61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
ECOLOGIA POPULACIONAL DE Ochroma pyramidale (Cav. Ex Lam.) Urb. (MALVACEAE) EM UMA FLORESTA EXPERIMENTALMENTE PERTURBADA, ACRE
Clívia Bezerra Araújo 1
Elder Ferreira Morato 2
Moisés Silveira Lobão 2
1. Instituto de Ciências Agrárias ICA, Universidade Federal Rural da Amazônia UFRA
2. Centro de Ciências Biológicas e da Natureza, Universidade Federal do Acre UFAC
INTRODUÇÃO:
Eventos de perturbação, nos ecossistemas terrestres amazônicos, podem promover o processo de sucessão secundária da vegetação, do qual participam espécies de diferentes grupos ecológicos. As primeiras espécies a ocupar estes ambientes são as pioneiras que, de modo geral, tendem a ocorrer de forma agregada, exigem luz abundante para germinação, suas plântulas são pouco tolerantes à competição com outras espécies e apresentam um grande poder de dispersão. A utilização das espécies pioneiras, como alternativa de uso no mercado madeireiro demanda informações ecológicas. Assim, o estudo da ecologia populacional das espécies é o primeiro passo. A espécie Ochroma pyramidale (Malvaceae), conhecida como algodoeiro ou pau-de-balsa, pertencente ao grupo das pioneiras, vem sendo muito utilizada em plantios mistos e recuperação de áreas degradadas, por apresentar crescimento rápido. Sua ocorrência natural estende-se ao longo de amplas regiões tropicais da América Central e do Sul, desde a região sul do México até Bolívia e Peru, ocorrendo ainda nas Antilhas. O conhecimento sobre a auto-ecologia de espécies arbóreas pioneiras também é muito importante para a conservação dos ecossistemas florestais dos quais fazem parte. Desta forma, este trabalho teve como objetivo estudar a estrutura populacional de Ochroma pyramidale (Cav. Ex Lam.) Urb. (Malvaceae) em uma área em sucessão florestal, experimentalmente desmatada para esse fim.
METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado na Reserva Experimental Catuaba (REC), localizada no município de Senador Guiomard, no período de outubro de 2006 a junho de 2007. Foi realizado um inventario 100% do algodoeiro numa área de 0,6 ha (90 x 80 m) e tomada suas medidas de diâmetro à altura do peito e posição. Foram estimadas também a densidade, distribuição espacial e associação interespecífica com o bambu (Guadua weberbaueri). Foi feita uma comparação entre os algodoeiros da área experimental e os que ocorrem nas bordas da floresta da REC em áreas não experimentalmente desmatadas. Para as análises dos dados foram empregados os programas estatísticos BioEstat 5.0 e Statistica 5.0. Análises de correlações não paramétricas foram realizadas através dos coeficientes de correlação de Spearman (rs). As análises de abundância, densidade e freqüência foram realizadas de forma descritiva. A distribuição espacial dos indivíduos foi avaliada por meio do índice de dispersão (I.D.). Foi realizado o cálculo da taxa de mortalidade absoluta, a qual foi definida como o número de árvores mortas por unidade de tempo. Foi também calculada a taxa de mortalidade relativa ou per capita, definida como o número de árvores mortas em um período de tempo em relação ao número de árvores registradas no inicio da amostragem. A estrutura diamétrica foi analisada através de um diagrama de distribuição de freqüência por classe diamétrica.
RESULTADOS:
Ao todo foram registrados 412 algodoeiros e uma densidade de 680 ind./ha. A altura média das árvores na população foi de 9,0 m (s= ± 3,2) e área basal total da população foi de 8,65 m2/ha. Sua freqüência foi de 54,2 % e distribuição espacial fortemente agregada. Esse tipo de distribuição é característica de espécies pioneiras. Foi feita a distribuição de freqüência por classe de diâmetro, totalizando 10 classes, com intervalo de 5 cm. Esta população apresentou uma curva unimodal (moda na classe 2 (7,5 -12,5 cm)), com muitos indivíduos nas menores classes de DAP, mostrando-se muito diferente da população da borda, que apresentou indivíduos mais velhos. Esta é uma característica típica do grupo das pioneiras. Ao todo, foram constatadas 21 árvores mortas, o que representa 5,1% do total da população. Estes indivíduos apresentaram um DAP médio = 6,15 cm (s = ± 4,8). A maior taxa de mortalidade foi verificada no período seco, no qual as árvores mortas pertenciam em sua grande maioria à menor classe (2,5 – 7,5 cm). A distância das árvores até a borda não influenciou a mortalidade (rs = 0,39; p = 0,3357; g.l. = 6). A mortalidade pode ter sido provocada por outros fatores, tais como a competição entre os próprios indivíduos da população ou ainda com os de outras espécies. Não houve associação interespecífica entre o algodoeiro e o bambu na área (análise de contingência; 2 com a correção de Yates = 4,43; p = 0,0635; g.l. = 1). Possivelmente estas espécies ocorreram juntas naquela área de forma casual.
CONCLUSÃO:
O. pyramidale apresentou alta densidade e distribuição espacial fortemente agregada. Uma população jovem com maior frequência nas classes menores, seguindo uma curva unimodal. Indivíduos mais velhos foram encontrados em maior freqüência na área controle mais velha e não experimentalmente perturbada. A mortalidade foi maior em indivíduos jovens com menores diâmetros e no período seco e parece não ter sido afetada significativamente pela borda. Não houve associação interespecífica entre Ochroma pyramidale e Guadua weberbaueri na área experimental.
Palavras-chave: espécie pioneira, Ochroma pyramidale, ecologia populacional.