60ª Reunião Anual da SBPC




A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física

USO E COBERTURA DO SOLO NAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NA BACIA DO ARROIO PEDRINHO, BENTO GONÇALVES, RS

Jonas Rossatto1, 2
Ivanira Falcade7, 3, 2
Siclério Ahlert6, 5, 2

1. Acadêmico em Geografia
2. UCS
3. DHIG
5. DECH
6. Professor Msc. pesquisador
7. Professora Msc. pesquisadora


INTRODUÇÃO:
A preocupação pela preservação da vegetação original é crescente, inclusive com as margens dos cursos d’água. A evolução dos temas relativos à proteção ao ambiente natural deu origem às Áreas de Preservação Permanente – APP’s, que diminuem a ação erosiva e a lixiviação dos solos, ajudando na redução do assoreamento dos cursos dágua e preservando a fauna local. Contudo, boa parte das áreas que deveriam ser preservadas é explorada e, muitas vezes, degradada continuamente. A mobilização de autoridades e órgãos competentes, juntamente com a população local, deve ajudar a preservar a vegetação presente nas APPs. Este trabalho tem como objetivo delimitar a bacia do arroio Pedrinho, localizada no município de Bento Gonçalves (RS) e identificar o uso e cobertura do solo nas APPs, avaliando o nível de preservação da vegetação natural, através do uso das técnicas de sensoriamento remoto aliados aos Sistemas de Informação Geográfica (SIGs). O trabalho é importante, pois pode subsidiar decisões públicas e privadas que visem minimizar os efeitos do intenso uso do solo (agrícola e urbano-industrial) e evitar a degradação das condições ambientais do município.

METODOLOGIA:
Para o desenvolvimento deste trabalho foram utilizadas imagens do satélite CBERS 2, sensor CCD (INPE); a carta planialtimétrica de Bento Gonçalves, da qual foi digitalizado o sistema hídrico em tela; as curvas de nível em meio digital e os programas CartaLinx e Idrisi, versão 32. Após a carta ser georreferenciada no CartaLinx e a bacia hidrográfica do arroio Pedrinho delimitada, a imagem foi georreferenciada através da coleta de 14 pontos de controle que coincidiam na imagem e na carta topográfica. A classificação da imagem foi realizada através da interpretação visual do comportamento espectral das unidades que compõem a paisagem e, de forma supervisionada, utilizando o algoritmo de Máxima Verossimilhança onde foram selecionadas amostras de treinamento das classes de uso e cobertura do solo. Considerou-se APP’s aquelas situadas até 30 metros da margem do arroio Pedrinho, nascentes e reservatórios artificiais e aquelas de declividade superior a 30% na zona urbana e a 45% na zona rural. Estas informações geraram mapas que, cruzados, geraram o mapa de uso e cobertura do solo nas Áreas de Preservação Permanente.

RESULTADOS:
A bacia do arroio Pedrinho tem uma área de 14.711,28 ha e é constituída por um sistema hídrico de 4ª. ordem que deságua no Rio das Antas, localizada no município de Bento Gonçalves (RS), incluindo parte das regiões conhecidas por Vale dos Vinhedos e a Vale Aurora, respectivamente, a montante e a jusante da bacia. Atualmente, a cultura predominante é a da videira, introduzida pelos imigrantes italianos a partir de 1875. Boa parte das encostas dos vales encontra-se revestidas de videiras cultivadas em pequenas áreas, geralmente sustentadas por plátanos, o que confere um desenho particular à paisagem. Os resultados mostram que 38% das APPs da bacia são utilizadas para a agricultura, principalmente à oeste, no eixo noroeste/sudoeste e 6,4% é área urbana, a maior parte localizada nos topos no eixo leste/sul. Pouco mais da metade das APPs (55,5%) é de mata e mata secundária no entorno dos rios e açudes. Além dos resultados obtidos em gabinete, estes foram verificados em campo comprovando a falta de vegetação no entorno dos recursos hídricos. O longo tempo com intenso uso do solo, anterior à legislação, pode ter acarretado prejuízos ambientais, como erosão do solo e assoreamento do sistema hídrico, além de desmoronamentos de encostas.

CONCLUSÕES:
A utilização de técnicas de sensoriamento remoto e SIG para a delimitação do uso e cobertura do solo mostraram ser boa ferramenta para a avaliação do estado de conservação da Área de Preservação Permanente da bacia do arroio Pedrinho. O mapeamento evidenciou que quase metade da área que deveria estar preservada não atende à legislação, pois tem outros usos, como nas áreas de elevada declividade do Vale Aurora ou nas margens do sistema hídrico do Vale dos Vinhedos. Muito embora seja importante respeitar o centenário uso vitícola e a sobrevivência dos pequenos produtores, é importante que os órgãos competentes tomem providências para implementar a legislação para a preservação da flora e da fauna da APP’s do arroio Pedrinho, tão importantes no equilíbrio ambiental.

Instituição de fomento: COREDE SERRA (RS) - Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado do Rio Grande do Sul / UCS / Embrapa Uva e Vinho.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Áreas de preservação permanente, Arroio Pedrinho, sensoriamento remoto

E-mail para contato: jorossatto@yahoo.com.br