60ª Reunião Anual da SBPC




A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física

BALANÇO DE MASSA EM MICROBACIA EXPERIMENTAL COM MATA ATLÂNTICA, NA SERRA DO MAR, CUNHA, SP

CÍNTIA FERREIRA DONATO1
LÍVIA FAGNANI SANCHEZ DE SOUZA2
MAURÍCIO RANZINI3
VALDIR DE CICCO3
FRANSCICO CARLOS SORIANO ARCOVA3
JOÃO BATISTA AMARO DOS SANTOS3

1. Universidade de São Paulo
2. Centro Universitário Sant'Anna
3. Instituto Florestal


INTRODUÇÃO:
A disponibilidade natural da água encontra-se cada vez mais no foco da atenção, devido a recorrentes problemas de distribuição, escassez, poluição e transformação antrópica da paisagem, que estão comprometendo os recursos hídricos. Neste contexto destaca-se a Mata Atlântica que, tendo ocupado cerca de 15% do território nacional, hoje está reduzida a menos de 8%, estendendo-se ao longo da costa litorânea, originalmente desde o Rio Grande do Sul até o Rio Grande do Norte. O Instituto Florestal de São Paulo, órgão da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, desenvolve pesquisas hidrológicas em microbacias hidrográficas com vegetação natural de Mata Atlântica, no Laboratório de Hidrologia Florestal Eng. Agr. Walter Emmerich, no Parque Estadual da Serra do Mar–Núcleo Cunha/SP. Três microbacias experimentais denominadas A, B e D são monitoradas continuamente, com medições das precipitações e das descargas. O presente trabalho descreve os processos hidrológicos da microbacia experimental A, quanto ao balanço de massa e seus componentes: precipitação, deflúvio e evapotranspiração.

METODOLOGIA:
A microbacia A, com área de 37,5 ha, localiza-se nas cabeceiras do rio Paraibuna, afluente do rio Paraíba do Sul. Possui elevações variando de 1175 m a 1030 m. A declividade média é de 18º 48’, seu perímetro é de 2800 m, a largura média é de 350,5 m e o comprimento do canal principal é de 1070 m. Para o monitoramento hidrológico da microbacia, a entrada de água foi determinada pela média aritmética de dois pluviógrafos e a saída quantificada através de uma estação fluviométrica, equipada com linígrafo. Por intermédio da curva-chave Q = 0,0661 x H2,303 (Q é a vazão em L/s e H a cota em cm) determinaram-se as vazões necessárias para os cálculos do deflúvio. Pelo balanço de massa foi calculada a evapotranspiração através da diferença entre a precipitação e o deflúvio. Adotou-se o ano hídrico com início a partir de 1º de outubro e o término em 30 de setembro. O estudo foi realizado para os anos hídricos de 2002 a 2006.

RESULTADOS:
A precipitação média anual foi de 1784,0 mm, com extremos de 2010,8 mm (2005) e 937,91 mm (2002). O desvio padrão da média foi de 202,8 mm, sendo a máxima amplitude de 432,5 mm. Com relação aos valores de precipitação mensal, os meses de outubro de 2002 e outubro e fevereiro de 2003 ficaram abaixo da média do período chuvoso. Por outro lado, os meses de abril e setembro de 2005, considerados de transição, apresentaram valores acima da média. Aproximadamente 73% das precipitações ocorreram durante o período chuvoso. O deflúvio médio anual foi de 1086,5 mm, com valores extremos de 1431,0 mm e 837,9 mm, havendo grande variação entre os anos estudados. Os maiores deflúvios médios ocorreram entre janeiro e abril (115,1 a 130,5 mm) e os menores de agosto a outubro (55,4 a 60,7 mm). A evapotranspiração média anual foi estimada em 697,5 mm e correspondeu a 39,1% da precipitação. Os valores extremos ocorreram nos anos de 2004 (903,1 mm) e 2006 (524,7 mm). Em relação à razão entre a evapotranspiração e a precipitação, tem-se um valor médio de 46,9% para os anos de 2002 a 2004, destacando-se valores altos de evapotranspiração em decorrência aos baixos deflúvios. Para os anos de 2005 e 2006 ocorreu o inverso, ou seja, baixos valores de evapotranspiração (29,6%) em função dos altos índices de deflúvio.

CONCLUSÕES:
As precipitações e os deflúvios médios mensais e anuais apresentaram grandes variações ao longo do período experimental, com destaque para os meses considerados de transição: abril e setembro. Por essas razões, houve grande variabilidade anual nas estimativas de evapotranspiração. Desta forma, há necessidade de séries mais longas de observações dos ritmos das precipitações e dos deflúvios. Contudo, pode-se afirmar que a microbacia experimental A é conservativa quanto ao consumo de água, pois a evapotranspiração média para os cinco anos do estudo foi de 39,1%.

Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e Fundação do Desenvolvimento Administrativo – FUNDAP.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  balanço de massa, precipitação, deflúvio

E-mail para contato: tin_donato@hotmail.com