61ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial

ENSINO SUPERIOR E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: O PERFIL DO VESTIBULANDO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

Maria Edith Romano Siems 1 Adriana Alcantara Vilarinho de Andrade 1

1. Universidade Federal de Roraima

INTRODUÇÃO:

A presença dos alunos com deficiência na Educação Superior em nosso país ainda ocorre em índices reduzidos que não refletem a proporção estatística destes indivíduos no conjunto da população do país. A ampliação do acesso de crianças com deficiência ao sistema regular de Educação Básica, que se intensificou a partir de meados da década de 1990 em nosso país, começa a refletir-se no crescimento do volume de adolescentes e adultos que, tendo concluído o Ensino Médio, passam a buscar o acesso às instituições que oferecem o Ensino Superior. O caráter meritocrático e excludente do sistema de exames vestibulares, no entanto, estabelece limites e dificuldades no acesso desses indivíduos aos cursos de graduação das Universidades públicas brasileiras. O estudo que aqui apresentamos teve como objetivos identificar o perfil do aluno com deficiência que busca o acesso às vagas oferecidas no concurso vestibular da Universidade Federal de Roraima, bem como as áreas de interesse para formação, de forma a subsidiar o desenvolvimento e orientar políticas institucionais que favoreçam não só o acesso desses indivíduos à instituição, como também sua permanência, com sucesso, nos cursos da UFRR.

METODOLOGIA:

A metodologia de pesquisa utilizada articulou a análise de dados quantitativos constantes das fichas de cadastramento dos candidatos com deficiência ao vestibular, com uma análise qualitativa das condições de realização do concurso vestibular através da aplicação de questionários semi-estruturados a candidatos com deficiência participantes do concurso vestibular, buscando identificar se, na avaliação desses sujeitos, a forma de estruturação das provas teve implicação nos resultados alcançados. Foram mapeadas fichas de cadastramento realizadas no ato de inscrição de candidatos ao vestibular da Universidade Federal de Roraima - UFRR, no período de 2006 a 2008, bem como identificadas as áreas de interesse, os tipos de deficiência apontados nos laudos que acompanham esses processos de inscrição e análise das condições de adequação solicitadas pelos vestibulandos. Posteriormente, através de entrevistas estruturadas realizadas com a equipe responsável pela CPV - Comissão Permanente de Vestibular, identificamos as condições efetivamente oferecidas para que os candidatos com deficiência realizassem suas provas. O período selecionado coincide com o período de planejamento e efetiva implantação do Núcleo CONSTRUIR de Acessibilidade ao Ensino Superior na UFRR.

RESULTADOS:

A análise dos perfis dos candidatos ao vestibular aponta um crescimento na busca de pessoas com deficiência pelo acesso aos cursos de graduação, bem como um crescimento no volume de ingresso desses indivíduos, com crescente ampliação também do número de alunos aprovados. O volume de candidatos com deficiência não aprovados, no entanto, sinaliza a necessidade de adequação das condições de aplicação das provas do concurso vestibular. Registra-se a prevalência da inscrição de pessoas com deficiências sensoriais e físicas, coincidindo com o que nos indicam os dados estatísticos das séries finais da Educação Básica. Destaca-se ainda que a faixa etária média dos candidatos ao vestibular é ligeiramente acima da média de idade dos candidatos que não apresentam deficiências e que há uma prevalência de busca pelo acesso a cursos de Licenciatura, elementos que entendemos demanda aprofundamento de pesquisa posteriores. Na percepção dos participantes, tanto dos que obtiveram sucesso, quanto dos que foram reprovados no concurso vestibular, as condições de realização das provas interferem negativamente nos resultados obtidos e há a necessidade de maior sensibilização dos responsáveis pela elaboração e condução dos processos seletivos de ingresso na universidade de forma a assegurar o acesso de indivíduos com deficiências ao ensino superior.

CONCLUSÃO:

Apesar do registro do crescimento no volume de alunos com deficiência aprovados nos exames vestibulares, há ainda um expressivo volume de candidatos que não foram aprovados e que, presume-se realizarão novas tentativas, associando-se anualmente aos demais estudantes com deficiência egressos do Ensino Médio. Neste sentido, nosso estudo aponta a pertinência de que sejam discutidos mecanismos que favoreçam o acesso desses indivíduos ao ensino superior, paralelamente ao desenvolvimento de um processo de estruturação de acessibilidade no âmbito da UFRR, que, favoreça a redução das barreiras atitudinais de docentes, discentes e técnicos, paralelamente ao esforço de eliminação das barreiras arquitetônicas e de comunicação que já está sendo conduzido no interior do campus. O mapeamento do perfil dos vestibulandos com deficiência que estão em busca de uma vaga em nossa universidade, favorecerá o planejamento de políticas institucionais de acesso e permanência desses alunos na UFRR. Destaca-se, em especial, o subsidio à adoção de providências de adequação das condições de aplicação de provas por parte da CPV – Comissão Permanente de Vestibular, para as quais se recomenda a audiência prévia dos interessados, reais conhecedores de suas condições e necessidades.

Palavras-chave: Educação Especial , Acessibilidade, Ensino Superior .