61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 3. Enfermagem Médico-Cirúrgica
CANCELAMENTO DE CIRURGIAS ELETIVAS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA CIDADE DE MANAUS – AMAZONAS
Gilmara da Mota Lopes 1
Altair Seabra de Farias 2
Jucimary Almeida do Nascimento 3
1. Acadêmica de Enfermagem/Universidade do Estado do Amazonas (UEA)
2. Enfermeiro/Mestrando Curso Enfermagem em Saúde Pública (EERP-USP)
3. Profª. M.Sc. em Genética e Evolução/SEMSA Manaus/UEA/Orientador
INTRODUÇÃO:

Uma intervenção cirúrgica não é uma ocorrência rotineira na vida das pessoas, por isso requer um preparo prévio para o paciente e seus familiares, que na maioria das vezes afastam-se de sua vida cotidiana por algum tempo, exigindo mobilização física, emocional e financeira (CAVALCANTE; PAGLIUCA; ALMEIDA, 2000). Por outro lado, há décadas Tesck (1976) já explicava que o simples fato do paciente se encontrar hospitalizado já o torna exposto a situações estressantes, porque a hospitalização o afasta da sua vida cotidiana para um ambiente de normas e rotinas, deixando-o com medo, ansioso, carente e frágil. Manzolli (1987) enfatiza que com o cancelamento de cirurgia esses sentimentos assumem maiores proporções, potencializando o aparecimento de sentimentos desagradáveis, causando maior tensão, bem como elevando o nível de estresse do paciente e sua família. Diante deste contexto este estudo investigou o cancelamento de cirurgias eletivas em um Hospital Universitário da cidade de Manaus no período de janeiro a junho de 2008. E com isso, pretende-se fornecer subsídios para os profissionais de saúde e gestores sobre uma realidade diariamente vivenciada, uma vez que é relevante a construção de indicadores para a avaliação de desempenho dos serviços públicos de saúde, além de servir de parâmetros norteadores na tomada de decisão para minimização da taxa de suspensão de cirurgias eletivas.

METODOLOGIA:

Estudo descritivo-exploratório retrospectivo com abordagem quantitativa (TOBAR; YALAOUR, 2001), realizado no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), na cidade de Manaus–AM. A amostra foi composta por 1.959 cirurgias programadas no período de janeiro a junho de 2008, das quais 663 foram suspensas. Destas 108 casos foram excluídos por se enquadrarem nos critérios de exclusão, restando 555 cirurgias eletivas canceladas, o que corresponde a 28,33%. Os critérios de inclusão foram: procedimentos cirúrgicos eletivos suspensos no período proposto e prontuários que continham registro do motivo do cancelamento. Critérios de exclusão: cirurgias não eletivas suspensas; cirurgias de taxa externa suspensa e; prontuários com informações inconsistentes. Os dados foram coletados após autorização da Direção do HUGV e de aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UFAM, que dispensou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), por se tratar de dados secundários dos pacientes. A coleta de dados ocorreu no período de Outubro a Novembro de 2008, junto ao Arquivo do Centro Cirúrgico e no Serviço de Arquivo Médico e Estatísticas (SAME) do HUGV. Para operacionalização dos objetivos, utilizaram-se formulários estruturados, posteriormente tabulados no Microsoft Office Excel 2007, e apresentados em tabelas e gráficos para melhor compreensão dos resultados.

RESULTADOS:

Foram encontrados 555 casos de cancelamentos cirúrgicos, das 1.959 cirurgias programadas no período de Janeiro a Junho de 2008. Analisando mensalmente as variáveis das cirurgias eletivas marcadas com as cirurgias realizadas e as suspensas, observa-se que em Janeiro registrou-se a menor taxa de suspensão (70=23,10%) e em Março a maior taxa (107=32,82%); a média concentrou-se em 92,5 casos, correspondendo a 28,29% da taxa de cancelamento do HUGV, resultado que coincide aos achados de PERROCA & JERICÓ & FACUNDIN (2007), onde afirmam que estudos sobre cancelamento de cirurgias eletivas, principalmente em hospitais públicos e universitários, apontam taxas que variam de 17,6% a 33%. Embora, em sua pesquisa realizada em um hospital de ensino em São José do Rio Preto-SP, tenham encontrado uma taxa de 5,1% em três meses. Por outro lado, CAVALCANTE; PAGLIUCA & ALMEIDA (2000) em pesquisa realizada em um hospital escola na cidade de Fortaleza–CE detectaram uma taxa de cancelamento de cirurgias programadas de exatos 33% em quatro meses de estudo. Contudo, quando se considera a faixa etária, nota-se um predomínio de pacientes adultos com idade entre 40 59 anos (36%) e de adultos jovens na faixa-etária de 20 a 39 anos (35%). As 3 morbidades de maior prevalência de pacientes que tiveram suas cirurgias canceladas neste estudo foram colelitíase (91=32%), Hérnia - inguinal e incisional (61=22%) e Fratura (58=20%).

CONCLUSÃO:

Este estudo possibilitou conhecer a taxa de cancelamento de cirurgias eletivas no HUGV de Manaus-AM, que foi de 28,29% referentes a 555 casos de cancelamentos cirúrgicos dentre um total de 1959 cirurgias programadas no período de janeiro a junho de 2008. Identificou-se que as três principais morbidades dos sujeitos com cirurgias eletivas foram: colelitíase com 91 casos (32%), hérnia com 61 casos (22%) e fratura 58 casos (20%). Com base nestas conclusões, recomenda-se ao serviço de cirurgia do HUGV, uma reformulação no agendamento e construção de mapas cirúrgicos, a partir dos resultados aqui apresentados, para se obter menores taxas de cancelamentos cirúrgicos, minimizando os prejuízos tanto para os pacientes quanto para a instituição.  Sugere-se, ainda, que mais estudos sejam realizados sobre essa problemática, sobretudo para a detecção de suas causas, visando uma melhor qualidade da assistência aos pacientes cirúrgicos.

Palavras-chave: cirurgias eletivas, cirurgias canceladas, pacientes cirúrgicos.