta-glucanas: A determinação do teor de beta-glucanas foi realizado em triplicata, conforme a metodologia descrita por PROSKY et al 4 e modificado pela “Foundation of Japan Food Analysis Center” 5.

RESULTADOS:
O bagaço de estévia coletado na unidade piloto do NEPRON foi seco sob circulação de ar forçado e teve uma série de parâmetros físico-químicos determinados, os quais são: Carboidratos totais (CHT) 64%; cinzas:2,5%; proteínas:21%; adoçantes:1,59%, cálcio (Ca):0,54%; fósforo (P):0,050%; potássio (K):0,70% e magnésio(Mg):0,027%. Trata-se de um material rico em carboidratos e proteínas. Os macronutrientes estão em concentração compatível com o desenvolvimento do Agaricus blazei. O cogumelo se desenvolveu bem em bagaço de estévia e houve produção de beta-glucanas, como pode ser verificado pelos dados: Extração ácido-básica: 10,2% de beta-glucanas, teor de CHT=36,2%; Extração básica: 14% de beta-glucanas, teor de CHT=21,2%; Extração aquosa: 5% de beta-glucanas, teor de CHT=42,8%. No método CLAE - Cromatografia líquida de alta eficiência, glicose-único monossacarídeo identificado.

CONCLUSÕES:
As análises físico-químicas realizadas no bagaço de estévia mostraram a presença de resíduos de adoçantes (glicosídeos diterpênicos). Os resultados obtidos para alguns dos mais importantes macronutrientes e micronutrientes (carboidratos totais, proteínas totais e íons inorgânicos) confirmaram o valor nutricional do bagaço de estévia. A análise do teor de beta-glucanas no corpo de frutificação do cogumelo cultivado em bagaço de estévia demonstrou que o valor obtido é compatível com aqueles relatados na literatura para outros substratos. Conclui-se portanto, que o bagaço de estévia pode ser empregado como substrato para cultivo do Agaricus blazei e conseqüentemente para a produção de beta-glucanas.

Instituição de fomento: Fundação Araucária

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  estévia, cogumelo comestível, Agaricus blazei

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