61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia
TIPOLOGIA DOS USOS DA ÁGUA: PRÁTICAS DE LAZER E A UNIDADE DE CONSERVAÇÃO REBIO TINGUÁ
Fellipe José Silva Ferreira 1
Ana Lucia Lucas Martins 2
1. DAT, Turismo, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/UFRRJ
2. DHE,Sociologia,Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/UFRRJ
INTRODUÇÃO:

O tema da pesquisa são os uso da água para a prática de lazer na zona de amortecimento da unidade de conservação(UC) Reserva Biológica do Tinguá. Os múltiplos usos dos recursos não-renováveis na zona de amortecimento desta UC tem originado diversos conflitos entre visitantes, comunidade local e empreendedores de equipamentos de lazer,portanto buscamos neste estudo entender as relações entre os usos da água nas práticas de lazer tendo como cenário as franjas de uma área natural de proteção integral. Esta temática tem sido objeto de estudos em diferentes autores (DIEGUES, 1998; BENSUSAN, 2006; IRVING,2006). Acredita-se que esta abordagem possa contribuir para uma interpretação do lazer turístico como um fenômeno de construção sociocultural de um tempo livre  (ELIAS E DUNNING, 1992; DUMAZEDIER,1980; MELO E ALVES JUNIOR,2003)baseado na busca de uma excitação agradável mediada pelos autocontroles sociais e espaço privilegiado de movimento fuga do cotidiano  e reencontro com a natureza intocada em espaços naturais que comportam beleza cênica/paisagística e grande biodiversidade, ressaltando o âmbito da disjunção  sociedade-natureza. 

METODOLOGIA:

A metodologia aplicada foi a observação participante que pode ser entendida  ´´como um processo pelo qual um pesquisador se coloca como observador de uma situação social, com a finalidade de realizar uma investigação científica´´. (MINAYO,2007;70). A pesquisa se deu a partir da produção de um levantamento das práticas de lazer locais associadas a usos da água e formas de divulgação turística da região, associadas à produção de um conjunto de imagens fotográficas sobre práticas locais de lazer. Neste inventario e analise das particularidades das práticas de lazer na Zona de Amortecimento da Rebio do Tinguá  utilizamos, numa primeira etapa da pesquisa, a produção de imagens fotográficas como uma ferramenta de pesquisa (MARTINS, 2003; GURAN,1992 ) com objetivo de apreender interações entre usuários de áreas de lazer e a paisagem da unidade de conservação. A observação participante e o uso da fotografia, esta última dialogando com o material analisado e revisão bibliográfica nos revela algumas particularidades do acesso ao lazer nas franjas da  Rebio. A criação de uma tipologia dos usos da água para lazer na região possibilita auxiliar no entendimento dos impactos produzidos pela apropriação das matas ciliares do rio Tinguá e outros.

RESULTADOS:

Nas margens da Rebio identificamos e classificamos quatro tipos de espaços e equipamentos, nos quais a prática de lazer tem relação direta com o uso da água: cachoeiras, poços, sítios e fazendas.a) Os sítios são equipamentos privado de lazer pago, podem ser alugados por temporadas compartilham de espaço construídos para day use(uso por um dia) e/ou hospedar visitantes; os turistas desfrutam de água tratada nas piscinas, esta água é oriunda da Rebio- Tinguá através de captação dos canos da CEDAE ou rios afluentes do Rio Boa Esperança e do Rio Tinguá; b) Fazendas tem características análogas aos dos sítios por serem equipamentos de lazer onde ocorre a cobrança de entradas, oferecem hospedagem, serviço de alimentação, múltiplas piscinas com água tratada,  atividades relacionadas à zona rural, porém com fatores diferenciais como o fluxo intenso de pessoas. c) Os poços são formados devido ao represamento da água da cachoeira por donos de empreendimentos, na maioria bares construídos nas áreas onde deveria existir a mata ciliar.Os bares não contam com infra-estrutura de qualidade, portanto os banheiros são sujos e o lixo produzido pelos visitantes é levado pelas águas da cachoeira.d)E finalmente, as cachoeiras e represas da CEDAE que situam-se no interior da reserva biológica.

CONCLUSÃO:

Há forte presença de equipamentos de entretenimento e turismo nas margens da Reserva Biológica do Tinguá, como sítios, fazenda, pousadas, pesque pague e parques de eventos, para os quais não existe o calculo de capacidade de carga ambiental e social das atividades turísticas. A construção de uma classificação dos modos de uso da água para o lazer na região foi o procedimento que possibilitou apreender uma diversidade de usos. Outra observação durante a análise dos materiais de divulgação é a suposta  comercialização da imagem da UC Rebio-Tinguá como um Parque, uma Unidade de Conservação onde a visitação é permitida.O deslocamento de grandes fluxos de visitantes para a região de Tinguá tem despertado interesses econômicos dos comerciários, sitiantes, fazendeiros e moradores que acreditam na polarização de um turista com maior poder aquisitivo como fator de crescimento econômico do Tinguá.Portanto, podemos observar uma procura pelo ambiente natural no tempo livre para a prática do lazer em equipamentos artificiais ou espaços naturais. Neste convívio entre visitantes com a natureza, poderá haver um fenômeno de fuga do ritmo estressante do espaço urbano baseado na busca de excitações agradáveis e o desfrute de banhos na águas oriundas da Rebio.

Instituição de Fomento: CNPQ/FAPERJ
Palavras-chave: Usos da água, Unidade de conservação, Lazer-turístico.