A problemática ambiental tornou-se evidente a partir da transformação do meio ambiente, decorrente do acelerado processo de ocupação do espaço e apropriação dos recursos naturais pelo homem. Esse processo acelerou também o crescimento urbano e rural, de maneira desordenada, sem planejamento na bacia do rio Carnaíba de Dentro, provocando uma série de impactos ambientais no solo, nos lençóis freáticos e nas  águas superficiais do rio.

A presente pesquisa teve como propósito analisar os impactos geoambientais da bacia hidrográfica do rio Carnaíba de Dentro, no município de Guanambi, situada na porção sul-sudeste da bacia hidrográfica do rio São Francisco, no sudoeste do Estado da Bahia, abordando a dinâmica fluvial, as características físicas e os impactos da ação humana na degradação espacial desta bacia, compreendida como unidade de análise e planejamento ambiental. Os estudos ambientais da bacia do rio Carnaíba de Dentro, fazem-se necessários para um melhor conhecimento socioambiental e geográfico da área, visto que devem ser considerados todos os aspectos físicos desse sistema ambiental. O presente estudo trata da espacialização da bacia hidrográfica do rio Carnaíba de Dentro, apresentando um panorama geral do espaço geográfico da bacia, através das características geoambientais: localização, aspectos geológicos, geomorfológicos e morfoclimáticos, contemplando também o processo de ocupação  da área da bacia.

A  bacia do rio Carnaíba de Dentro faz parte das sub-bacias do rio São Francisco, correndo no sentido nordeste (NE) norte noroeste-oeste (N-NOW). Com uma área de aproximadamente 2.700 km² de drenagem, compreendida entre as coordenadas geográficas 14º 13’ 30” de latitude S e 42º 46’ 53” de longitude W. O rio Carnaíba de Dentro nasce a 1.042 m de altitude, no prolongamento da Serra do Espinhaço, na Serra Santa Isabel, no município de Caetité - BA, e deságua no rio das Rãs a 430 m de altitude no município de Palmas de Monte Alto, logo após a fronteira com o município de Guanambi. O Carnaíba  possui um curso de  100 km de extensão territorial, ostentando um padrão de drenagem dendrítica, com baixa densidade, uma vez que é caracterizado por rio temporário e apresenta vales em forma de “V”

Os resultados revelaram que a degradação ambiental do espaço geográfico da bacia do rio Carnaíba de Dentro, faz parte de um contexto socioambiental: desmatamento, erosão, assoreamento, represamento da água e efluentes urbanos, uma vez que o  estudo de caso desta bacia demonstrou que a sua espacialidade também foi ocupada, desde o início do século XIX, com uma significativa importância para o surgimento de Guanambi. Através destes impactos socioambientais que provocaram a degradação da bacia do Carnaíba: uso inadequado do solo, esgotamento sanitário, represamento da água e a interferência de outras barragens antes de chegar a Ceraíma, faz-se uma análise desses problemas e das políticas públicas voltadas para o planejamento e gestão dessa bacia.

Percebe-se, que a degradação do espaço geográfico da bacia do rio Carnaíba de Dentro faz parte de um contexto socioambiental, cujo elemento transformador (a sociedade) modifica o geossistema dessa bacia, de acordo suas necessidades de utilizar as margens e as encostas do rio para a produção de atividades destinadas à agricultura, pecuária e a cerâmica, ocasionando o desmatamento da cobertura vegetal em quase toda a área da bacia, com exceção  da nascente que possui uma floresta estacional decidual preservada.

Vale salientar que essa exposição do solo intensificou os processos erosivos, a sedimentação e consequentemente o assoreamento do canal do rio e dos reservatórios de água, especificamente a barragem de Ceraíma. Além dessas alterações na dinâmica fluvial do rio Carnaíba de Dentro, o desmatamento provoca ainda o escoamento superficial e a redução da disponibilidade de água nos lençóis freáticos. Mediante esses resultados, observa-se que essa bacia hidrográfica requer um programa de desenvolvimento voltado para o planejamento e gestão ambiental da bacia, proporcionando a recuperação da mata ciliar e a preservação do leito e do curso fluvial, para tanto faz-se necessário políticas públicas referente ao tratamento dos efluentes urbanos lançados no rio, através de um saneamento básico efetivo que controle a poluição hídrica da bacia, com a construção e funcionamento da estação de tratamento de esgoto, adaptando-a ao planejamento do espaço geográfico da bacia.