61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
CAUSAS E EFEITOS DA POLUIÇÃO SONORA.
Wislanildo Oliveira Franco 1
1. Universidade do Estado do Rio de Janeiro / UERJ
INTRODUÇÃO:

Você pode não saber ou estar consciente, mas você está sendo prejudicado, e muito, pelo ruído à sua volta. Seja ele proveniente do trânsito, do tráfego aéreo, máquinas e motores, aparelhos de ar condicionado, da sua geladeira, do seu secador de cabelos ou mesmo do seu liquidificador com o qual faz a sua vitamina diária.

A poluição sonora surge como ruído, o som indesejado produzido por fontes sonoras em qualquer ambiente. Há efeitos que afetam o indivíduo : distúrbios do sono, estresse, perda da capacidade auditiva, dores de cabeça, falta de concentração, aumento dos batimentos cardíacos e outros.

A poluição sonora tornou-se um problema de saúde pública, educação ambiental e cidadania. Há pouco conhecimento do assunto e seus efeitos. A poluição sonora por não ser perceptível aos nossos olhos e sentidos, é perigosa, seus efeitos são cumulativos e irreversíveis.

O objetivo deste trabalho piloto é investigar, analisar e caracterizar as influências e os efeitos da poluição sonora sobre o meio ambiente e os indivíduos neste ambiente, através de um questionário de perfil educativo ambiental e medidas de NPS.

METODOLOGIA:

Um questionário proposto como instrumento de pesquisa, foi elaborado com 10 itens de perguntas fechadas dicotômicas, tricotômicas e múltipla escolha, sobre diversos aspectos relacionados à poluição sonora. O questionário foi enviado através da Internet por email, para vários professores e discentes do IFADT/UERJ e pessoas conhecidas da comunidade externa. Foi aplicado pelo pesquisador a vários funcionários das Secretarias, Biblioteca e algumas turmas da Instituição. Colaboradores voluntários aplicaram o questionário a outros grupos de pessoas da comunidade externa.

Os dados coletados permitiram a construção de banco de dados, possibilitando análise direta através de gráficos e tabelas, relacionando as variáveis pertinentes à fenomenologia da poluição sonora, para o que foi utilizado programa de software convencional. Métodos estatísticos convencionais foram empregados para obtenção de resultados relacionados com as variáveis associadas ao fenômeno. Quatro categorias foram criadas, para análise e definição da fenomenologia : Percepção do Ruído de Várias Fontes; Percepção do Ruído em Diversos Locais; Influências Diversas e Conhecimentos Diversos.

Medidas de nível de pressão sonora (NPS) foram realizadas em vários locais da Instituição, e externamente. Os dados coletados permitiram inferir o LEQ padrão [NPS equivalente em dB(A)], para os vários lugares pesquisados.

RESULTADOS:

A amostragem da pesquisa de campo exploratória, com cerca de 135 questionários respondidos, permite uma inferência de 95% de confiabilidade com um erro amostral  de 10% . Utilizando-se análise gráfica e estatística, os principais resultados são descritos correlacionando-se as variáveis construídas para a fenomenologia.

Medidas de NPS foram realizadas em vários locais da Instituição, e comparadas com aqueles previstos na NBR 10152 . As medidas em todos os locais ultrapassaram os limites previstos, chegando-se a obter LEQ = 72 dB(A), da ordem de 50% maior que o limite máximo para salas de aula. O autor estimou que o tempo máximo de exposição, nestas condições, deveria ser de cerca de 160 h.  Em ambiente externo de tráfego leve, em via de trânsito secundária, mediu-se LEQ = 70 dB(A), indicativo de ambiente insalubre.

As análises gráfica e estatística do resultado da pesquisa de campo permitem verificar que mais de 50% das pessoas são muito incomodadas pelo ruído gerado no trânsito. De modo semelhante mais de 50% das pessoas responderam que sentem ruído pouco intenso ou intenso em seus ambientes de estudo, concordante com cerca de 50% de pessoas que relatam “perda de concentração” como influência do ruído.

CONCLUSÃO:

Neste projeto piloto há conclusões semelhantes àquelas encontradas na literatura sobre poluição sonora. Algumas são divergentes, visto características próprias do público alvo e seu habitat, parâmetros e categorias diferenciadas utilizados no instrumento de pesquisa. 

Conclui-se que as pessoas são muito incomodadas pelo ruído do trânsito, de construções e sirenes/alarmes, em ordem decrescente. Diferentemente as pessoas percebem ruído pouco intenso em seu local de trabalho e sua casa, ou não se importam com o ruído nestes ambientes. Há pouco conhecimento da poluição sonora, não se sabendo o limite de ruído tolerado pelo ouvido.

A pesquisa direciona para análise da percepção de ruído no local de estudo e perda de concentração, fatores relevantes em Educação. Aproximadamente 50% dos questionários foram respondidos por discentes. Sabe-se que há correlação entre ruído, inteligibilidade da fala e estresse profissional.

A metodologia deste trabalho pode servir de referência para proposição de Projetos de Ensino, Pesquisa e Extensão objetivando a Educação Ambiental proposta nos PCN’s , tematizando a poluição sonora e usando como ferramental a Física Acústica nos Ensinos Fundamental e Médio, inclusive na formação de Professores para Licenciatura.

Instituição de Fomento: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Palavras-chave: poluição sonora, educação ambiental, ambiente acústico.