61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 3. Saúde de Populações Especiais
PREVALÊNCIA DE SINTOMAS DE DEPRESSÃO MAIOR NA POPULAÇÃO RIBEIRINHA DA REGIÃO DO MÉDIO SOLIMÕES - AMAZÔNIA
Sávio José da Silva BATISTA 1
Rosana Cristina Pereira PARENTE 2
Ana Cyra dos Santos LUCAS 3
Rodrigo Otávio MORETTI-PIRES 4
1. ISB/UFAM
2. DEstatística/UFAM
3. DAC/FF/UFAM
4. DSP/CCS/UFSC
INTRODUÇÃO:
Os quadros clínicos de transtornos depressivos vêm apresentando alta e crescente prevalência na população em geral, e há evidências científicas suficientes mostrando que a depressão está entre as doenças mais comuns, prejudiciais e que causam mais custos para a sociedade, tornando-se um dos problemas mais graves em saúde pública. Segundo a Organização Mundial de Saúde, as próximas duas décadas serão de mudanças no perfil de morbimortalidade das populações, incluindo a característica de que as doenças não transmissíveis como a depressão apresentarem maior prevalência quando comparado às doenças infectocontagiosas. O objetivo do presente trabalho foi levantar a prevalência de sintomas de depressão maior em comunidades ribeirinhas da Região do Médio Solimões.
METODOLOGIA:
Estudo epidemiológico de corte tipo transversal, em amostra aleatorizada, nas etapas de ‘região’, ‘rio’, ‘comunidade’ e, por fim, o cluster amostral foi considerado a ‘residência’ em que todos os adultos foram entrevistados. Foi realizada randomização para cada etapa da amostragem, de forma que se configurou como amostra casual. Referindo-se a uma população total de 20.353 ribeirinhos, dispersos em 232 comunidades, com razão entre os sexos de 0,96, conforme o definido por Kish para levantamentos populacionais a amostra calculada foi de 362 ribeirinhos, atribuindo-se um erro de 5%. Amostra final foi de 447 sujeitos, com 2% de não respondentes. O instrumento utilizado foi o Questionário para Morbidade Psiquiátrica, em sua forma reduzida de 25 questões, através de entrevista. Os sintomas pertinentes a depressão maior presentes no instrumento são: diminuição do interesse ou do prazer em realizar suas atividades diárias, fadiga ou perda de energia, sentimentos excessivos ou inadequados de culpa, dificuldade para pensar com clareza ou para tomar decisões e idéias de suicídio. Para o tratamento dos dados, utilizou-se o Teste T para comparação entre as médias, com grau de confiança a 95%.
RESULTADOS:
Dos ribeirinhos entrevistados 55,26% foram do gênero masculino e 44,74% feminino. As prevalências de sintomas de depressão maior no gênero masculino seguiram a seguinte distribuição: 30,92% não apresentaram sintomas; 22,89% um sintoma; 27,30% dois sintomas, 7,22% com três sintomas; 9,23% com quatro sintomas; e 2,24% apresentaram cinco sintomas. E no que diz respeito ao gênero feminino: 21,07 % não apresentaram sintomas, 22,55% com um sintoma; 15,20% dois sintomas; 17,64% com três sintomas; 14,70% com quatro sintomas; e 8,84% apresentaram cinco sintomas. Tomando como ponto de corte de três sintomas para caracterizar tendência a depressão maior, 18,89% no gênero masculino e 41,18% no gênero feminino. Outro resultado importante refere-se a maior prevalência de homens sem sintomas depressivos quando comparado a prevalência de mulheres sem sintomas depressivos (30,92% versus 21,07%). É importante ressaltar que ao ser utilizado o Test T, houve diferença significante estatisticamente entre os gêneros, com p < 0,001.
CONCLUSÃO:
O gênero feminino apresentou maior prevalência de sintomas de depressão maior quando comparada com população masculina.
Palavras-chave: Depressão Maior, ribeirinhos, Médio Solimões.