60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia

A MULHER NA UNIVERSIDADE, NO TRABALHO E NA FAMÍLIA

Geice Queila de Lima Silva1
Manuella Paiva de Holanda Cavalcanti1
Belmira Rita da Costa Magalhães2

1. Instituto de Ciências Sociais - UFAL
2. Profª Drª - Instituto de Ciências Sociais - UFAL - Orientadora


INTRODUÇÃO:
A discriminação feminina ainda atinge fundamentalmente a vida das mulheres em todos os âmbitos. O sistema capitalista coloca sobre responsabilidade das mulheres a esfera da reprodução da vida: a socialização das crianças e a realização das atividades domésticas. Essa tarefa segue sem custo adicional para o capital, garantindo a reprodução da força de trabalho e possibilitando uma exploração maior da mulher enquanto trabalhadora. Situando a categoria trabalho no centro do debate de gênero, objetivamos desvelar a situação da mulher-universitária no mercado de trabalho e as implicações que essa inserção acarreta para sua vida acadêmica/pessoal/familiar, através da investigação do papel da universitária da UFAL, das suas dificuldades enquanto trabalhadoras-estudantes e enquanto mães-trabalhadoras-estudantes. Para tanto, relacionamos tipo de atividade profissional com atividade doméstica e desempenho acadêmico, do ponto de vista da perda/trancamento de disciplinas. Avaliamos as relações de gênero na família e a qualidade de vida da estudante, e buscamos perceber, através dos discursos das mulheres, discriminações sofridas enquanto estudantes e/ou trabalhadoras.

METODOLOGIA:
Utilizamos uma metodologia que alia métodos quantitativos a qualitativos. Coletamos os dados através da aplicação de questionário, o qual contém 72 perguntas. Aplicamos 622 questionários, representando 10% da população feminina do ano letivo de 2005, de todos os cursos, turnos e anos das áreas I, II e III, respectivamente: Ciências Exatas e Tecnológicas, Ciências da Saúde e Ciências Humanas da UFAL. Todas as fases da pesquisa foram acompanhadas por discussões das teorias sociológica e feminista. Nas duas primeiras fases (2005 a 2007), formulamos e aplicamos o questionário, tabulamos os dados quantitativos (elaboração de 32 tabelas por curso e turno), traçamos o perfil sócio-econômico, acadêmico e profissional dessas mulheres, e por fim, elaboramos o cruzamento de variáveis. Fizemos o cruzamento da variável trabalho com variáveis que permitiram desvelar a situação dessas mulheres-universitárias no mercado de trabalho e sua relação com o desempenho acadêmico e vida pessoal/familiar. Na atual fase do projeto estamos elaborando análises dos discursos das mulheres, através das temáticas trabalho/estudo; estudo-trabalho/família; gênero/trabalho/família/universidade; e assédio.

RESULTADOS:
Elaboramos o perfil sócio-econômico, profissional e acadêmico das mulheres das áreas I (Ciências Exatas e Tecnológicas), II (Ciências da Saúde) e III (Ciências Humanas), que em sua maioria declarou ser solteira, parda, católica e ter idade entre 21 e 25 anos. Parcela significativa dessas mulheres exerce alguma atividade profissional (54% na área I, 31,40% na área II e 56,10% na área III). Através do cruzamento de variáveis, constatamos que as motivações de reprovação e trancamento de curso/disciplina, tanto para as mulheres que declararam exercer atividade profissional ou não (possíveis experiências anteriores de trabalho), referem-se principalmente a trabalho, problemas familiares, financeiros e com a saúde. Nas áreas I e III, as motivações referem-se também a filhos.

CONCLUSÕES:
Concluindo, os dados sinalizaram relevante preocupação das mulheres com a profissionalização, exercício de dupla jornada de trabalho, e, claramente, um desempenho acadêmico prejudicado pela dificuldade de conciliação das atividades, pois acumulam responsabilidade no âmbito doméstico. Entendemos que o conhecimento da realidade da situação de empregabilidade e as implicações da forma de inserção no mercado de trabalho combinado com as tarefas que a sociedade reserva como prioritariamente femininas, constitui objetivo prioritário para que se possa propor políticas de mudanças na atuação das universidades em relação às mulheres-universitárias.

Instituição de fomento: CNPq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Gênero, Trabalho, Universidade

E-mail para contato: geiceq@gmail.com