60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 1. Biologia e Fisiologia dos Microorganismos

PERFIL DE SENSIBILIDADE DE ISOLADOS AMBIENTAIS E CLÍNICOS DE CRYPTOCOCCUS NEOFORMANS E CRYPTOCOCCUS GATTII EM SERGIPE

Erick de Oliveira Carvalho1
Bruno Fernandes de O. Santos1
Antonio Marcio Barbosa Junior3
Maria Aparecida de Resende4

1. LMA/DMO/UFS – Acadêmico de Medicina, Bolsista PIBIC/CNPq
2. LMA/DMO/UFS – Acadêmico de Medicina, Bolsista PIBIC/CNPq
3. ICB/UFMG – Doutorando em microbiologia
4. ICB/UFMG – colaboradora
5. LMA/DMO/UFS – Orientadora


INTRODUÇÃO:
Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii são fungos encapsulados leveduriformes, patógenos oportunistas que causam criptococose e/ou meningite criptocócica no ser humano e em animais. Estas leveduras são encontradas em fezes de aves, principalmente pombo, e em material de origem vegetal em decomposição. Os basidiósporos presentes nesses nichos são dispersos no ar e podem atingir os pulmões iniciando a patogenia. A terapia antifúngica vem perdendo paulatinamente a sua eficácia devido ao surgimento de novas linhagens fúngica resistentes as atuais drogas utilizadas no tratamento, possivelmente relacionado ao uso indiscriminado das mesmas. Em virtude disso, esse trabalho objetivou realizar o perfil de sensibilidade de isolados clínicos e ambientais de C. neoformans e C. gattii em Sergipe.

METODOLOGIA:
Para a realização dos experimentos foi utilizado o protocolo do CLSI (2005). Foram analisados os antifúngicos: anfotericina B (ANF), fluconazol (FLZ), voriconazol (VRZ) e itraconazol (ITZ), com a utilização do caldo RPMI + MOPS, obtendo-se 12 concentrações finais: 64; 32; 16; 8; 4; 2; 1; 0,5; 0,25; 0,125; 0,062; 0,031 µg/mL. Foram utilizadas 18 amostras clínicas, sendo 12 C. neoformans e 6 C. gattii, 19 amostras ambientais de C. neoformans e uma amostra padrão ATCC 28958. Foi preparada uma suspensão de células leveduriformes com salina estéril, cuja concentração variou de 0,5 a 2,5x103 UFC/mL. O experimento foi realizado em duplicata em placas de microtitulação. Para padronizar o CIM (Concentração Inibitória Mínima), foi realizado um controle positivo – suspensão celular 2X mais caldo RPMI + MOPS sem a droga, um controle negativo – caldo mais a droga (160 µg/mL) e um controle do diluente – caldo mais DMSO. Após a inoculação, as placas foram incubadas a 35ºC ± 3ºC e as leituras foram realizadas em 48 e 72 h. Após isso, 100µL foram retirados de cada orifício das microplacas, com inibição visível de crescimento, inclusive a CIM e semeados em placas de Petri contendo ASD e espalhados assepticamente. As placas foram incubadas à 35º ± 3ºC e as leituras da concentração fungicida mínima (CFM) foram realizadas após 48 e 72 h de cultivo. A leitura foi baseada na contagem de colônias típicas de C neoformans e C gattii. A concentração fungicida mínima foi considerada a menor concentração na qual não se obteve crescimento nas placas.

RESULTADOS:
As faixas de CIM, o MIC50 e o MIC90 das amostras clínicas foram, respectivamente, os seguintes: FLZ, 8 a > 64µg/mL, 32µg/mL, 32µg/mL; ITZ, 0,12 a > 64µg/mL, 2µg/mL, 32µg/mL; VRZ, 0,5 a 32µg/mL, 8µg/mL, 16µg/mL; ANF, 0,25 a 8µg/mL, 1µg/mL, 8µg/mL. Em relação às amostras resistentes, 5,5% ao FLZ, 94,5% ao ITZ e ao VRZ, 44,5% à ANF. A faixa de CFM encontrada foi: FLZ 16–>64; ITZ 0,25–64; VRZ 4–64; ANF 2–32. As faixas de CIM, o MIC50 e o MIC90 das amostras ambientais foram, respectivamente, os seguintes: FLZ, 8 a 32µg/mL, 16µg/mL, 32µg/mL; ITZ, 0,5 a 2µg/mL, 2µg/mL, 2µg/mL; VRZ, 2 a 8µg/mL, 2µg/mL, 8µg/mL; ANF, 0,5 a 8µg/mL, 2µg/mL, 8µg/mL. Em relação às amostras resistentes, 84% ao ITZ, 100% ao VRZ, 66,7% à ANF. Todas as amostras mostraram-se sensíveis ao FLZ. A faixa de CFM encontrada foi: FLZ 32–>64; ITZ 4–64; VRZ 4–64; ANF 4–16. Comparando as amostras clínicas frente às ambientais, encontra-se um padrão de certa forma semelhante, entretanto com maior número de linhagens resistentes nas amostras clínicas.

CONCLUSÕES:
Com o presente trabalho, realizado no Estado de Sergipe, pode-se concluir que os isolados clínicos de Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii mostraram-se, na grande maioria, resistentes ao itraconazol e voriconazol, aproximadamente metade das amostras são resistentes à anfotericina, em relação ao fluconazol a maioria das linhagens clínica foi sensível. Os isolados ambientais de Cryptococcus neoformans foram todas sensíveis ao fluconazol e, aproximadamente, a metade em relação à anfotericina, mas a maioria resistente frente ao itraconazol e todas as amostras foram resistentes para voriconazol. Em relação aos resultados obtidos, as amostras clínicas apresentam um padrão de resistência discretamente maior que as ambientais. O antifúngico que teve maior atividade in vitro foi o fluconazol, em seguida a anfotericina B. Entretanto, o itraconazol e o voriconazol não mostraram uma atividade satisfatória in vitro. Entretanto, vale ressaltar que nem sempre os testes in vitro possuem uma correlação prática com a administração dos antifúngicos in vivo.

Instituição de fomento: CnPq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Cryptococcus neoformans, Cryptococcus gattii, Perfil de sensibilidade

E-mail para contato: erickocarvalho@hotmail.com