60ª Reunião Anual da SBPC




A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física

DIAGNÓSTICO DA HIDROLOGIA SUPERFICIAL DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE RIBEIRÃO PRETO COMO CONTRIBUIÇÃO À ELABORAÇÃO DO SEU PLANO DE MANEJO

LIVIA FAGNANI SANCHEZ DE SOUZA1
VALDIR DE CICCO2
MAURICIO RANZINI2
FRANCISCO CARLOS SORIANO ARCOVA2
CRISTINA F. P. ROSA PASCHOALATO3

1. Centro Universitário Sant'Anna
2. Instituto Florestal
3. Universidade de Riberão Preto


INTRODUÇÃO:
O Instituto Florestal, órgão da Secretaria do Meio Ambiente, é uma instituição voltada à pesquisa nas unidades de conservação (UCs) do Estado de São Paulo. Para que alcancem os propósitos para as quais foram criadas, elas devem dispor de um plano de manejo – documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma UC, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implementação das estruturas físicas necessárias à sua gestão. A elaboração do plano de manejo será norteada pelas informações já disponíveis e em visitas à unidade e seu entorno. Baseia-se ainda em levantamentos de campo realizados por amostragem e em estudos complementares, de acordo com as peculiaridades de cada UC. A Estação Ecológica de Ribeirão Preto – EERP é uma unidade de proteção integral ao sul da cidade de Ribeirão Preto-SP, está inserida em uma zona de expansão que se caracteriza pelo intenso processo de transformação do ambiente rural em urbano e, portanto, sofre forte pressão antrópica, sendo passível de degradação ambiental. Este resumo apresenta os resultados do diagnóstico de situação das águas superficiais da EERP, para subsidiar o seu plano de manejo que se encontra em elaboração.

METODOLOGIA:
A EERP está localizada na bacia hidrográfica do rio Pardo, definida como Unidade Hidrográfica de Gerenciamento de Recursos Hídricos 4. A estação, com 154,16 ha, tem 57% de sua área inserida na microbacia do córrego da Serraria, com 2.618 ha. Os 43% restantes (253 ha) fazem parte da microbacia do córrego do Horto. Ambas são sub-bacias do ribeirão Preto onde predominam atividades agropastoris. Estes dois cursos d’água cortam a estação em pequenos trechos. O diagnóstico das águas superficiais foi realizado a partir de duas campanhas ao campo, quando foram selecionados 9 pontos da rede de drenagem da UC e de seu entorno. Nas duas ocasiões foram realizadas análises das águas nos pontos preestabelecidos. Foram feitas medições da turbidez, da cor aparente, da condutividade elétrica, do pH, do teor de oxigênio dissolvido e da temperatura. Na segunda incursão ao campo, foram feitas coletas adicionais de amostras de água em três pontos para realização de análises de características físicas, químicas e bacteriológicas pela UNAERP. Para se conhecer a disponibilidade hídrica do principal curso d’água da EERP utilizou-se metodologia desenvolvida pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE para estimar a “vazão mínima anual de sete dias consecutivos e período de retorno de dez anos (Q7,10)”.

RESULTADOS:
As águas superficiais da EERP e de seu entorno apresentaram condutividade elétrica variando de 17,7 µS.cm-1 a 106,1 µS.cm-1. Em dois pontos de amostragem os valores de condutividade foram superiores a 100 µS.cm-1, níveis estes que, segundo a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo, podem indicar ambientes impactados. Os sólidos em suspensão na água e a turbidez mostraram-se pouco expressivos. Os níveis de oxigenação das águas são considerados bons, superiores a 5,0 mg.L-1. As boas condições de oxigenação indicam não haver poluição orgânica significativa dos corpos d’água, fato corroborado pelas reduzidas DBO e DQO. Porém, as águas do ribeirão Preto, onde foram detectadas as maiores concentrações destas duas características, apresentam, em níveis não comprometedores, indícios de contaminação por esgotos domésticos não-tratados e, possivelmente, efluentes rurais, pois as análises acusaram também as maiores quantidades de coliformes fecais, cloreto e nitrato. O pH da água variou entre 6,08 a 7,96, uma faixa considerada adequada para águas superficiais naturais. A vazão mínima anual de sete dias consecutivos e período de retorno de 10 anos (Q7,10) do córrego da Serraria foi estimada em 69,0 L/s.

CONCLUSÕES:
Durante as campanhas de campo, os cursos d´água não apresentaram níveis comprometedores em suas características físicas, químicas e biológicas. Embora esses dados tenham sido suficientes para o diagnóstico preliminar para elaboração do plano de manejo, é importante a realização de estudos mais aprofundados de qualidade da água, de modo a se avaliar os possíveis impactos das atividades antrópicas desenvolvidas no entorno sobre a UC. A disponibilidade hídrica calculada pelo método Q7,10 indica que mesmo numa situação de estiagem severa, o córrego da Serraria apresenta condições para atender a demanda de água pela estação e seu entorno. Os cursos d’ água que influenciam diretamente a EERP são os córregos da Serraria e do Horto. Desta forma, os mesmos devem ser incluídos na zona de amortecimento da UC.

Instituição de fomento: Fundação do Desenvolvimento Administrativo - FUNDAP

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  plano de manejo, qualidade da água, produção de água

E-mail para contato: li_2908@hotmail.com