61ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social |
QUEM VAI DESCER A ACARÁ? PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO FAZER-SE CLASSE DO OPERARIADO DO PARQUE INDUSTRIAL DE MANAUS - ANOS 1980. |
MILTON MELO DOS REIS FILHO 1 IRAILDES CALDAS TORRES 2 |
1. Doutorando - Programa de Pós-Gradudação Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA) 2. Professora Doutora e Orientadora do PPGSCA-UFAM |
INTRODUÇÃO: |
METODOLOGIA: |
A pesquisa está ancorada nos estudos clássicos de Edward Palmer Thompson, pela originalidade que oferece em suas obras para respaldar nossas análises sobre a consciência de classe. Com esta tendência historiográfica thompsoniana priorizamos três categorias, a saber: trabalhadores operários, sindicalismo e o fazer classe. Elegemos autores regionais/nacionais e os clássicos. Em nível regional/nacional dialogamos com os autores Torres (2005), Pinheiro (2003), Vieira (2002) Ribeiro (1987) e Costa (1993/1994). No diálogo com os clássicos o trabalho inspirou-se nos aportes da influência da historiografia marxista inglesa, particularmente “A Formação da Classe Operária Inglesa” de Edward Palmer Thompson (1987) e “Trabalhadores e Mundos do Trabalho” de Eric Hobsbawm (1995), complementados pelos estudos de Doimo (1995), Rodrigues (1997/1999), Alves (2003), Blass (1999) e Gomes (2002). Os informantes desta pesquisa são os trabalhadores do PIM, (ex-dirigentes sindicais, ex-operários (as) da indústria eletro-eletrônica de Manaus). O trabalho atende a uma perspectiva metodológica da História Oral e a técnica utilizada consistiu na entrevista do tipo semi-estruturado, aplicada junto a 06 (seis) trabalhadores do PIM. O levantamento de dados primários foi realizado na sede da Pastoral Operária e Central Única dos Trabalhadores (CUT). |
RESULTADOS: |
Esta pesquisa revela o momento em que os trabalhadores do PIM entraram em cena. Esses novos personagens que souberam construir, sensibilizar e fazer a luta de classe nos anos oitenta do século XX. Podemos dizer que o convívio com estes trabalhadores no Pólo Industrial de Manaus, onde também fui operário, foi primordial para a compreensão da história do operariado no Brasil e especificamente no Amazonas. Do ponto de vista da organização e do conflito tivemos momentos determinantes na história do operariado amazonense, conseguimos visualizar exemplos da importância que tiveram as mulheres neste campo de ação. Do mesmo modo a ação dos homens como seres representativos de uma classe. A década de oitenta se caracterizou pela abertura política (em que o regime militar implantado no país em 1964 ia dando seus últimos suspiros) e pela transição para o regime democrático. Hoje tanto a atuação do homem como da mulher mudou muito. Não existe mais a escola de formação política do operariado amazonense. Fica difícil saber se este operariado tem consciência de sua classe. Os trabalhadores do PIM precisam entrar em ação de modo mais eficiente e eficaz, precisam inteirar-se dos novos desafios do mundo do trabalho. Somos um país que apresenta uma carência de mão-de-obra. Jamais se pode avaliar isto como ruim, assim como dizer que seja o paraíso ou o inferno. A falta de mão-de-obra no Brasil é o sinal de que o país está crescendo bastante, a demanda está aquecida e precisa de mais gente para trabalhar. |
CONCLUSÃO: |
Trabalhar este tema significou recuperar marcos de grande relevância social para o operariado amazonense. Uma vez que a década de oitenta do século XX foi o palco das maiores manifestação do trabalhador operário em todo o Brasil. Trazer esta contribuição para a academia e para os trabalhadores significa também resgatar uma história “vista de baixo”, que para alguns poderia ser ignorada como ciência. Assim, a intenção deste trabalho é fazer com que os operários do Pólo Industrial de Manaus possam revisitar o seu passado. E mais ainda, visualizar os grandes movimentos grevistas e as formas de enfrentamento entre os operários e patrões no PIM. Esses trabalhadores, nos anos 1980, reagiram às diversas medidas abusivas. As conquistas foram significativas no campo social, político, econômico e cultural. Quem teve um grande papel na classe trabalhadora foi a mulher por representar um número bem expressivo na Linha de Montagem, mas sua atuação como militante na busca de resultados se intensificaram mais nos anos 90. Hoje, porém, o confronto se dá de formas diferenciada porque está em jogo o emprego. Está em curso uma nova concepção de mundo do trabalho, que vê o trabalhador como aquele que deve estar apto a enfrentar grandes desafios. Houve quebra de paradigmas, atualmente a disputa é global, o trabalhador tende a se conectar cada vez mais para atender aos desafios do mercado. |
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e Secretaria Municipal de Educação (SEMED-Manaus) |
Palavras-chave: Trabalhador Operário, Sindicalismo, O fazer Classe. |