61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
DIVERSIDADE DE CRIADOUROS FREQUENTADOS POR Aedes aegypti E Aedes albopictus NO ESTADO DE SANTA CATARINA, PERÍODO DE 1998 A 2007.
Alcides Milton da Silva 1
Juliana Chedid Nogared Rossi 2
1. Universidade Federal de Santa Catarina / Departamento de Saúde Pública
2. Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina- SES-SC/DIVE
INTRODUÇÃO:

O Aedes aegypti possui grande importância epidemiológica, pois é o principal vetor do vírus da Dengue e Febre Amarela Urbana. No Estado de Santa Catarina foi detectada sua presença, em 85 municípios. Utiliza, principalmente, os criadouros artificiais e com menor freqüência os naturais. Entre os artificiais estão os pneus, latas, vidros, pratos de vasos, caixas de água e tonéis mal tampados, piscinas, aquários, bebedouros ou outro objeto com água. Nos criadouros naturais estão as flores ornamentais como bromélias, cavidade de árvores, buracos em rocha e internódios de bambu. Outro vetor de importância epidemiológica é o Aedes albopictus, vetor natural da dengue na Ásia. Embora não tenha sido observada tal característica no Brasil, revelou competência vetora em pesquisas de laboratório, demonstrando suscetibilidade e capacidade de veicular os quatro sorotipos do vírus. Apenas cinco estados brasileiros não relataram sua infestação, porém em Santa Catarina sua presença encontra-se registrada em todos os municípios. Possui como hábitat, tanto recipientes artificiais e naturais semelhante aos utilizados pelo Ae. aegypti. A identificação da diversidade de criadouros utilizados por estes vetores, permitirá o direcionamento das ações de vigilância visando seu controle.

METODOLOGIA:

Foi realizado um estudo descritivo, utilizando-se dados registrados no Sistema de Informação de Febre Amarela e Dengue (SISFAD), considerando que o Estado de Santa Catarina possui estruturado o Programa de Controle da Dengue em todos os municípios. Neste as Secretarias Municipais de Saúde, registram os resultados das atividades rotineiras de vigilância do vetor, oriundas de pesquisas larvárias semanais coletadas da rede de armadilhas conhecidas como larvitrampas e quinzenais em pontos estratégicos. As larvitrampas são pneus cortados ao meio contendo água, localizadas a cada 100 imóveis. Os pontos estratégicos são imóveis com grande oferta de criadouros para o Ae. aegypti, como ferro velhos, cemitérios, borracharias ou aqueles que possuem fluxo intenso de veículos e outros meios de locomoção como as rodoviárias, transportadoras, portos e aeroportos. Todos os resultados das atividades de campo foram registrados em boletins, agrupados e inseridos no SISFAD. Deste foram coletadas as informações de criadouros positivos para Ae. aegypti e ou Ae. albopictus no Estado de Santa Catarina, no período de 1998 a 2007, e elaborado um novo banco de dados no software Microsoft Office Excel 2003, utilizado para o cálculo das taxas de depósitos positivos, por grupo de criadouros no período estudado.

RESULTADOS:

No período de 1998 a 2007 foram inspecionados no Estado de Santa Catarina, um total de 37.065.650 depósitos, observando-se que 0,69% destes estavam positivos para Ae. aegypti ou Ae. albopictus. Dentre os depósitos positivos, 4,65% foram por Ae. aegypti e 95,35% com Ae. albopictus. Os anos de 2001 e 2002 foram aqueles em que foi encontrado um maior número de depósitos positivos para Ae. aegypti e Ae. albopictus, respectivamente. O ano que houve uma maior taxa de depósitos positivos para Ae. aegypti foi em 2001, com 19,64%, seguido 2005, com 7,85% dos depósitos positivos. Durante todo o período estudado as taxas de depósitos positivos para Ae. albopictus mantiveram-se elevadas, sendo maior no ano de 2004 onde do total de depósitos positivos, 99,61% eram para Ae albopictus. Os recipientes artificiais como pneus, latas, vidros, pratos de vasos, caixas de água e tonéis mal tampados, piscinas, aquários, bebedouros de animais ou outro objeto capaz de armazenar água, foram os mais habitados pelas espécies estudadas, apresentando uma média de 96% para Ae. aegypti e 90,75% para Ae. albopictus. Verificou-se que as taxas anuais por grupo de depósitos, apresentaram pouca variação para a espécie Ae. albopictus diferente da espécie Ae. Aegypti.

CONCLUSÃO:

O encontro das espécies foi maior nos criadouros artificiais, com 96% para Ae. aegypti e 90,75% para Ae. Albopictus, do que nos naturais, porém todos os recipientes foram colonizados por ambas as espécies. Os depósitos com maiores taxas de colonização pelo Ae. aegypti foram os do grupo D1 (lixo, recipientes plásticos, garrafas, latas, sucatas em pátios e ferro velhos, entulhos de construção), com média de 34,46% e D2 (pneus e outros materiais rodantes, câmaras de ar, manchões) com 28,7%. Para o Ae. Albopictus os criadouros do grupo B (vasos ou frascos com água, prato, garrafas, pingadeiras, recipiente de degelo em geladeiras, bebedouros em geral, pequenas fontes ornamentais, materiais de construção em depósitos como, sanitários estocados, betoneiras, canos e outros, objetos utilizados em rituais religiosos), foram os mais utilizados, observando-se uma média de 30%. Os ecótopos naturais, como buracos de árvores, internódios de bambu, buracos no solo e outros, são utilizados tanto por Ae. albopictus como por Ae. aegypti.  Neste trabalho ficou evidente a diversidade de criadouros utilizados por ambas as espécies. Determinando-se a importância e identificando a diversidade de cada tipo de criadouro, é possível traçar estratégias de controle desses mosquitos vetores.

Palavras-chave: Aedes aegypti, Aedes albopictus, criadouros.