61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 2. Ensino de Física
ENSINO DE CIÊNCIAS NO PROEJA: INCLUSÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA
Maria Helena Pamplona Beltrão da Fonseca 1
Ernesto Macedo Reis 2
Marília Paixão Linhares 1
1. LCFIS, Universidade Estadual do Norte Fluminense / UENF
2. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense / IF Fluminense
INTRODUÇÃO:
Qual é o ensino de Ciências Naturais que devemos promover no PROEJA e como se deve proceder? É este o desafio enfrentado nos mais diversos cantos do país onde se vivencia o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na modalidade Educação de Jovens e Adultos. Nosso objetivo é destacar uma proposta pedagógica que interdisciplinariza o conhecimento das áreas de Biologia, Física e Química tendo como foco Estudos de Caso (EC), definidos por temas de interesses do Curso Técnico ao qual o aprendiz está agregado. Tem-se como base de apoio um ambiente virtual de aprendizagem, utilizado para flexibilizar as dificuldades dos estudantes assistirem todas as aulas. Nesse caso, a tecnologia Internet pode se constituir um diferencial quanto a uma formação digital inclusiva dos estudantes. O PROEJA foi criado pelo Decreto nº. 5.478/2005 para os CEFETs, que têm uma história de formação nas áreas tecnológicas. Assim, pensar a Física, a Química e a Biologia como centro da formação propedêutica nos parece razoável e compatível com as modalidades de cursos oferecidos. Assumimos que um EC deva ser um módulo completo de conhecimentos científicos que cada estudante possa construir, respeitando-se as diferenças e individualidades. Nesse trabalho, damos como exemplo, as Nanotecnologias, o primeiro tema de estudo proposto aos aprendizes calouros. O sistema pode ser conhecido parcialmente em [www.uenf.t5.com.br].
METODOLOGIA:
O que são nanotecnologias e o que representam na vida cotidiana? – Esta é a pergunta feita no texto do EC com intuito de sabermos o que sabem os estudantes sobre o que irão estudar. Um Caso é uma construção, no formato de texto que deve abrir janelas para o estudo. A metodologia de ensino se baseia na investigação e interatividade consistindo fundamentalmente em três passos: 1 - identificar as idéias prévias dos estudantes sobre o Caso, 2 - favorecer interações com materiais selecionados ricos em informações, promover diálogo-cooperação e valorizar a argumentação-defesa de idéias, 3 - potencializar respostas mais satisfatórias às questões propostas, favorecendo avanço conceitual. Na pesquisa a intenção é responder a seguinte questão: o que se deve ensinar de Ciências e como, no sentido de ampliar o interesse pelo curso, a melhoria do nível escolar e, consequentemente a redução na evasão? Para conduzi-la desenhou-se uma pesquisa-ação do tipo etnográfico. Os instrumentos são; o Espaço Virtual de Aprendizagem que armazena todas as intervenções dos alunos, entrevistas, questionários e observações dos professores de Biologia, Física e Química, alunos de pós-graduação de mestrado e doutorado da área de Ensino de Ciências. O público-alvo é uma turma do PROEJA acompanhada durante dois anos, quatro semestres letivos da formação geral no PROEJA.
RESULTADOS:
A pesquisa inicial para traçar o perfil do grupo indicou, através da aplicação de questionário, que dos 17 alunos, 59% (10 alunos) têm mais de 22 anos, 65% (11 alunos) encontram-se afastados do ensino formal há mais de quatro anos, 82% (14 alunos) têm como objetivo a formação profissional em Eletrônica, nenhum aluno revelou interesse por fazer algum tipo de vestibular, 88% (15 alunos) revelaram não ter boas lembranças de seus estudos de Ciências, principalmente de Física, mesmos os 13 alunos (76%) que já completaram o Ensino Médio. Neste grupo se à princípio ocorreram dúvidas e incertezas na compreensão do EC e até nas definições dos conceitos abordados [aluno J!: Nano: pequeno e leve Tecnologia: avanço tecnológico Nanotecnologia: alguma coisa pequena e leve ligado a área da tecnologia. :-?], a possibilidade de interação com o professor durante o estudo de caso contribuiu para esclarecer os conceitos indicados no texto. Ressalte-se o interesse pelas diversas abordagens, transdisciplinares e interdisciplinares que aproximou cada aluno do curso técnico que faziam [aluno 1: na nanotecnologia todas as ciências se encontram; aluno 2: o computador que foi apresentado em 1946, um aparelho imenso que ocupava grande espaço, hoje já se consegue sair por aí com um computador na mão].
CONCLUSÃO:
Podemos dizer que o ensino de Ciência com apoio das Tecnologias de Informação e Comunicação, que concebemos como uma ação pedagógica inovadora quando se trata do PROEJA se abre à diversidade sociocultural; atrai, envolve e cativa pessoas diferentes, pois reduz as formalidades. Uma compreensão maior da aula de Ciência para além da sala de aula traz implicações dignas de reflexão para os profissionais da educação e dos professores que trabalham nas Licenciaturas de Ciências, os sistemas educacionais, o mundo do trabalho e as instituições de ensino de modo geral. Os resultados demonstram que o uso da tecnologia por parte dos alunos nos programas presenciais propicia a expansão dos espaços de aprendizagem, a ampliação de horizontes para novos conhecimentos mais próximos da formação profissional, o estabelecimento de novas relações professor-aluno e a possibilidade mudanças das metodologias conservadoras usadas no presencial. Porém, o principal é que cada aluno pode ser acompanhado mais de perto, o que facilita identificar as necessidades de cada um. Isso é relevante, pois o público do PROEJA é diversificado em todos os sentidos.
Instituição de Fomento: CAPES/SETEC
Palavras-chave: PROEJA, Ensino de Ciências, Inclusão Científica e Tecnológica.