60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 4. Odontologia - 10. Odontologia

EFEITOS DA FLUOXETINA (PROZAC®) E DA PILOCARPINA SOBRE GLÂNDULAS PARÓTIDAS DE RATOS. ANÁLISES HISTOMORFOMÉTRICA E SIALOMÉTRICA.

Mirian Vanessa Zaclikevis1
Anna Clara D’Agulham1
Silvana da Silva2
Ana Maria Trindade Grégio3
Sérgio Aparecido Ignácio3
Luciana Reis de Azevedo3

1. Bolsista do Programa PIBIC/CNPq, Curso de Odontologia, PUCPR
2. Aluna da pós-graduação, nível Mestrado, Curso de Odontologia, PUCPR
3. Prof. Dr. do Curso de Odontologia, PUCPR


INTRODUÇÃO:
Os antidepressivos causam alterações qualitativas e/ou quantitativas na produção de saliva humana. Houve uma evolução na seletividade dos antidepressivos com o tempo, priorizando diminuição dos efeitos colaterais. No entanto, ainda pouco se sabe sobre o verdadeiro mecanismo de ação destas drogas sobre glândulas salivares; sua ação anticolinérgica pode estar relacionada à afinidade aos receptores adrenérgicos glandulares e à redução do influxo colinérgico e simpático ao sistema nervoso central. Embora sejam consideradas drogas seguras, os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), como a fluoxetina, apresentam efeitos colaterais, dentre eles a boca seca. A pilocarpina é uma droga parassimpatomimética que age no sistema nervoso autônomo parassimpático. Por apresentar ação sialogoga, a pilocarpina é indicada para o tratamento da hipossalivação. Os objetivos do trabalho foram: estabelecer um modelo de hipossalivação em ratos induzido pelo tratamento crônico com fluoxetina (Prozac®); estudar, por histomorfometria, a ação da pilocarpina sobre as glândulas parótidas de ratos tratados cronicamente com Prozac®; mensurar o fluxo salivar estimulado (FSE) destes ratos, assim como avaliar a ação secretagôga da pilocarpina sobre este fluxo.

METODOLOGIA:
Amostra consistiu de 60 ratos machos Wistar, divididos em 6 grupos de 10 animais. Grupo C60 recebeu 0,1 mL de salina via intraperitoneal por 60 dias. Grupo C30 recebeu 0,1 mL de salina por 30 dias. Grupo PILO60 recebeu 60 dias de PILO 1% 0,05 mL. Grupo P30 foi tratado com 20 mg/kg de Prozac® por 30 dias. Grupo PS recebeu 20 mg/kg de Prozac® por 30 dias e 0,1 mL de salina por mais 30 dias, totalizando 60 dias de tratamento. Grupo PP recebeu 20 mg/kg de Prozac® por 60 dias, sendo que nos últimos 30 houve administração simultânea de 0,05 mL de PILO. Coleta de saliva foi realizada 30 horas após fim do tratamento, obtendo-se FSE. Sessenta dias após o início do tratamento, os animais foram sacrificados e as glândulas parótidas, removidas. A massa glandular removida foi mensurada, obtendo-se tamanho (T) e peso (P). Os espécimes foram processados no laboratório de Patologia Experimental da PUCPR, e as lâminas coradas por H.E. As lâminas foram analisadas com o software IMAGE PRO PLUS versão 4.5 for windows e a análise estereológica revelou volume celular (VC). Os testes de Kolmogorov-Smirnov e Levene verificaram normalidade e homogeneidade de variâncias. ANOVA detectou se havia diferença entre médias dos valores dos grupos. Quando ANOVA acusou diferença, foi utilizado o teste de Tukey HSD para as variáveis com homogeneidade de variâncias. O teste t de Student comparou as médias dos valores dos grupos tratados por 30 dias. Foi aplicado nível de significância de 5 % (p<0,05).

RESULTADOS:
Nos grupos tratados por 30 dias, houve diferença estatisticamente significante para as variáveis T (p=0,001), P (p=0,014) e FSE (p=0,001). O grupo P30 obteve as maiores médias de T e P. Os valores médios de FSE para os grupos C30 e P30 foram 0,051 e 0,013mL/min, respectivamente. Houve diferença estatisticamente significante entre grupos para P (p=0,004) e FSE (p= 0,008). Quanto a P, houve diferença entre: Pilo60 e PP (p=0,024); PS e PP (p=0,012). Para FSE, houve diferença estatisticamente significante entre: Pilo60 e PS (p=0,025); Pilo60 e PP (p=0,013). Esta investigação estudou o potencial xerostômico do Prozac®, verificando o FSE de ratos tratados cronicamente. Houve diminuição significativa do FSE dos ratos de PS e P30 quando comparados a C30 e C60. Neste estudo, foi observada a capacidade secretagoga da pilocarpina, pelo aumento do FSE no Pilo60 quando comparado ao C60. O P das glândulas no PS foi maior se comparado a C60 e Pilo 60. Os animais do grupo P30 apresentaram T e P das glândulas estatisticamente maiores que C30. Vale especular que a glândula salivar destes animais tornou-se aumentada provavelmente pela retenção de saliva no interior das células acinares, confirmada pelo FSE diminuído. Quando comparados os grupos tratados por 60 dias, observa-se aumento do VC no PS, porém sem diferença estatística. Nos grupos tratados por 30 dias, o P30 exibiu diminuição de VC quando comparado ao C30. Talvez isto demonstre a nova geração dos antidepressivos, com menor ação anticolinérgica e menos efeitos colaterais.

CONCLUSÕES:
Conclui-se que o tratamento crônico com Prozac® provocou diminuição do FSE, comprovando seu efeito anticolinérgico; a pilocarpina foi capaz de aumentar o FSE, comprovando sua capacidade agonista colinérgica; o tratamento com Prozac® durante 30 dias provocou aumento do VC.

Instituição de fomento: CNPq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Hipossalivação, Pilocarpina, Antidepressivo

E-mail para contato: mizaclikevis@hotmail.com