Um dos fatores de grande relevância para o controle do dengue é o nível de participação da comunidade. Considerando-se que a maior parte da responsabilidade pelos cuidados com a casa, independentemente do extrato social, normalmente corresponde às mulheres, é fundamental que as ações de educação em saúde tenham um direcionamento para as donas de casa, estimulando-as para o combate do Aedes aegypti e de seus criadouros. Portanto este trabalho teve o objetivo de examinar o nível de percepção das mulheres de Caxias, Maranhão em relação ao vetor do dengue e suas principais medidas de controle.

A coleta de dados foi realizada no período de fevereiro a abril de 2008 em  quatro bairros localizados na zona oeste da cidade (Fazendinha, Salobro, Pirajá e Caldeirões). Foram aplicados de forma aleatória, 200 questionários fechados ás mulheres, sendo 50 em cada bairro. Cada questionário era constituído de perguntas, para as quais posteriormente foram atribuídas notas com variação de 0-12 (sendo que a nota zero correspondeu à ignorância total sobre o tema e a nota doze, a resposta mais correta).  Para analise do questionário foram examinados a posteriori por meio do teste de Tukey. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Presidente Dutra da Universidade Federal do Maranhão, Protocolo nº. 33104.1366/2007. As mulheres entrevistadas assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Foram entrevistadas 200 mulheres nos quatro bairros, com predomínio da faixa etária acima de 41 anos (56%). O nível de escolaridade predominante entre as entrevistadas é o ensino fundamental incompleto, com 48%. Quanto ao conhecimento sobre a transmissão do dengue, 85,5% responderam que a doença ocorre pela picada do A. aegypti. Em relação ao reconhecimento do vetor, 56,5% não sabiam como é o mosquito e 38,5% disseram saber reconhecê-lo.  Sobre a atitude da população em colaborar no controle do dengue, 39 % das entrevistadas responderam que é não deixando águas acumuladas, pois é o local onde se desenvolve o vetor. Sobre o porquê de não se deixar água parada nos recipientes, 95,5%, respondeu que é para evitar a criação de novos mosquitos. Em relação ao local de desenvolvimento do vetor, 90% afirmaram que o A. aegypti necessita de água para completar seu ciclo de vida. Em relação às campanhas, 70% das entrevistadas responderam que a falta de demonstração do mosquito era um fator que trazia dificuldade no entendimento das medidas informadas. A relação entre conhecimento sobre dengue e seu vetor foi significativamente maior entre as mulheres do bairro Caldeirões e conforme teste de Turkey (p > 0,05), onde verificou-se a menor produtividade de imaturos.

As entrevistas realizadas com as donas de casas dos bairros em estudo mostraram que estas possuem um nível satisfatório de informação sobre dengue. A grande maioria soube relatar de forma correta como ocorre a transmissão da doença, bem como a importância dos recipientes contendo água parada para a proliferação do A. aegypti. Portanto as mulheres são importantes agentes no combate e eliminação dos potenciais criadouros do vetor do dengue, e um maior entendimento a respeito das principais medidas de controle do dengue, pode contribuir para elaboração de estratégias mais efetivas no combate ao dengue.