61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 3. Filosofia - 2. Filosofia
O DUALISMO PSICOFÍSICO: UMA POSSÍVEL SOLUÇÃO PARA O PROBLEMA MENTE-CÉREBRO
Mariluze Ferreira de Andrade e Silva 1
1. Universidade Federal de São João del-Rei
INTRODUÇÃO:

O núcleo do problema mente-cérebro, segundo BUNGE (BUNGE, Mario. El problema mente-cérebro: um enfoque psicobiológico: cap. I, Madrid: Tecnos, 2002, p. 23-51), é a identificação do sujeito dos predicados mentais. Os estados e processos mentais não existem em si mesmos. Eles são estados DE alguma entidade e processos EM alguma entidade. Por isso cabe a pergunta: qual é a coisa que percebe, sente, recorda, imagina, deseja e pensa? As respostas estão divididas em dois grupos: um grupo sustenta que é a mente/alma/espírito que percebe, sente, recorda, imagina, deseja e pensa. Nesse caso, a mente é uma entidade imaterial na qual ocorrem todos os estados e processos mentais: sentimentos, lembranças, idéias e similares. Outro grupo afirma que a mente não é uma coisa independente. Ela é um conjunto de funções ou atividades cerebrais. Nesse caso, perceber, sentir, lembrar, imaginar, desejar, pensar seriam processos cerebrais. Esses grupos fazem emergir duas correntes: a dos monistas psico-fisicos que defendem a autonomia da mente e negam a realidade dos corpos e das coisas concretas e a dos dualistas psico-físicos que defendem o estado separado da mente reconhecendo, porém, a existência de corpos junto a ela. Este trabalho teve como objetivo investigar os argumentos oferecidos pelo dualismo psico-físico e investigar as objeções apresentadas a esses argumentos para uma possível solução para o problema mente-cérebro.

METODOLOGIA:

O trabalho desenvolveu-se a partir de pesquisa teórico-bibliográfica. BUNGE, na obra citada, apresenta dez argumentos do tipo argumentum ad baculum. Desses, investigamos cinco e investigamos as objeções formuladas por BUNGE sinalizando para uma possível solução para o problema mente-cérebro.

RESULTADOS:

A investigação dos cinco argumentos conduziu aos seguintes resultados, conforme BUNGE: O dualismo: 1. Aceita que a mente sobrevive ao cérebro e vive em um mundo formado de imagens mentais. Nesse caso, a defesa do dualismo é feita a partir do hilemorfismo: todas as forças naturais e a leis são entidades mentais (Ploten, 1973); 2. usa linguagem ordinária. As teorias científicas exigem conceitos técnicos e enunciados que se distanciam da linguagem ordinária; 3. aceita que a mente deve ser imaterial porque a conhecemos de modo distinto como conhecemos a matéria: o conhecimento da mente é privado e o conhecimento da matéria é público. Porém tanto os estados mentais como as suas mudanças são privados ou públicos como podem ser o cérebro que pensa; 4. deve existir uma mente que anime a maquinaria cerebral porque as máquinas carecem de mente; 5. O dualismo concorda com o emergentismo e com a hipotesis da estrutura em níveis da realidade.

CONCLUSÃO:

BUNGE apresentou objeções aos argumentos do dualismo psico-físico e apontou conclusões que afastam a possibilidade do dualismo psico-físico solucionar o problema mente-cérebro: o dualismo: 1. separa as propriedades e o sucesso das coisas e a ciência entende as propriedades como possuídas por coisas; 2 viola a lei de conservação da energia porque se a mente imaterial pudesse mover a matéria, criaria energia e se a matéria atuasse sobre a mente imaterial faria desaparecer a energia; 3. é consistente com o criacionismo, não com o evolucionismo; 4. não responde às seis questões chaves da ciência da mente: o quê, onde, quando, a onde, de onde, por quê; 5. é inconsistente com a antologia da ciência porque em todas as ciências as que possuem propriedades são as entidades concretas e os sucessos são as mudanças de determinadas propriedades.

Palavras-chave: Filosofia da mente, Dualismo Psicofisico, Mente-cérebro.