61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
Conhecimento de pacientes com insuficiência renal crônica sobre o tratamento hemodialítico 
Everaldo da Silva Roberto 1
Ellen Dornelas dos Santos 1
Luzitano Brandão Ferreira 2, 3
Evandro Reis da Silva Filho 4
1. Graduando em Enfermagem, Faculdade LS, Distrito Federal, Brasil
2. Médico, doutor em Genética, Faculdade LS, Distrito Federal, Brasil
3. Médico, doutor em Genética, Centro Universitário de Brasília, Brasil
4. Médico Nefrologista, Clinica de Doenças Renais de Brasília, Brasil
INTRODUÇÃO:

A insuficiência renal crônica representa um importante problema de saúde pública no Brasil, onde mais de sessenta mil pacientes são mantidos em programas de hemodiálise. Os pacientes com insuficiência renal crônica, especialmente aqueles sob tratamento hemodialítico, podem apresentar uma pronunciada redução de sua qualidade de vida. A detecção precoce da insuficiência renal e a adoção de condutas terapêuticas apropriadas podem retardar a progressão da doença, melhorar a qualidade de vida dos pacientes e diminuir os custos relacionados à insuficiência renal crônica.  

Dentre os fatores que podem afetar a qualidade de vida e a adesão ao tratamento está o grau de conhecimento dos pacientes sobre sua patologia. Neste sentido, a educação em saúde tem sido demonstrada como relevante para o êxito no tratamento de pacientes e da prevenção de suas complicações. Verificar o grau de conhecimento de pacientes sobre sua patologia pode proporcionar medidas efetivas para melhorar a conduta terapêutica. Devido ao exposto, o objetivo do presente estudo foi o de verificar o grau de conhecimento sobre hemodiálise de pacientes com insuficiência renal crônica, bem como averiguar possíveis fatores interferentes neste conhecimento.

METODOLOGIA:

Foi realizado um estudo com pacientes maiores de 18 anos, de ambos os sexos, sob tratamento hemodialítico devido à insuficiência renal crônica. Entrevistas com aplicação de questionário específico, coletas de dados demográficos e socioeconômicos através de revisão de prontuários foram realizadas. As características demográficas e socioeconômicas analisadas foram: idade, sexo, grau de escolaridade (fundamental, médio e superior) e classe socioeconômica (A,B,C,D e E).

As entrevistas foram conduzidas em uma clínica especializada em doenças renais da rede particular de saúde, na cidade de Brasília-DF. Antes as sessões de hemodiálise os pacientes responderam os questionários feitos especificamente para o presente estudo, aplicados por um único entrevistador.

 As comparações entre os grupos de foram realizadas através da análise de variância, com o pós-teste de Tukey e na verificação das correlações foi utilizado o teste de correlação de Pearson. A significância estatística foi estabelecida em 5% (p < 0,05). Todos os pacientes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido e este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário de Brasília.
RESULTADOS:

Do total de 67 pacientes estudados, 47 (70%) eram do sexo masculino e 20 (30%) do sexo feminino. A média de idade foi de 40,1 anos e o tempo médio de hemodiálise foi de 4,1 anos. Com relação à educação, nove (13%) apresentaram nível superior, 50 (75%) nível médio e oito (12%) tinham nível fundamental. Um indivíduo pertencia à classe social A (1%), somente dois (3%) à classe B, seis (9%) à classe C, 18 (27%) à classe D e 40 (60%) pacientes pertenciam à classe social E.  

A média de respostas corretas dos pacientes com insuficiência renal crônica foi de 82% de acertos. As análises de variâncias entre os grupos de indivíduos de diferentes níveis educacionais revelaram diferenças estatisticamente significativas entre os indivíduos com nível superior em comparação com aqueles com nível médio (p<0,05) e entre os de nível superior em comparação com os indivíduos que possuíam nível fundamental (p < 0,01). 

Houve uma correlação positiva altamente significativa (p < 0,01) com relação ao nível educacional e o número de respostas corretas, bem como uma correlação negativa significativa (p < 0,05) com relação à idade dos pacientes. O tempo de hemodiálise e a classe social não apresentaram correlações com o número de respostas corretas.

CONCLUSÃO:
O presente estudo constatou que maioria dos pacientes tem um bom entendimento sobre seu tratamento. Entretanto, verificou-se uma correlação negativa entre este mesmo conhecimento e a idade do paciente, ao passo que existe uma correlação positiva entre nível educacional e entendimento sobre hemodiálise. Deste modo, sugere-se que as equipes que acompanham os pacientes em tratamento hemodialítico tenham maior atenção com relação às explicações sobre este tipo de tratamento com pacientes de mais idade e com menor nível educacional para que eles possam vir a conhecer melhor sua doença, visando uma melhora no seu tratamento e em sua qualidade de vida.
Palavras-chave: insuficiência renal crônica, qualidade de vida, hemodiálise.