61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental
EFEITO DO CRESCIMENTO URBANO SOBRE AS ÁGUAS DO TARUMÃ - AÇU, MANAUS/AM.
Joabe Miguel de Oliveira 1, 2
1. INPA- Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
2. UNIP- Universidade Paulista
INTRODUÇÃO:
As bacias hidrográficas do município de Manaus estão sob forte impacto ambiental causado pela ocupação urbana desordenada em conseqüência da falta de políticas públicas direcionada para região. Atualmente, os igarapés que drenam a cidade estão totalmente degradados pelo aporte de efluentes domésticos e industriais. A bacia do tarumã está localizada na zona oeste da cidade de Manaus, que é formada por uma rede de drenagem de corpos d’água de diferentes magnitudes. A bacia do Tarumã é uma bacia mista, parte da área localiza-se na área urbana e parte na área rural. A bacia está sofrendo forte ação antrópica, incluindo as nascentes dos inúmeros igarapés, que passam por zonas relativamente povoadas, onde ocorrem ocupações ilegais de terras, desmatamentos irregulares, instalação de construções às margens dos igarapés, despeja de esgotamento sanitário e eliminação da cobertura vegetal ciliar. Portanto, este trabalho objetivou analisar o comportamento hidroquímico das águas dos igarapés da bacia do Tarumã/Am, com a necessidade em conhecer e identificar os pontos criticos de poluíção que ocorrem nesta bacia, visando estabelecer um estudo sobre as características das águas diante das crescentes modificações que as mesmas vêm sofrendo devido a interferência humana, no que diz respeito às variáveis ambientais.
METODOLOGIA:
Para a execução deste projeto foram realizadas três coletas nos meses de setembro, dezembro de 2008 a fevereiro de 2009, determinando as variáveis ambientais: pH, condutividade elétrica, demanda química de oxigênio (DQO), oxigênio dissolvido (O2), demanda bioquímica de oxigênio (DBO), íon amônio (NH4), nitrato (N03) e os coliformes fecais e totais. As amostras de água foram coletadas com auxilio de garrafa de Vandorn, acondicionadas em frascos de vidro tipo Winkler e determinados o oxigênio dissolvido (OD), demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e análise de coliformes totais e fecais. Das variáveis avaliadas o pH foi determinado por Potenciometria, à condutividade elétrica por Condutometria, o O2 e o DBO segundo APHA (1985), o DQO pelo método do Permanganato de Potássio (KMnO4), segundo Golterman et al. (1978). O nitrato (NO3-) pela redução na coluna de cádmio, com o auxílio do FIA (análise por injeção de fluxo), o íon amônio (NH4+) pelo método de Nessler adaptado ao FIA (Mackereth et al., 1978). Para as análises bacteriológicas (coliformes Totais e Fecais) escolheu-se a técnica de fermentação por tubos múltiplos segundo APHA (1985). Foram utilizadas as metodologias descritas no Manual n°8 do Programa Biológico Internacional (Mackereth, 1978; Golterman et al., 1978 e APHA, 1985; Carmouze, 1994).
RESULTADOS:
Os valores de pH oscilaram entre 4,4 no Ig. do Acará a 6,4 na Ponte da Bolívia, constatando que esses ambientes apresentam águas ácidas, quase neutras. O aumento do pH relaciona-se com a interferência humana, diminuindo a acidez de suas águas. A condutividade elétrica oscilou de 6, 68 µS/cm no Ig. do Leão a 68,12 µS/cm no Encontro dos bairros , apresentando valores dentro das características normais de igarapés da Amazônia Central. A DQO oscilou entre 13,28 mg/l na Vivenda do Pontal a 39,11 no Ig. do Matrinxã. Para o O2 foram observados teores que oscilaram de 2,94 mg/l no Encontro dos Bairros a 6,92 mg/l no Mariano. As concentrações de DBO5 dias de consumo apresentaram uma variação de 0,89 mg/L no Acará a 3,99 mg/L na Ponte da Bolívia. O NH4+ é um indicador de degradação ambiental, onde os valores variam de 0,1mg/L no km 30 e Barro Branco a 4,315 mg/L no Ig. do Matrinxã. A variação do íon Nitrato neste estudo foi de 0,01 mg/L no Acará e Barro Branco a 0,2 mg/L no Mariano e Encontro dos Bairros. Para as análises bacteriológicas foram observados que há uma quantidade de bactérias do grupo de coliforme totais, com mínima de 230 NMP/100mL na Vivenda do Pontal e máxima de 1100000 NMP/100 ml no Encontro dos Bairros. As quantidades de coliformes fecais nas águas dos igarapés variaram de 36 NMP/100 ml na Vivenda do Pontal e máxima de1100000 NMP/100 ml no Encontro dos Bairros, na qual mostraram elevados valores acima do previsto para balneabilidade estabelecido pelo CONAMA que é de 5000 NMP/100mL para totais e 1000 NMP/100mL para fecais.
CONCLUSÃO:
Os dados físicos, químicos e bacteriológicos já começam a apresentarem algumas alterações, podendo isto ser atribuído à pressão poluidora originada em seus leitos. Os igarapés situados na zona rural apresentam em sua composição química características ainda naturais, suas águas são ácidas, quase neutras, oxigênio dissolvido com teores acima de 6,0 mg/l, baixa condutividade elétrica, baixos teores de cátions e ânions. Os igarapés situados à zona urbana apresentaram alterações em todos os parâmetros, altos teores de cátions e ânions e baixo teor de oxigênio dissolvido devido a grande degradação ambiental aos seus leitos. O nível de poluição nos locais considerados ainda pontos naturais, e por serem igarapés para o uso de balneabilidade, já estão sendo impactados, ocasionado pelo grande número de banhistas. Todavia, é preciso que se adote um sistema de monitoramento deste corpo de água, visando não comprometer este valioso recurso hídrico. Políticas efetivas precisam ser tomadas, visando à diminuição do lançamento de efluentes nestes corpos de água, que já começam a apresentarem alterações patentes em suas águas, perdendo assim, suas características naturais.
Instituição de Fomento: INPA
Palavras-chave: Água, Igarapés, Bacia do Tarumã.