60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia

ESTUDO DO EFEITO DE UM DERIVADO TETRAIDRO-BETA-CARBOLÍNICO SOBRE FORMAS PROMASTIGOTAS DE LEISHMANIA AMAZONENSIS

Patrícia Mayumi Honda1
Lilian Tatiani Düsman1
Maria Helena Sarragiotto1
Benedito Prado Dias Filho1
Celso Vataru Nakamura1
Tânia Ueda Nakamura2

1. Universidade Estadual de Maringá - UEM
2. Profª Drª - Orientadora - Departamento de Análises Clínicas - UEM


INTRODUÇÃO:
Leishmania amazonensis é o agente causador de leishmaniose cutânea difusa e também pode causar leishmaniose cutânea disseminada. A infecção começa com a inoculação de promastigotas, através da pele de mamíferos durante o repasto sanguíneo do inseto vetor infectado. No novo ambiente, promastigotas são fagocitados pelos macrófagos teciduais, onde se transformam em amastigotas. Os tratamentos atualmente existentes são custosos, ineficazes e muito tóxicos, por isso diversos estudos biológicos e químicos têm sido realizados na busca da droga ideal. Dentre os compostos alvos de estudos estão os derivados tetraidro-beta-carbolínicos, os quais já se mostraram efetivos em diversos estudos anteriores. No presente estudo investigou-se o efeito de um derivado tetraidro-beta-carbolínico na morfologia e na ultraestrutura dos parasitas (tratados ou não) através da microscopia óptica e eletrônica de varredura. Ainda, observou-se o efeito desse composto na interação de promastigotas e macrófagos.

METODOLOGIA:
O derivado tetraidro-beta-carbolínico: cis-tetraidro-Β-carbolina-1(m-nitrofenil)-3-carbometóxi (denominado de composto 14) foi sintetizado no Departamento de Química da Universidade Estadual de Maringá. Interação de promastigotas e macrófagos: Macrófagos J774 foram tratados, por 20 min, com 10 e 50 μg/ml da droga, e a seguir interagidos com promastigotas de L. amazonensis (cepa WHOM/BR/75/JOSEFA) por 24 h. Além disso, realizou-se a interação, por 60 min., do parasita-macrófago previamente à adição do derivado. Após, o composto químico foi adicionado e deixado agir por 24 h. Em todos os casos as culturas foram incubadas em estufa de CO2, 37ºC. A seguir, foram fixadas com o fixador de Bouin, coradas com Giemsa e visualizadas em microscópio fotônico comum. O índice de internalização foi obtido multiplicando-se o percentual de células infectadas e o número médio de parasitas por célula. Microscopia eletrônica de varredura: Promastigotas não tratadas e tratadas com 50 μg/ml e 100 μg/ml do derivado 14 foram centrifugadas, lavadas, fixadas e aderidas em um “chip” (tratado com poli L-lisina). Após lavagem em tampão cacodilato o material foi desidratado em concentrações crescentes de etanol e submetido ao ponto crítico em CO2, metalizado em ouro e observado ao microscópico eletrônico de varredura (Shimadzu SS550). Microscopia óptica comum: Em paralelo, esfregaços de parasitas tratados e não-tratados foram corados através do método de Giemsa para a análise morfológica.

RESULTADOS:
Através da microscopia ótica verificamos a presença de dois ou mais núcleos em 26,3% dos promastigotas tratados sendo que somente 2% dos parasitas não-tratados apresentaram-se com dois ou mais núcleos. Por meio da microscopia de varredura, pudemos confirmar que, na concentração de 50 μg/ml, o derivado provocou leve arredondamento das formas promastigotas, mas em concentrações mais elevadas o arredondamento das células ficou mais evidente apresentando também o encurtamento ou até mesmo o desaparecimento do flagelo. O pré-tratamento dos macrófagos com a droga ocasionou uma redução na internalização, sugerindo que o composto 14 poderia inibir o reconhecimento do parasita e/ou a penetração no macrófago. Além disso, após 1 h de interação, macrófagos-parasitas tratados por 24 h com a droga, também resultou em um decréscimo do índice de internalização.

CONCLUSÕES:
Os resultados obtidos com o derivado 14 mostraram que este composto químico foi capaz de alterar a morfologia do parasita (flagelos, corpo celular) e interferir no processo de divisão celular de formas promastigotas. Os dados obtidos sugerem também que o composto 14 pode atuar no processo de fagocitose dos parasitas e/ou interferir no desenvolvimento das formas amastigotas no interior do vacúolo parasitóforo. Entretanto, estudos adicionais serão necessários para elucidar o modo de ação do derivado sobre o parasita e na interação parasita-hospedeiro.

Instituição de fomento: CNPq (bolsa PIBIC), PRONEX/Fundação Araucária, FINEP e Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  derivado tetraidro-beta-carbolínico, ultraestrutura, atividade antileishmania

E-mail para contato: patycinha0308@hotmail.com