60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 4. Odontologia - 8. Periodontia

ANÁLISE DA ASSOCIAÇÃO DO POLIMORFISMO IL1B (C+3954T) COM A PERDA DE IMPLANTES DENTAIS OSSEOINTEGRÁVEIS

Marcos Luciano Lopes Sakurai1
Claudia Cristina Montes1
Fabiano Alvim Pereira1
Bruno Borges de Castilhos1
Paula Cristina Trevilatto1, 2

1. Pontifícia Universidade Católica do Paraná
2. Profa. Dra. Orientadora


INTRODUÇÃO:
Atualmente, os implantes dentais osseointegráveis têm sido considerados a melhor opção para o tratamento da perda dental. Apesar do alto índice de sucesso, falhas podem ocorrer e podem estar relacionadas à incapacidade do hospedeiro em estabelecer ou manter a osseointegração. A falha de implantes osseointegráveis é um processo complexo e multifatorial. Fatores clínicos sozinhos parecem não explicar totalmente o processo de perda de implantes. Essas observações, juntamente com a ocorrência do fenômeno de clusterização, no qual alguns pacientes sofrem múltiplas perdas, aponta para a evidência de que características individuais têm um papel importante na falha da osseointegração. As interleucinas são mediadoras-chave do processo inflamatórios. Essas citocinas modulam a degradação de componentes da matriz extracelular de tecidos, como o ósseo. Polimorfismos nos genes que codificam citocinas inflamatórias podem alterar sua taxa de expressão, potencializando sua ação, e influenciar na perda de implantes. Entretanto, pouco se sabe sobre a influência genética na susceptibilidade à perda de implantes dentais osseointegráveis. Os objetivos deste estudo foram: identificar fatores clínicos que levaram à perda de implantes dentais em pacientes tratados no Instituto Latino Americano de Pesquisa e Ensino em Odontologia (ILAPEO) e, investigar a associação entre o polimorfismo no gene do mediador inflamatório IL1B (+3954) e a perda de implantes dentais osseointegráveis.

METODOLOGIA:
Foi realizada uma análise retrospectiva em todos os 3.578 prontuários de pacientes atendidos no ILAPEO, no período de 1996 a 2006, juntamente com radiografias panorâmicas e periapicais. A perda de implantes ocorreu em 3,5% (126/3.578) dos pacientes. Foram detectadas as principais causas de perda de implantes nestes pacientes, sendo que 75% das perdas não apresentaram causa clínica aparente. Posteriormente, foram selecionados 266 pacientes, divididos em: Grupo Controle (C), 176 indivíduos com pelo menos um implante em função por no mínimo seis meses e Grupo Teste (T), 90 indivíduos com perda de ao menos um implante. O perfil socioeconômico, estado médico geral, parâmetros de higiene bucal e aspectos clínicos, como número de dentes presentes e a condição periodontal, foram avaliados. Para a análise dos polimorfismos genéticos, o DNA dos pacientes foi obtido a partir de um bochecho com solução de glicose a 3%, seguido de raspagem da mucosa jugal. Após a purificação do DNA, os fragmentos foram amplificados por PCR, e os polimorfismos investigados por enzima de restrição [RFLP IL1B (C+3954T)], seguidos de eletroforese em gel de agarose a 1,8%.

RESULTADOS:
Observou-se que homens apresentaram mais perdas de implantes, que ocorreu preferencialmente em região posterior de mandíbula. O grupo C apresentou maior porcentagem de edentulismo (34/176; 19,3%) quando comparado com o grupo T (7/90; 7,78%) (p=0,019). O reservatório bacteriano nos dentes restantes pode ser considerado um fator de risco para perda de implantes. Pacientes totalmente edêntulos mostraram maior número de perda de implantes. No entanto, pacientes parcialmente edêntulos, no grupo C (20,4 ± 6,3) apresentaram uma média maior de número de dentes presentes do que no grupo T (18,4 ± 7,0) (p=0,038). Implantes podem ser mantidos, em função da distribuição de forças mastigatórias favoráveis, juntamente com condições anatômicas adequadas. O exame periodontal não mostrou resultado estatisticamente significante entre os grupos para: mobilidade dental, nível de inserção clínica, e índices de placa, gengival e de cálculo. Maior profundidade de bolsa foi encontrada no grupo C, mas a diferença de 0,18 mm entre os grupos não pode ser considerada clinicamente relevante. A maioria das perdas foi precoce (80,4%), apontando para falhas da resposta do hospedeiro durante a cicatrização. O polimorfismo IL1B (+3954) apresentou-se em equilíbrio de Hardy-Weinberg e não foi associado com a perda de implantes dentais osseointegráveis na população estudada. A significância das diferenças nas freqüências alélicas e genotípicas foi acessada pelo teste qui-quadrado e teste de Fischer (p<0,05).

CONCLUSÕES:
Os resultados obtidos neste estudo sugerem que parâmetros clínicos, como edentulismo, profundidade de bolsa e número de dentes presentes foram relacionados à perda de implantes dentais osseointegráveis. O polimorfismo genético IL1B (+3954) não foi associado com a perda de implantes dentais osseointegráveis na população estudada. Porém, esse único polimorfismo não representa de forma integral o gene estudado, dessa forma não descartando a possibilidade do gene da IL1B interferir no processo de falha. Outros genes que desempenham funções importantes durante o processo de reparação tecidual, como os genes de mediadores inflamatórios e de metabolismo ósseo, podem estar envolvidos no processo de falha e são potenciais candidatos para explicar, pelo menos em parte, o mecanismo de perda de implantes dentais osseointegráveis. Concluiu-se que aspectos clínicos, mas não o polimorfismo genético investigado, estiveram associados à perda de implantes dentais osseointegráveis.

Instituição de fomento: Neodent Implante Osteointegrável

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Implantes dentais osseointegráveis, perda de implantes, polimorfismos genéticos

E-mail para contato: marcossakurai@uol.com.br