60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 6. Arquitetura e Urbanismo - 2. Métodos e Técnicas do Planejamento Urbano e Regional

AS ÁREAS VERDES DE JUIZ DE FORA E AS RESERVAS NATURAIS DA REGIÃO

Amanda Schelgshorn Pereira1
Elaine Cristina Muniz2
Fabio Luiz da Fonseca2
Felipe Pereira de Souza1
Gustavo Resgala2
Antonio Colchete Filho3

1. Graduando - Departamento de Arquitetura e Urbanismo - UFJF - Autor
2. Graduado - Departamento de Arquitetura e Urbanismo - UFJF - Autor
3. Prof. Dr. - Departamento de Arquitetura e Urbanismo - UFJF - Orientador


INTRODUÇÃO:
O objetivo desse artigo é apresentar os resultados preliminares de pesquisa sobre o tema dos espaços verdes da cidade de Juiz de Fora, no estado de Minas Gerais, sudeste do Brasil. Juiz de Fora foi uma cidade que se desenvolveu a partir do surto de industrialização do último quartel do século 19, principalmente com a indústria têxtil. A cidade, que está próxima de centros metropolitanos como o Rio de Janeiro (200 km) e São Paulo (400 km), tem hoje no setor terciário seu principal sustento econômico, embora várias iniciativas para o fortalecimento do setor industrial e empresarial venham sendo realizadas, inclusive, com o apoio ao Turismo. Torna-se importante, então, avaliar como uma cidade com tendência à verticalização no seu núcleo original se relaciona com as reservas naturais remanescentes da região, com os parques urbanos que atuam também como áreas de lazer público e com as principais praças presentes na sua área central. Desta forma, apresentamos as particularidades de cada uma dessas áreas e o potencial existente em cada uma delas e no próprio conjunto para a garantia da preservação tanto dos recursos naturais quanto de espaços voltados ao lazer público numa região carente de áreas verdes e com indícios de ocupação desordenada do solo.

METODOLOGIA:
O objetivo central da pesquisa consiste na análise das relações existentes entre áreas verdes e o processo de crescimento urbano na cidade de Juiz de Fora, além da produção de mapas analíticos sobre as características e usos dessas áreas verdes. No entanto, a pesquisa encontrou alguns entraves, uma vez que não há levantamentos físicos ou de dados sociais e ambientais existentes nos órgãos de administração local. Assim, as áreas analisadas foram hierarquizadas em reservas, parques e praças e o estudo de cada uma delas foi elaborado por meio de mapeamentos, relatórios, entrevistas e fotografias. No âmbito das praças foram realizadas, também, pesquisas de campo, visando identificar seus pontos positivos e negativos, através da observação do mobiliário urbano, paisagismo, apropriação do espaço e relações com o entorno imediato. As informações e os dados acerca das áreas verdes, incluindo aqui as Unidades de Conservação da cidade, nos limitaram à identificação do perímetro de abrangência dessas áreas através da produção de mapas e na recuperação de dados históricos, o que ratifica a hipótese do rico potencial existente em cada uma dessas áreas individualmente e também em conjunto. Na ausência de planos reguladores mais eficazes que preservem e potencializem usos adequados quando possível, cabe notar que, em alguns casos, já há sinais de especulação imobiliária e a ameaça às melhores condições ambientais.

RESULTADOS:
A cidade de Juiz de Fora, tida como o principal centro urbano da Zona da Mata mineira revela em seu território o reflexo da dinâmica econômica regente, a qual altera a paisagem urbana e deixa rastros da vegetação nativa de Mata Atlântica nos remanescentes florestais existentes que correspondem a matas secundárias em processo de regeneração. Ao longo do processo de formação da cidade, a floresta foi totalmente dizimada no perímetro urbano, a ponto de não existirem quaisquer vestígios de matas remanescentes, como afirma o Plano Diretor da cidade. Inserida na área de abrangência do bioma Mata Atlântica, “os vários ciclos de desmatamentos comandados por atividades econômicas que exigiam grandes extensões de terra, como a cafeicultura, foram substituindo as florestas originais por pastagens e capoeiras” (PLANO DIRETOR, 2004, p.217). Assim, em toda região que engloba a cidade, restam apenas na zona urbana algumas manchas de florestas secundárias, presentes nas partes mais acidentadas e elevadas da cidade. Atualmente, os mais significativos fragmentos de vegetação da área são os que resistiram ao desenvolvimento da cidade e estão protegidos por legislação municipal. No entanto, mesmo protegidas por lei, algumas áreas sofrem com a pressão imobiliária em virtude de localizarem-se em regiões valorizadas.

CONCLUSÕES:
As transformações ocorridas na cidade, ao longo do processo de industrialização provocaram profundas modificações na malha urbana. As áreas verdes, inseridas no espaço urbano, foram dizimadas, tornando–se, preponderantemente, manchas verdes espalhadas pela cidade. Contudo, algumas destas áreas sofrem grande especulação imobiliária, deixando-as mais vulneráveis à destruição. As praças e os parques são locais de grande importância para a cidade, porém, estes sofrem com a falta de infra-estrutura adequada. A segurança é outro ponto questionado, pois não há policiamento em todos os horários, principalmente à noite. Por meio da recapitulação da evolução urbana da cidade e das áreas estudadas verificamos que alguns dos espaços verdes surgiram a partir de vazios urbanos decorrentes de arranjos viários, o que os deixam relativamente perigosos para pedestres. Isto explica o fato destes espaços serem meramente contemplativos. Concluímos, então, ser de grande valor para Juiz de Fora os dados estudados nesta pesquisa, por serem pioneiros na forma de abordagem, por apresentarem linguagem didática e por ter ainda sistematizado através de mapas muitas informações históricas sobre as áreas verdes da cidade, que se encontravam dispersas.

Instituição de fomento: Universidade Federal de Juiz de Fora

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  áreas verdes, parques urbanos, praças públicas

E-mail para contato: amanda_uai@yahoo.com.br