60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

A arquitetura aliada à bioclimatologia, integrando o edifício ao meio ambiente, aumenta a qualidade de vida do ser humano, promove o conforto ambiental e o menor consumo de energia. Mato Grosso situa-se na região tropical, onde o verão é quente e chuvoso e o inverno é quente e seco. A cidade de Cuiabá caracteriza-se por apresentar dois períodos bem definidos: um seco que vai de abril a outubro e outro úmido de novembro a março onde concentra 80% das chuvas. A cidade possui pequena amplitude térmica, exceto em fenômenos de friagem, temperatura média anual de 26,8°C, com média máxima de 42°C e média mínima de 15°C, umidade relativa do ar média de 78% e insolação total média de 2.179 horas (INMET, 2003) apud (LEÃO, 2006). Este trabalho tem como objetivo geral desenvolver um estudo de verificação da eficiência em relação ao desempenho térmico em casas do padrão de habitações populares edificadas em Cuiabá-MT. Para atingir tal objetivo são necessários alguns objetivos específicos, tais como: a escolha da habitação popular a ser estudada; a definição das estações climáticas para a cidade de Cuiabá-MT; a análise comparativa dos resultados obtidos durante as medições “in loco” e do desempenho térmico; e a avaliação dos resultados de acordo com o partido arquitetônico adotado. Desta forma será possível a proposição de melhores condições de conforto térmico acompanhada de uma possível redução dos índices de consumo de energia elétrica pela edificação.

METODOLOGIA:

Para a realização das medições foi escolhida uma casa de habitação popular no bairro Morada do Ouro, em Cuiabá. O cômodo utilizado foi a sala, que abriga os ambientes de televisão e jantar, dividida apenas por móveis. Ele apresenta fechamentos verticais em alvenaria, forro de PVC, cobertura em telha cerâmica, piso de revestimento cerâmico, e duas janelas de correr. O principal aspecto analisado foi o do comportamento térmico do ambiente de estudo em relação à ação das variáveis climáticas, das mudanças de estações e da própria edificação. Para a realização das medições foram utilizados o anemômetro giratório, para a medição da ventilação; o termômetro digital de globo, para as temperaturas; o radiômetro infravermelho com mira laser digital portátil, para temperaturas radiantes; e o psicrômetro em abrigo para a temperatura de bulbo seco no exterior da casa. A coleta de dados foi feita no período diurno, sendo o mais crítico para o desempenho térmico. Diariamente, foram realizadas medições horárias, das 8h às 17h, totalizando 10 horas por dia. Os dados coletados foram registrados manualmente pelos pesquisadores. O período das medições foi caracterizado pelo intervalo de 15 dias consecutivos, nas quatro estações climáticas: primavera (30/11/2006 a 14/12/06), verão (02/02/2007 a 16/02/2007), outono (14/05/2007 a 28/05/2007) e inverno (25/06/2007 a 09/07/2007). Após o levantamento foram feitas tabelas e gráficos para a realização de uma análise a respeito do comportamento da temperatura e da ventilação na edificação.

RESULTADOS:

Para a coleta de dados da temperatura de bulbo seco foram utilizados um termômetro digital de globo, no centro da sala, e um psicrômetro em abrigo, no exterior da casa. Comparando os dados do interior e do exterior, verificamos que na primavera e no verão os valores obtidos foram muito parecidos, indicando grande equilíbrio térmico. Isso mostra que o ambiente estudado não ameniza as condições de temperatura externa nas estações mais críticas, apesar dos fechamentos e proteções que possui, como varanda, alvenaria e cobertura. Para as medições com o radiômetro foram escolhidos quatro pontos, um no centro de cada parede, medindo a temperatura interna e externa. Verificou-se que no início do dia, principalmente no outono e inverno, as temperaturas da superfície eram mais altas no interior da sala, mostrando que o resfriamento durante a noite foi insuficiente, já que Cuiabá é muito quente e esse comportamento seria o desejado. Analisando as variações do piso e do forro verificou-se as maiores amplitudes térmicas no forro, já que o telhado está mais sujeito às intempéries e pode sofrer maiores variações devido ao seu material. Os pontos escolhidos para as medições com o anemômetro foram as janelas, a porta de entrada e a porta que leva à cozinha. Para todas as aberturas destaca-se a variação na intensidade do vento, que foi maior nas horas mais quentes. Os valores de velocidade do vento mais elevados foram obtidos no ponto de entrada, o que pode indicar uma boa orientação com relação aos ventos predominantes, ocasionando a ventilação cruzada com a saída do vento pela porta da cozinha.

CONCLUSÕES:

O conforto térmico expressando a satisfação do homem no meio em que vive é resultado do comportamento da arquitetura que o forma, e do bom funcionamento de suas aberturas. O conforto térmico e a ventilação são de extrema importância nos ambientes, proporcionando melhor qualidade de vida, produção no trabalho, e também a higiene com a renovação do ar. Para analisar as questões de conforto, foi escolhida uma casa situada no bairro Morada do Ouro em Cuiabá-MT, nas diferentes estações do ano (primavera, verão, outono e inverno). Comparando os dados de temperatura, radiação e ventilação obtidos com a pesquisa, constatou-se que a planta, o número de aberturas e a localização do cômodo estudado proporciona bons resultados de ventilação, quando a estação climática permite, e que da mesma forma que recebe o calor do meio externo, não tem muita dificuldade para liberá-lo. A sensação térmica é melhorada principalmente quando ocorre a renovação do ar. Verificou-se que, dentre os principais resultados concebidos ao longo do desenvolvimento deste estudo, os objetivos inicialmente estabelecidos foram alcançados. Surge também a necessidade da continuidade dessa pesquisa, de forma a abranger todos os aspectos do conforto ambiental, visando o melhor desempenho da habitação.

Instituição de fomento: CNPq / UFMT

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: Conforto ambiental, velocidade do vento, habitações populares

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