60ª Reunião Anual da SBPC




H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 1. Literatura Brasileira

O MANDARIM DE ARTHUR AZEVEDO

Simone Cordeiro Boff1
Francine Fernandes Weiss Ricieri1, 2

1. Universidade Paulista - UNIP
2. Profa. Dra. Orientadora


INTRODUÇÃO:
Arthur Azevedo é um dos maiores autores do gênero teatro de revista, que chega ao Brasil em 1859, no formato revista do ano, com produções que alegorizavam fatos do ano anterior, em retrospectivas críticas e bem humoradas. Incontestável sucesso de público e crítica, O Mandarim (baseado em O Mandarim de Eça de Queirós) explora a idéia de substituir a mão-de-obra escrava (nas antevésperas do Abolicionismo) por imigrantes: um mandarim Tchin-Tchan-Fó vem ao Rio de Janeiro para verificar se a terra poderia receber seus conterrâneos chineses, mas se confronta com as dificuldades da vida carioca. Outro aspecto significativo no estudo da obra é o fato de que em torno dela surgiu uma polêmica envolvendo personalidades da vida pública do período. A publicidade despertada pelo episódio parece ter contribuído com a consolidação do gênero Teatro de Revista no gosto popular. São objetivos desta apresentação historiar brevemente o gênero e discutir, especificamente a propósito de O Mandarim, hipóteses que possam contribuir com a compreensão do sucesso e representatividade deste tipo de composição teatral, no Brasil de fins do século XIX.

METODOLOGIA:
Leitura e análise de trechos da peça de Arthur Azevedo, com recurso a textos de historiografia literária e história do Brasil. Utilizaram-se, ainda, textos de bibliografia básica em teoria literária e relativa ao gênero teatro de revista, bem como bibliografia de apoio relativa ao dramaturgo.

RESULTADOS:
A peça O Mandarim, de Arthur Azevedo tem um prólogo e três atos, divididos em onze quadros. Foi apresentada pela primeira vez no Rio de Janeiro, no teatro Príncipe Imperial, em 1884, fazendo referência aos acontecimentos de 1883. O teatro de revista se utiliza de fatos e problemas enfrentados pela população na época, satirizando estes acontecimentos através do teatro. Pela polêmica que gerou, a peça contribuiu com o sucesso inicial do gênero teatro de revista, no país. Todos os personagens são fiéis aos tipos da época, mas os mais polêmicos são os chamados de POLÍTICA e O BARÃO DE CAIPÓ. O Mandarim está presente em todos os atos e cenas. Todos os personagens da peça interagem com ele. Existe na peça um desenrolar hierárquico, primeiro os que se acham na sociedade, os mais famosos até os tipos do povo, como o engraxate, a escravidão, entre outras. Há, assim, uma ênfase nesses acontecimentos reais e tão importantes para a época. Não é só o retrato da sociedade rica e pobre, mas também o retrato do personagem febre amarela, seus micróbios e o médico. Na peça, há, além da apresentação tradicional da trama, a representação musical e comediográfica, sendo este um fator determinante do gênero teatro de revista.

CONCLUSÕES:
Arthur Azevedo dedicou-se intensamente ao teatro, em militância cultural voltada para a defesa do Teatro Nacional. Tratava o teatro e o jornal como veículos de reflexão sobre os assuntos pertinentes do período, apostando na literatura, e no teatro como agentes modificadores nos rumos do País. Não há uma divisão efetiva, para Azevedo, entre o teatro brasileiro e o carioca, estes seriam um só, retratando ambos uma situação política e econômica, satirizada e criticada. De uma forma caricata, com o objetivo de divertir e despertar a platéia para a realidade dos acontecimentos, Azevedo contribui efetivamente com O Mandarim para o sucesso do gênero teatro de revista, no Brasil. Até sua morte, em 1908, Azevedo escreveu teatro de revista, ao todo 19 peças, 2 perdidas. Este foi um período de consolidação do gênero, com sua forma original, a de revista do ano. Este estudo se volta para a obra de Arthur Azevedo por sua importância para o teatro de revista: trata-se de autor-chave na constituição e consolidação entre nós de um gênero que comportaria múltiplas visões de mundo e conflitos de valores e projetos artísticos e culturais da Belle Époque carioca. Neste panorama, é decisivo o papel representado pela peça em estudo, que gerou significativa polêmica na sociedade de então.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  teatro de revista, comediografia, Arthur Azevedo

E-mail para contato: simonecboff@gmail.com