O presente trabalho investigou as práticas pedagógicas dos professores das séries iniciais do ensino fundamental a partir da relação de uso do vídeo em sala de aula, objetivando realizar uma reflexão epistemológica que caracterize o professor enquanto sujeito e o vídeo como objeto do fazer pedagógico. Outros estudos que envolvem o vídeo na prática pedagógica docente mostram algumas faces da prática do professor no uso desta tecnologia em sala de aula: aqueles que lançam mão do vídeo quando há um problema inesperado, como ausência do professor, para camuflar a aula, sem integrá-lo ao conteúdo da aula e outros que o usam em excesso (MORAN, 1995). Contudo, ao considerar o professor como um sujeito que desenvolve táticas de uso, através de sua trajetória de vida, da política e do saber, focaliza-se a problemática da prática docente em relação ao uso do vídeo num contexto diferenciado. Considerando a relevância dessa discussão e pelo lugar que as novas tecnologias ocupam na sala de aula, este estudo procurou identificar as diferentes práticas no uso desse instrumento pedagógico.

Participaram dessa pesquisa 06 professores da 4ª série do ensino fundamental I de 03 escolas públicas do município de Macapá. O estudo envolveu entrevistas semi-estruturadas, a partir de um roteiro, que foram gravadas em fita cassete e, posteriormente, transcritas e 04 sessões de observação em cada uma das salas de aula. Foi realizado um cruzamento das respostas dos professores com os dados das observações, os quais foram analisadas por temas e, a partir dessa organização temática, foram construídas categorias que contemplam a relação professor- vídeo-aluno.

Os resultados desta pesquisa mostraram 04 tipos de práticas do uso do vídeo na prática pedagógica em sala de aula: a) O professor polivalente que usa o vídeo como “tapa-buraco” para compensar a ausência ou atraso do professor; b)o professor polivalente que usa o vídeo para camuflar a falta de planejamento da aula; c)o professor que lança mão desse recurso como “ilustração”, procurando ajudar a mostrar o que se fala em aula, auxiliando a compor os cenários desconhecidos pelos alunos e, d)o professor que usa o vídeo para sensibilizar os alunos acerca dos valores morais que foram ensinados na sala de aula.

Diante dos resultados do presente estudo, conclui-se que são necessários sérios investimentos na formação continuada dos professores polivalentes da rede pública de ensino da cidade de Macapá na utilização do vídeo na prática pedagógica na sala de aula. Garantir a materialidade do vídeo, necessariamente não garante que estes saibam usá-lo conscientes dos ganhos e perdas que se podem ter com o uso dessa tecnologia. Portanto, faz-se necessário que a Secretaria de Educação do Município, em conjunto com os gestores e coordenadores pedagógicos, possam garantir institucionalmente espaços de discussões sobre o uso das novas tecnologias. Por outro lado, as instituições de formação inicial precisam repensar o uso das novas tecnologias em suas propostas curriculares.