61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 1. Administração Educacional
PARTICIPAÇÃO E AUTONOMIA: COMO A REALIDADE SE APRESENTA. ANÁLISE DA PRÁTICA QUOTIDIANA DE DOZE ESCOLAS ESTADUAIS DO MUNICÍPIO DE NOVA IGUAÇU
Ilda Maria Baldanza Nazareth Duarte 1
Ana Valeria de Figueiredo 2
Edith Maria Marques Magalhães da Silva 3
Vera Lucia de Souza Neves 4
Zulmira Rangel Benfica 5
1. Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho / UMINHO
2. Departamento de Educação, Pontífica Universidade Católica / PUC-Rio
3. Departamento de Educação, Universidade Estacio de Sá / UNESA
4. Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho / UMINHO
5. Departamento de Educação, Universidade Iguaçu / UNIG
INTRODUÇÃO:

As relações de poder, autoridade, autonomia e participação transitam no espaço escolar interligado à organização interna e ao projeto de gestão que se deseja construir. O presente estudo pretendeu ser uma parcela de contribuição na análise das relações de autoridade, participação e democracia, no sentido de desvelar as práticas quotidianas que sejam participativas ou presas à subordinação, em doze escolas estaduais de Nova Iguaçu (RJ). O município em questão tem destaque no cenário estadual e nacional, por ser a 4ª cidade mais populosa do Brasil, o que faz da pesquisa um marco para futuros estudos. As orientações de Demo (1993), Estevão (2004), Lima Licínio (2002), Panteman (1992), Martins de Sá (2004), nortearam as considerações sobre o estudo, presentes em 12 unidades escolares no universo de 66 funcionários, 84 professores, 102 pais e 908 alunos, de forma randômica. Para tanto, o objetivo primordial deste trabalho se centrou em levantar a autonomia e participação dos atores na perspectiva de se verificar se é mito ou uma constatação efetiva no chão das escolas estes procedimentos cooperativos, já que se faz necessário participar para tornar efetivo o desenvolvimento do projeto pedagógico com todos os segmentos do contexto escolar.

METODOLOGIA:

Procurou-se identificar o modelo interno de organização e funcionamento, assim como as concepções compartilhadas com o grupo que transitam no quotidiano e que formam o “ethos” da escola. Para tanto se fez necessário caminhar no sentido de desvelar as relações e a forma de participação que ocorrem entre os vários atores do cenário escolar e como a prática administrativa influi na construção de um projeto pedagógico de forma participativa. Para efetivação do estudo, buscou-se fundamentação em Castoriardis (1991); numa abordagem qualitativa, conforme preconiza Demo (1991); com a implementação da metodologia etnográfica das práticas quotidianas, de acordo com as orientações de André (1989), utilizando-se questionários, entrevistas, observações apuradas nas interações ocorridas no espaço escolar pesquisado, de modo a permitir e estruturar o quadro configurativo da realidade estudada em função do qual se fez análises e interpretações, garantindo a fidedignidade e o rigor científico dos dados coletados nas doze unidades.

RESULTADOS:

As três principais questões levantadas para estudo nas doze unidades escolares pesquisadas constatam incoerências, uma vez que os respondentes apontam que as relações entre os diversos atores são boas, afirmando existirem espaços de participação. No entanto um número considerável de respondentes nega esta participação. Os resultados afirmativos para a questão foram os seguintes: quarenta e sete funcionários; setenta professores; setenta e nove pais e seiscentos e vinte e cinco alunos. Quanto à segunda questão, “se já participaram de reuniões na escola,” afirmam que sim: vinte e seis funcionários; quarenta e seis professores; quarenta e seis pais e duzentos e dois alunos. Afirmam que não: trinta e três funcionários, e sete desconhecem; quarenta e dois pais e quatorze desconhecem; quatrocentos e setenta e oito alunos afirmam que não duzentos e vinte e oito alunos desconhecem. Quanto à terceira questão, “se tem conhecimento do funcionamento do conselho Escola-Comunidade,” foram os seguintes resultados: afirmam negativamente vinte e cinco funcionários; doze professores; quarenta e cinco pais e quinhentos e vinte e cinco alunos. Positivamente quarenta e um funcionários; setenta e dois professores; cinqüenta e sete pais e trezentos e oitenta e três alunos.

CONCLUSÃO:

Ao longo do estudo constatou-se que a comunidade escolar independentemente da imposição legal abraçou a idéia de participação tornando-a um compromisso coletivo e que as direções lideram esta idéia. Pais, professores, funcionários e alunos apontam a importância da convivência participativa democrática nos espaços escolares. São visíveis avanços e retrocessos que, fazem parte do processo, democrático e parafraseando Demo (1996) para ocorrer crescimento e preciso diálogo, o dissenso, o fazer em grupo no caminhar do consenso. Neste sentido, observa-se que o corpo social se posicionou de forma contraditória, porém ao término das reflexões chegam a um denominador comum de que a autonomia depende da participação efetiva dos atores para alcançar a meta comum da melhoria do processo ensino aprendizagem. Quanto ao desconhecimento relativo a algumas questões pode-se atribuí-la a falta de comunicação igualitária entre todos os segmentos Ressalta-se que esta prática constituiu ainda um resquício da escola tradicional, quando o professor era o centro do processo, também foi possível detectar que o processo democrático instalado nas escolas é uma conquista irreversível e os seus usuários estão aprendendo a trabalhar em conjunto, objetivo da formação que se impõe hoje para todas as pessoas.

Palavras-chave: Participação, Autonomia, Prática Quotidiana.