61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental
INFLUÊNCIA DOS RESÍDUOS DOMÉSTICOS E INDUSTRIAIS SOBRE A QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO NEGRO NA ORLA DE MANAUS/AM.
Antônia Gomes Neta Pinto 1
Maria do Socorro Rocha da Silva 1
Helder Manuel da Costa Santos 2
Domitila Pascoaloto 1
1. instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
2. Instituto de Saúde e Biotecnologia da Universidade Federal do Amazonas
INTRODUÇÃO:
Na região Amazônica, a contaminação dos recursos hídricos urbanos é uma realidade preocupante, pois, além da poluição por esgotos domésticos, aumenta também a contaminação por efluentes industriais. Este tipo de contaminação ocorre há mais de duas décadas nos igarapés de Manaus, capital do Amazonas, que são tributários do principal agente de drenagem da cidade, o rio Negro. Na orla de Manaus, área do presente estudo, este rio recebe a contribuição dos tributários urbanos (igarapés São Raimundo e Educandos) e do igarapé Tarumã, que drena principalmente área rural. As microbacias dos igarapés Educandos e São Raimundo drenam área densamente povoada desde suas nascentes até a foz, e tem suas margens ocupadas por residências, além de diversas atividades em seu entorno. A microbacia do Tarumã, embora tenha grande parte de sua área ocupada por residências e outra atividade ainda mantém as características naturais, mas, a ocupação se intensifica em sua bacial. Alguns de seus tributários se encontram em processo de degradação devido às atividades econômicas em seu entorno. Em vista disso, este trabalho teve como objetivo geral avaliar a influência do regime hidrológico do rio Negro sobre a qualidade de suas águas, na orla de Manaus, em vista dos contaminantes químicos que recebem.
METODOLOGIA:

A área de estudo compreende um trecho da margem esquerda do rio Negro, que forma a orla fluvial de Manaus, da foz do igarapé Tarumã ao Porto da Ceasa, limitada ao norte pelo paralelo 3º00´ e ao sul 3º10´ e pelos meridianos 59 60º05´ e 59º50´ W.G. Foram coletadas amostras de água, na foz e a jusante dos igarapés de área urbana São Raimundo (FISR) e Educandos (FIE e JIE) e, a montante, foz e jusante do igarapé Tarumã (MIT, FIT e JIT), que tem parte da bacia em área rural, em novembro de 2002, fim do período de estiagem e em junho de 2003, fim do período chuvoso. Os dois períodos correspondem aos níveis mais baixo da vazante e mais altos da cheia, de acordo com dados fornecidos pela Administração do Porto de Manaus. Foram, em seguida, feitas análises de parâmetros característicos para a avaliação da qualidade da água: pH, Eh, condutividade elétrica, oxigênio dissolvido, DBO, amônia e nitrito,  segundo técnicas internacionais.  

RESULTADOS:
O pH variou de 4,7 (JIE), em junho, a 6,9 (FISR e FIE) em novembro; a condutividade elétrica teve oscilou entre os dois períodos entre 7,3μS/cm (MIT) e 593,0 μS/cm (JIE), em junho e novembro, respectivamente. O potencial redox (Eh) variou de 105 – 201 mV, em novembro e 168 – 279 mV, em junho, o que dá à água do rio Negro caráter redutor, pois, está na faixa de transição redutor-oxidante. O oxigênio dissolvido teve menores valores em FIE (0,31 mg/L) e FISR (0,71mg/L) e o maior de 8,3 mg/L (MIT). Os menores valores são devidos a grande carga de esgotos ao longo dos igarapés. A DBO confirmou a baixa aeração da água em FIE e FISR, pois, ficou, em termos percentuais, como 100% do oxigênio disponível. A contribuição antrópica na foz dos igarapés urbanos (FISR e FIE) é, também, confirmada pelos íons amônio e nitrito, onde nesses locais o amônio oscilou, entre 6,03 mg/L (FISR) e 9,25 mg/L (FIE) em novembro, enquanto em junho ficou entre 5,15 mg/L (FISR) e 2,45 mg/L (FIE). O nitrito teve valores maiores valores também em novembro de 4,84 mg/L (FISR) e 8,23 mg/L (FIE). Os demais locais apresentaram valor máximo de 1,12 mg/L, o que é normal para a região águas naturais classificadas como classe especial pela Resolução 357 do CONAMA.
CONCLUSÃO:
Os resultados deste trabalho indicam que a influência dos igarapés contaminados (São Raimundo e Educandos) altera a qualidade da água do rio Negro, na orla da cidade de Manaus. No entanto, devido ao seu grande volume, principalmente quando o rio atinge o nível máximo, na cheia, estes poluentes são diluídos, o que pode ser notado ao se comparar as concentrações das variáveis ambientais nas amostras coletadas nos meses que correspondem aos períodos de maior e menor nível da água.
Palavras-chave: rio Negro , diluição de poluentes, contribuição antrópica.