61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CITOTÓXICA DE TRIAZÓIS EM Artemia franciscana E ERITRÓCITOS HUMANOS
Vítor Renato Carvalho e Silva 1
Sabrina Baptista Ferreira 2
Vitor Francisco Ferreira 3
Emerson Silva Lima 4
Marne Carvalho de Vasconcellos 5
1. Fac de Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal do Amazonas/UFAM - mestrando
2. Dep de Química Orgânica, Universidade Federal Fluminense/UFF - colaboradora
3. Dep de Química Orgânica, Universidade Federal Fluminense/UFF - colaborador
4. Doutor da F.C.F., Universidade Federal do Amazonas/UFAM - colaborador
5. Doutora da F.C.F., Universidade Federal do Amazonas/UFAM - orientadora
INTRODUÇÃO:
Triazóis são compostos heterocícliclos aromáticos sintéticos de cinco membros contendo 3 átomos de nitrogênio (MELO J. et al, 2006). Esta classe de substâncias possui várias atividades biológicas comprovadas, podendo-se citar atividade antifúngica (SUN et al, 2006), antimicrobiana (BAYRAK et al, 2008) e antitumoral (TONIN et al, 2008). O presente trabalho teve como objetivo avaliar a atividade hemolítica e citotóxica de quatro triazóis (MRFA, MRCH, MRETCOHL e MREFP) inibidores da alfa-glucosidase. Os inibidores da alfa-glucosidase são reconhecidos hipoglicemiantes (MELO E.; Carvalho, 2006), antivirais (COURAGEOT, M-P et al, 1999) e antitumorais (KAJIMOTO et al, 2009). Milani, citando McLaughlin et al. (1998), afirma que o teste da Artemia sp. é um ensaio muito eficiente, rápido e de baixo custo que tem boa correlação com atividade citotóxica em alguns tumores humanos sólidos. Além disso, o potencial citotóxico de candidatos a novos fármacos pode ser avaliado pelo teste da Artemia sp. como uma análise prévia. Porém, um medicamento não pode causar lesão na membrana plasmática de células sadias, seja pela formação de poros ou pela ruptura total da célula (VIEIRA et al, 2002). Portanto, a avaliação da atividade hemolítica também se fez necessário.
METODOLOGIA:
O teste de hemólise utilizou sangue venoso humano centrifugado a 2500 rpm por 10 minutos para o preparo de solução de hemácias (1 mL do infranadante em 99 mL de tampão fosfato com pH 7,2). Desta solução foram utilizados 450 µL em tubos de 5 mL e mais 50 µL de cada amostra (concentração de 1 mg/mL), Triton X-100 (controle) e DMSO (branco) em triplicata. Os tubos foram incubados a 37°C por 30 minutos e centrifugados a 3000 rpm por 10 minutos. A leitura do sobrenadante foi realizada em leitor de microplacas (Thermo plate/ TP-READER) a 650 nm. A citotoxicidade foi avaliada utilizando-se o microcrustáceo Artemia franciscana, conforme o protocolo de Meyer et al (1982). Os ovos de A. franciscana foram postos para eclodir em solução salina (35g de sal marinho/L) a temperatura ambiente e com luz artificial constante por um período de 48 horas. Após a eclosão dos náuplios, adicionou-se em placas de 24 poços 800 µL da solução salina, 180 µL desta solução contendo 10 náuplios e 20 µL de cada triazol nas concentrações de 1,0, 2,5, 5,0, 7,5 e 10,0 mg/mL. Nos poços correspondentes ao branco utilizou-se 20 µL de solução salina.
RESULTADOS:
O resultado do teste de atividade hemolítica mostrou que nenhum dos quatro trizóis testados causou hemólise. Para o teste de citotoxicidade utilizou-se uma classificação de grau de citotoxicidade com base na taxa de mortalidade: Para mortalidade de 0 a 9% considerava-se não tóxico; de 10 a 49%, ligeiramente tóxico; de 50 a 89%, tóxico; de 90 a 100%, altamente tóxico. O resultado mostrou que todos os triazóis na concentração de 1 mg/mL foram considerados não tóxicos. O MRFA, nas demais concentrações foi classificado como ligeiramente tóxico. Já o MRCH, a partir da concentração de 2,5 mg/mL foi considerado tóxico. A partir de 5,0 mg/mL, o triazol MRETCOHL recebeu o grau de não tóxico, porém, na concentração de 2,5 mg/mL foi considerado ligeiramente tóxico. O triazol MREFP apresentou um grau de citotoxicidade crescente, sendo classificado como tóxico na concentração de 7,5 mg/mL. Porém, na concentração de 10,0 mg/mL não apresentou toxicidade.
CONCLUSÃO:
Os triazóis estudados não causaram lise na membrana dos eritrócitos. Por outro lado, todos apresentaram algum caráter tóxico. Os triazóis MRFA e MRETCOHL foram os menos ativos, sendo ligeiramente tóxicos. O MRCH apresentou toxicidade na concentração de 5,0 mg/mL e o MREFP foi considerado tóxico na concentração de 7,5 mg/mL. Portanto, os quatro triazóis podem possuir alguma atividade citotóxica, necessitando, consequentemente, que outros testes sejam realizados para que esta atividade seja comprovada.
Instituição de Fomento: CNPq, FAPEAM e CAPES
Palavras-chave: Triazóis, Citotoxicidade, Hemólise.