60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental

A DANÇA DO CONGO NA CIRANDA DO SABER

Graciela Cristina Berno Acco1
Ronaldo Eustáquio Senra1
Polyana Cindia Olini1
Josemeire do Nascimento Ferreira1
Michèle Sato2

1. UFMT/Instituto de Educação
2. Profª Drª. Orientadora UFMT/Instituto de Educação


INTRODUÇÃO:
A Comunidade de Mata Cavalo é um remanescente quilombola, situado a 15 km da cidade de Nossa Senhora do Livramento - MT, marcada por lutas pela posse de terras e pela preservação da identidade do povo negro. A dança do congo, uma dramatização da luta travada entre dois reinos africanos, é uma expressão da historicidade da luta negra e símbolo de resistência que, além de uma festa tradicional é também um processo pedagógico que contribui para a formação da identidade local, potencializando a historia do negro como sujeito. Já que a historia do negro no Brasil caracteriza-se, na visão do colonizador, apenas pelo legado de escravidão, estigmatizados pela servidão tiveram grande parte da sua cultura desconhecida. O objetivo da pesquisa é compreender a dança do congo como manifestação cultural e como as crianças percebem a dança do congo, investigando qual a relevância dada pela escola para o legado cultural da dança e de que maneira isso interfere (ou não) na percepção ambiental das crianças. A cultura é um processo acumulativo das histórias de gerações passadas. Somos herdeiros diretos das experiências que marcaram as relações natureza e sociedade. E em Mata Cavalo ser negro é ter por herança um legado de luta e resistência.

METODOLOGIA:
Tomo como metodologia a semiótica, entendendo o corpo, como ponto de convergência dos significantes do mundo e dos significados da língua enquanto instância fundadora do sentido. Na primeira fase da pesquisa consistiu em uma pesquisa bibliográfica, a segunda em coleta de dados levando em conta os fenômenos culturais como sistemas sígnicos. A pesquisa bibliográfica teve no intuito de entender qual a relevância do Império do Congo no cenário brasileiro, compreender a comunidade pesquisada, sua divisão e como a Dança do Congo é feita na localidade e por fim como a educação ambiental interpreta a cultura e sua interferência no meio. A pesquisa de campo deu-se através de observação participante e de oficinas do Curso de Formação proposto para o Projeto do Grupo Pesquisador em Educação Ambiental. Das dinâmicas realizadas com alguns membros da comunidade utilizei duas: na primeira, foi sugerido a eles que, através de um desenho ou um texto, descrevessem o que é meio ambiente. Na outra foram lhes dadas figuras para que, em grupo de até 3 pessoas, escolhessem três que mais lhes agradavam e três que menos lhes agradavam, justamente na tentativa de perceber os significados dados pelos participantes às temáticas propostas.

RESULTADOS:
Convém ressaltar que estes são dados preliminares e que a pesquisa ainda está em andamento. O Império do Congo foi um dos impérios negros mais importantes no séc.XIV, vindo a enfraquecer depois do desentendimento com o Império de Portugal, até sua total desestabilidade em 1665. A dança do congo é uma prática associada aos povos de origem bantu, difundida em todo o território brasileiro, sendo aqui estudada na comunidade Mata Cavalo-MT. Através desta dramatização os negros resgatam sua identidade e cultura, reforçando e sentido de luta e resistência. O congo promove e reconstitui a memória étnica do povo africano. Pelas dinâmicas realizadas podemos destacar que as festividades estão muito presentes no cotidiano da comunidade. E que o meio ambiente perpassa tudo que os rodeia, a casa, o local de trabalho e também a dança do congo, que é a expressão da diferença construída pela historia do negro. Na escolha das imagens foi unanimidade a escolha da imagem "festeiros", de Sebastião Silva, revelando além de características de identidade regional, o significado dado a eles para as cerimônias festivas.

CONCLUSÕES:
A dança do congo é a forma com que os negros encontram de deixar sua marca de resistência e luta e ainda hoje ela é vista dessa forma. Através da dramatização da dança eles podem mostrar suas capacidades, habilidades, elegância, beleza e o orgulho de ser negro, por isso, tudo deve estar perfeito e sincronizado para transmitir ao espectador a emoção do confronto. È através dessa vivência que se reconstitui a história do negro, atrelando a herança deixada a eles, novos signos e atribuindo nova significação a esta que ainda é marco de resistência e luta. No entanto, está luta agora trás novos significados, como a luta pela identidade, pela posse da terra, por um ambiente com qualidade de vida, entre outros. E é toda está vasta riqueza histórica e de identidade que deve ser valorizada pela escola, não só pelo seu caráter histórico, mas sim pela valorização da identidade deste que é um país afro-descendente. A Educação Ambiental deve recuperar, conhecer, respeitar, refletir e utilizar a historia e a cultura local, questionando preconceitos, assumindo uma postura crítica, reflexiva e ética, que articulasse sentimentos ecológicos e a emancipação dos sujeitos envolvidos.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Dança do Congo, Identidade, Educação Ambiental

E-mail para contato: graci-acco@hotmail.com