60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia

AVALIAÇÃO DE TRATAMENTOS ALTERNATIVOS PARA CONTROLE DE PODRIDÕES EM BERGAMOTAS

Liege Cunha dos Santos1
Ligia Loss Schwarz1
Cândida Raquel Scherrer Montero1
Renar Joao Bender1, 2

1. Laboratório de Pós-Colheita - Departamento de Horticultura e Silvicultura, Facul
2. Professor Adjunto, Departamento de Horticultura e Silvicultura, orientador.


INTRODUÇÃO:
O Brasil apresenta altos níveis de perdas pós-colheita, sendo que, segundo estimativas, entre 30 a 40% da produção anual das frutas e hortaliças deixam de ser consumidas no país devido às perdas (FNP Consultoria & Comércio, 2000). As podridões limitam a vida pós-colheita das frutas cítricas. As regiões produtoras de citros contabilizam grandes perdas pós-colheita ocasionadas por fungos do gênero Penicillium. A aplicação de fungicidas tem sido a forma mais usual de controle, porém é crescente a demanda para substituição de agroquímicos. Em atendimento a esta demanda objetivou-se no presente trabalho avaliar a eficiência de tratamentos alternativos no controle de podridões em bergamotas.

METODOLOGIA:
O experimento foi conduzido no laboratório de Pós-Colheita da Faculdade de Agronomia. Em um delineamento experimental inteiramente casualizado e médias comparadas pelo teste de Duncan (p<0, 05) foram aplicados cinco tratamentos com 4 repetições de 25 frutos por unidade experimental: T1) testemunha – sem aplicação de tratamento ; T2) calor por aspersão a 60°C por 30s em protótipo máquina classificadora + uso de escovas; T3) imersão em solução de dióxido de cloro (2mL deClO2/L) a 25ºC por 3min; T4) imersão em solução de a 3% NaHCO3 (bicarbonato de sódio) a 58°C por 30s; e T5) imersão em solução de 0,2% de imazalil (fungicida com registro para uso em pós-colheita) a 25ºC por 1min. Os frutos foram armazenados 28 dias a 5°C + 10 dias a 25°C. Realizaram-se análises de perda de massa fresca (diferença de pesos de início e fim da armazenagem); de sólidos solúveis totais com uso de refratômetro de mesa; de acidez total titulável feita por titulação até pH 8,1com NaOH 0,1 N de 10 mL de suco + 90 mL de água destilada; de cor de cobertura pelo uso do medidor de cores Minolta, CR400, determinada em 3 pontos da região equatorial dos frutos; e incidência de podridões por análise visual e contagem do número de bergamotas com sinais de fungos.

RESULTADOS:
A combinação da aplicação de calor (58 ºC) por imersão contendo 3% de bicarbonato de sódio resultou em maior número de frutos com podridão em comparação aos demais métodos alternativos avaliados. Nas tangerinas deste tratamento foi observado um bronzeamento mais acentuado o qual pode derivar da ação do calor em sinergia com a concentração de bicarbonato sobre a epiderme das bergamotas. Este efeito combinado pode ter acelerado o processo de senescência da casca destas tangerinas aumentando, consequentemente, a susceptibilidade ao ataque de patógenos. Os frutos deste tratamento apresentaram valores significativamente menores de brilho e croma da epiderme comprometendo a sua qualidade visual. Os teores de sólidos solúveis totais e de acidez titulavel das bergamotas deste tratamento também foram significativamente menores. Os demais tratamentos aplicados na cv. Lee foram similares à testemunha tanto no número de frutos com podridões quanto na perda de massa fresca.

CONCLUSÕES:
Os resultados negativos encontrados no tratamento com bicarbonato de sódio mais calor indicam que tratamentos alternativos devem ser delineados para cada cultivar uma vez que esta combinação bicarbonato e calor mostrou-se promissora em estudos realizados com outras espécies e cultivares de citros. Para a tangerina cv. Lee a aplicação de carbonato de sódio em combinação com calor nas condições testadas resultou em dano visual nos frutos, causando uma significativa perda de qualidade. O calor aliado a escovação e a aplicação de dióxido de cloro atuam no controle da incidência de podridões tanto quanto o tratamento com fungicida (imazalil) neste experimento. Desta forma, estes tratamentos se mostram promissores e devem continuar a ser testados a fim de otimizar a técnica e posteriormente ser recomendados na conservação pós-colheita de frutos cítricos.

Instituição de fomento: BIC/CNPq-UFRGS

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Conservação pós-colheita, termoterapia, Citrus reticulata cv. Lee

E-mail para contato: liegesantos@ibest.com.br