60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia

PERSPECTIVA DE VIDA DAS CRIANÇAS ABRIGADAS NA CIDADE DE MATIPÓ: ESTUDO DE CASO AMAR

Vânia Chaves de Abreu1
Andréia Maria Gardingo Dornelas1
Vanessa Queiroz Teixeira1
Rita de Cássia Ferreira Pedrosa Lazaroni2
Leandro Moreira Pedroso3

1. Graduanda em Administração - Vértice
2. Profa. Esp. - Sociologia - Vértice - Orientadora
3. Graduando em Administração - Vértice


INTRODUÇÃO:
A violência tem sido objeto de atenção de sociólogos, psicólogos e cientistas políticos desejosos de compreender a ampliação do fenômeno. É indiscutível que o mundo está passando por um intenso período de mudanças em todas as direções, principalmente quanto à questão da violência e quanto ao número excessivo de crianças abandonadas ou carentes (com família, mas sem condições de sustento) levando assim a distorções difíceis de reverter. Se estas crianças sofrem influências antagônicas quanto a suas perspectivas futuras, deve-se então ressaltar a importância do estudo para avaliar as corretas condições de ambientação.

METODOLOGIA:
O método utilizado trata-se de um questionário social, puro e exploratório na qual se analisou um estudo de caso específico, a Associação Matipoense de Amparo e Reintegração. O estudo contou com a participação dos abrigados do AMAR, assim como de seus dirigentes. A pesquisa visou através de coleta de dados e informações obtidas, desenvolver uma descoberta a cerca da perspectiva de vida dos abrigados. Foi questionado nível de escolaridade, condições de habitação e fenômenos sociais que ocorreram para o ingresso destas crianças neste ambiente de acolhimento, para que o estudo obtivesse uma maior abrangência. Contou-se também com o envolvimento da direção do projeto e com uma observação pessoal realizada pelos pesquisadores.

RESULTADOS:
O ambiente pesquisado conta com a participação de 17 crianças, que estão abrigadas por coerção legal e, portanto, não podem sair com freqüência do ambiente em que vivem. A presente determinação é realizada pela justiça. Essas crianças detêm idéias diferenciadas, visto um histórico familiar de repressão, maus tratos, pais ausentes, violência sexual entre outros, que influenciam em sua conduta inicial de vida. A pesquisa realizada demonstrou que apesar do sofrimento dessas crianças, tanto relacionado a ausência de um lar, quanto aos acontecimentos desfavoráveis em suas vidas, as mesmas detém sonhos, como por exemplo em relação as suas profissões. Dentre 12 crianças questionadas, 7 tem como desejo a profissão de professor, 2 jogadores de futebol, 2 policiais e 1 juíza. É importante ressaltar que o número considerável para a profissão de professor se deve principalmente a sensibilização em relação à importância do professor em suas vidas. Já a opção por ser policial, se deve principalmente ao fato de terem seus pais presos. Os que desejam ser jogadores de futebol se prendem muito aos ídolos que estão na mídia, mas apresentam deficiência para os estudos. Apenas uma tem a pretensão de ser juíza e sua escolha se deve ao triste fato de ter sofrido violência sexual, o que demonstra uma forma de justiça. Portanto, o que se percebe é uma realidade sofrida, entretanto ainda muito esperançosa na vida. Os administradores desse local já perceberam uma necessidade de apoio e se valem de atitudes como estudo e alimentação, embora dependam ainda de algumas outras iniciativas como, leitura, aprendizado externo, diversão, entre outros.

CONCLUSÕES:
Verifica-se que valores não são coisas, mas resultam das relações que seres humanos estabelecem entre si e com o mundo em que vivem. Por isso os valores são em partes herdados da cultura e nossa primeira compreensão da realidade se funda no solo dos valores da comunidade a que pertencemos. Esses fatos fazem concluir que tais experiências variam conforme a diversidade do ambiente em que se vive ou se viveu. Em breve percurso feito até aqui, percebe-se que a liberdade de escolha no caso dos abrigados é complexo, existe contradições irreconciliáveis entre dois pólos, como o social e o pessoal. Infelizmente, um ponto que não deixa de nos causar perplexidade é o fato de que embora as crianças demonstrem, apesar das dificuldades, ainda algumas perspectivas, as mesmas são limitadas, impedindo com isso o desenvolvimento dos abrigados. Para tanto é importante que todas as pessoas se conscientizem de que essas crianças são o futuro de um país, e, portanto, devem ter a possibilidade de perspectivas melhores, para que com isso a relação sociedade – indivíduo esteja mais consolidada.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Realidade social, Crianças abrigadas, Perspectiva de vida

E-mail para contato: vaniamatipo@hotmail.com