61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
DIETA DE QUATRO ESPÉCIES DE CHARACIDAE (OSTEICHYTHES, CHARACIFORMES) ASSOCIADAS A RAÍZES DE MACRÓFITAS EM LAGOS DE VÁRZEA DA AMAZÔNIA CENTRAL.
Eduardo dos Reis Paes 1
Rosseval Galdino Leite 1
José Vagner Valente da Silva 1
Gabriel Gazzana Barros 1
1. INPA
INTRODUÇÃO:
As macrófitas aquáticas de várzea da Amazônia Central são abundantes nos períodos de águas altas. Ainda no século passado, foi chamada a atenção para a escassez de informações sobre a biologia dos peixes que vivem associados a essas macrófitas (Goulding, 1980).  Junk (1973) observou que as partes submersas das macrófitas formam um hábitat complexo, composto de caules e raízes que são colonizadas por algas e invertebrados no qual são fontes de alimento para peixes. Araújo-Lima et al. (1986) estudando este ambiente no arquipélago de Anavilhanas, afirmaram que a distribuição dos peixes nos diferentes tipos de macrófitas está relacionada à complexidade das estruturas, no que se refere à proteção e refúgio. Já Sanchez-Botero (2000) investigou as condições físico-químicas nos ambientes de macrófitas da Amazônia Central e conclui que a distribuição dos peixes está relacionada a melhores condições de Oxigênio. Neste trabalho estudamos a alimentação das quatro espécies de Characiformes (PISCES, Characidae) de pequeno porte que, foram mais abundantes nos ambientes de macrófitas aquáticas da Amazônia Central.              
METODOLOGIA:

As capturas foram realizadas utilizando uma rede de arrasto medindo 12x3m de comprimento, com malhas de 5 mm entre nós opostos. Foram realizadas 16 coletas, quatro para cada tipo de macrófita. Foram selecionados para análise do conteúdo estomacal, 25 indivíduos de cada espécie de peixe proveniente de cada tipo de macrófita aquática. Esses indivíduos foram eviscerados e seus estômagos foram retirados com material cirúrgico e examinados sob microscópio estereoscópio; os itens alimentares foram identificados no mais baixo nível taxonômico possível. Nas análises foram utilizados os métodos de Freqüência de Ocorrência (%) e Volume Relativo (Goulding, 1980; Hyslop, 1980).

 

RESULTADOS:
Os resultados obtidos revelaram que durante a cheia os pequenos characídeos Hemigrammus rodwayi, Ctenobrycon hauxwellianus, Odontostilbe sp. e Moenkhausia intermédia alimentaram-se principalmente de zooplâncton  e larvas de insetos aquáticos ou semi-aquáticos, associados às macrófitas Paspalum repens , Echinochloa polystachya e Eichornia spp., e ao ‘’capim morto’’, onde houve um aumento de quironomídeos na dieta, devido à sua grande disponibilidade nesse tipo de ambiente.
CONCLUSÃO:

Informações obtidas por Chu-Koo (2000) revelaram que os juvenis de Characiformes estão relacionados com a abundância do zooplâncton de várzea, daí a sua presença naquele ambiente. A constatação de que a dieta das quatro espécies de Characiformes (PISCES, Characidae) estudadas neste trabalho, é baseada em pequenos crustáceos e larvas e outras fases iniciais de insetos aquáticos demonstra que, realmente, este ambiente é propício a esses peixes durante a sua vida. A manutenção de herbáceas aquáticas como Paspalum reppens, Eichhornia spp., Echinochloa polystachya tanto vivas quanto em decomposição no ambiente, tem um significado especial tanto para as larvas de peixes (Leite 2000) quanto para os pequenos Characiformes os quais se encontram neste tipo de ambiente por motivos semelhantes: proteção e alimentação. Entretanto conclui-se que estes caracídeos dependem grandemente da oferta de microcrustáceos nas áreas de macrófitas aquáticas dos lagos de várzea da Amazônia Central, concordando com Chu-Koo (2000) e que proporcionalmente, estas espécies dependem muito mais deste grupo de presas do que as larvas de peixes as quais também selecionam outras presas além de cladóceros (Leite, 2000; e Silva, 2004).

 

Instituição de Fomento: Fapeam
Palavras-chave: Characiformes, Macrófitas, Alimentação.