61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 6. Recursos Florestais e Engenharia Florestal
EFEITOS DE EXTRATIVOS DA CASCA  DE ESPECIES FLORESTAIS A CUPINS NASUTITERMES SPP. (ISOPTERA; TERMITIDAE)
CRISTIANO SOUZA DO NASCIMENTO 1
JOSÉ WELLINGTON DE MORAIS 2
BASILIO FRASCO VIANEZ 2
ANA PAULA BARBOSA 2
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS -UFAM
2. INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA
INTRODUÇÃO:

Na década de 40, descobriu-se que as plantas respondiam ao ataque de patógenos através da síntese localizada de compostos de defesa, tais como alcalóides, compostos fenólicos e flavonóides, entre outros. Assim, chegou-se ao isolamento de inúmeros produtos naturais com atividades antimicrobiana, inseticida e medicinal.

A madeira apresenta uma gama variável de utilização, nos meios rural e urbano. Porém, em virtude da sua estrutura e constituição química, a base de compostos orgânicos, esta sujeita a biodegradação. Dentre os organismos, os fungos e cupins são os responsáveis pelos maiores danos causados à madeira.

Preservantes de madeira sintéticos na maioria a base de organofosforados e piretróides, tem apresentado uma alta toxicidade ao homem, com isso vários estudos de bioatividades vem sendo desenvolvidos a fim de encontrar substâncias que possam ser empregadas na formulação de produtos preservantes/termicidas que apresentem não somente maior eficiência e menor dado ao meio ambiente. Sabe-se que a alta resistência natural a organismos xilófagos de certas espécies esta relacionada com a presença de extrativos/ grupamentos químicos que ocorrem naturalmente.

Levando em conta esses aspectos, o presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito de extrativos obtidos da casca de espécies florestais da Amazônia Central frente ao ataque de cupins Nasutitermes spp., em testes de laboratório, visando determinar sua potencialidade para usos como inseticida de base natural.

METODOLOGIA:

O material utilizado nos estudos foram cascas de espécies floreais coletada em áreas do Arquipélago das Anavilhanas e da foz do rio Jaú/rio Carabinani, estado do Amazonas.

Das serragens obtidas das cascas das espécies em estudo obteve-se extratos a frio, com etanol P.A., Os extratos foram concentrados em rotavapor a 50ºC, sob vácuo. Nesse material foi realizado testes de solubilidade para determinação do limite de solubilidade dos mesmos. A seguir, foram preparadas as soluções extrativas na concentração de 1% e impregnadas em discos de papel filtro (Whatman® n°4) de 5,5cm de diâmetro.

Foram realizadas excursões a campo para coleta de colônias de cupins do gênero Nasutitermes. Foram coletadas 02 colônias, no Campus do INPA I/Manaus. Estas colônias foram transportadas para o pátio da CPPF/INPA, e armazenadas em caixas BRASILIT®, preenchida com água para retenção dos cupins.O teste biológico foi montados em uma plataforma de concreto dentro da caixa d'água. As amostras impregnadas com os extrativos obtidos das cascas, foram distribuídos em quadrado latino, com repetições para cada tipo de extrato e expostos aos cupins do gênero Nasutitermes, em testes com preferência alimentar. Como controle positivo foi utilizado discos de papel impregnados com preservativo Bórax (2%) e controle negativo (amostra-testemunha) papel de filtro sem impregnação. O tempo total do teste foi de 21 dias, quando as amostras testemunhas apresentaram perda de massa de ~100%.

RESULTADOS:

Foram testadas a solução extrativa (1%) das espécies Acosmium nitens, Albizia polyantha, Albizia subdimidiata, Aldina heterophylla, Campsiandra chigo montero, Ormosia excelsa, Parkia discolor, Swartzia macrocarpa, Swartzia polyphylla e Tachigali paniculata. Observou-se que as amostras de papel que continham extratos de S. macrocarpa, O. excelsa e A. heterophylla não sofreram qualquer dano, conferiram assim uma alta resistência às amostras no período de 21 dias de testes, onde as amostras testemunhas sem impregnação foram atacadas 100%. Já as amostras de S. polyphylla, A. subdimidiata e C. chigo montero sofreram ataques superficiais mais foram logo abandonadas. As amostras de P. discolor, A. nitens, A. polyantha e T. paniculata foram atacadas, sofreram perda de massa de 20, 30, 70 e 100% respectivamente. Entretanto, vale ressaltar que estas amostras que sofreram as maiores perdas, tiveram suas concentrações alteradas, em virtude de no 16° dia de teste, estas amostras caíram da plataforma de concreto onde estava sendo realizado os testes dentro d’água. Sendo assim as substâncias impregnadas, removidas através da solubilidade no meio aquoso. Inferindo que se as tais amostras não tivessem suas concentrações alteradas, possivelmente confeririam resistência ao papel testado, pois durante mais de 60% do tempo de exposição não foi observado ataques significativos nas amostras.

CONCLUSÃO:

Os extrativos obtidos da cascas das especies Swartzia macrocarpa, Ormosia excelsa, Aldina heterophylla, Swartzia polyphylla, Albizia subdimidiata e Campsiandra chigo montero, apresentam a principio propriedades de repelência a cupins Nasutitermes spp, em testes de laboratório. Contudo, ensaios mais específicos serão realizados para afim de melhor subsídiar este estudo.

Instituição de Fomento: FAPEAM/CNPq
Palavras-chave: Extrativos da casca, Termicidas Vegetais, Nasutitermes spp..