61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 6. Recursos Florestais e Engenharia Florestal
CRESCIMENTO DE ESPÉCIES ARBÓREAS NO PERÍODO DE TRÊS ANOS E OITO MESES EM UMA FLORESTA NATURAL SUBMETIDA À EXPLORAÇÃO DE IMPACTO REDUZIDO NA REGIÃO DE PARAGOMINAS, ESTADO DO PARÁ, NA AMAZÔNIA BRASILEIRA
João Olegário Pereira de Carvalho 1
Ulisses Sidnei da Conceição Silva 2
Josué Evandro Ribeiro Ferreira 3
1. Embrapa Amazônia Oriental
2. Museu Paraense Emílio Goeldi
3. Cikel Brasil Verde Madeiras Ltda.
INTRODUÇÃO:
O crescimento das árvores é um dos principais fatores a ser considerado nos planos de manejo que visam à exploração de madeira em florestas naturais. É monitorado por meio de inventários florestais contínuos, normalmente realizados em parcelas permanentes. Os dados obtidos nesses inventários fornecem informações importantes para a compreensão do funcionamento do ecossistema florestal, facilitando o seu manejo, orientando o planejamento e a tomada de decisões para garantir o uso sustentável da floresta. O estudo sobre o incremento da floresta após a primeira colheita de madeira serve de base para se fazer prognósticos em relação à sua produção para os próximos cortes. O objetivo deste trabalho é analisar a taxa de crescimento de uma floresta explorada sob impacto reduzido, num período de três anos e oito meses, na região de Paragominas, na Amazônia brasileira, e aumentar o conhecimento em relação aos efeitos da colheita da madeira na dinâmica das espécies arbóreas na floresta, gerando mais informações para a elaboração de planos de manejo que garantam a utilização sustentável das florestas naturais da região.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada em 108ha de floresta natural na Fazenda Rio Capim, da Cikel Brasil Verde Madeiras, no município de Paragominas, PA. Em 2003 foi realizada uma exploração florestal de impacto reduzido na área, seguindo as diretrizes estabelecidas no plano de manejo da fazenda. Foram colhidas, em média, 4,33 árvores.ha-1 de 17 espécies arbóreas. Foram realizadas quatro medições: em 2003, um mês antes da exploração; em 2004, sete meses após a exploração; em 2005, 24 meses após a exploração; e em 2007, 44 meses após a exploração. Todas as árvores com DAP (diâmetro a 1,30m do solo) igual ou superior a 10cm foram registradas. As medições foram feitas em 36 parcelas permanentes de 50m x 50m, estabelecidas aleatoriamente na área, sendo: 12 parcelas nas amostras onde foram colhidos apenas os fustes comerciais (T1); 12 nas amostras onde, além dos fustes comerciais, foram colhidos os resíduos lenhosos com diâmetro superior a 10cm (T2); e 12 nas amostras de floresta não-explorada (T0). Os dados foram processados pelo programa Monitoramento de Florestas Tropicais – MFT, desenvolvido pela Embrapa Amazônia Oriental para avaliar dados de inventário contínuo, obtidos em parcelas permanentes. Avaliou-se o incremento da floresta no período de 2003-2007.
RESULTADOS:
O incremento médio em diâmetro no período avaliado (2003-2007 - três anos e oito meses) foi de 0,28cm.ano-1, tanto no T1 como no T2, enquanto na floresta não-explorada foi de 0,23cm.ano-1. A área basal média antes da exploração, tanto no T1 como no T2 era de 27m2.ha-1. De novembro de 2003 a julho de 2007, a recuperação da área basal foi de 0,47m2.ha-1 no T1 e no T2. Se o crescimento diamétrico da floresta fosse mantido nesse mesmo ritmo observado nesses três primeiros anos e oito meses monitorados, a área basal da comunidade arbórea estaria recuperada em torno de 19 anos nos dois tratamentos. Portanto, a floresta estaria pronta para um novo corte, porém colhendo-se madeira de espécies diferentes daquelas colhidas no primeiro corte. Entretanto, embora o volume de madeira retirado no primeiro corte tenha sido baixo, o período monitorado foi muito curto para se tirar conclusões precisas sobre a taxa de crescimento da floresta, principalmente porque a avaliação foi feita nos anos imediatamente seguintes à exploração florestal, quando normalmente a recuperação da floresta é mais rápida, devido à maior radiação solar na área. Porém, o experimento continua sendo monitorado e, provavelmente, até 2013 prognoses mais precisas poderão ser feitas.
CONCLUSÃO:
O crescimento da floresta explorada sob impacto reduzido, devido à maior entrada de radiação solar ocasionada pela abertura do dossel, em conseqüência da derruba das árvores, é superior ao crescimento da floresta não-explorada, embora semelhante aos menores incrementos diamétricos observados em florestas amazônicas. Porém, considerando que o volume de madeira retirado foi baixo, envolvendo poucas árvores de apenas 17 espécies arbóreas, a área basal das árvores vem se recuperando em ritmo que poderá atingir o ponto de novo corte da floresta antes dos 30 anos estabelecidos por lei. Entretanto, como a avaliação foi feita nos anos imediatamente após a realização da exploração florestal, quando normalmente o crescimento das árvores é mais rápido, há a necessidade de continuar com o monitoramento na área para que daqui a mais, pelo menos, cinco anos, quando o ritmo de crescimento se tornar mais lento, se possa fazer uma nova predição do crescimento.
Instituição de Fomento: Embrapa, CNPq, Cikel
Palavras-chave: crescimento de florestas naturais, incremento diamétrico de árvores, manejo de florestas naturais.