61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia
PARÂMETROS PRODUTIVOS DE VARIEDADES DE FAVA CULTIVADAS EM REGIME DE SEQUEIRO E COM SUPLEMENTAÇÃO HÍDRICA
Luiz José Vieira de Melo 1
Pedro Dantas Fernandes 2
Hans Haj Gheyi 2
Miguel Barreiro Neto 3
Camilo Flamarion de Oliveira Franco 3
1. Colégio Dom Agostinho Ikas, Universidade Federal Rural de Pernambuco/UFRPE
2. Departamento de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande/UFCG
3. Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba/EMEPA
INTRODUÇÃO:

A fava (Phaseolus lunatus L.) é uma das quatro espécies do gênero Phaseolus exploradas comercialmente, sendo uma das principais leguminosas cultivadas na região tropical, diminuindo a dependência quase exclusiva dos feijões do grupo carioca (Vieira, 1992). Seu plantio no Brasil depende basicamente de pequenos produtores, que em geral a cultivam sem contar com informações tecnológicas adequadas e sem investimentos financeiros apropriados. Tem relativa importância econômica e social uma vez que, devido a sua rusticidade, é possível prolongar a colheita no período seco. Seu cultivo na região Nordeste é feito em consórcio com milho, mandioca ou mamão, que lhe servem de suporte (Azevedo et al., 2003). Apesar de sua importância social, tem merecido pouca atenção dos órgãos de pesquisa e extensão, o que tem resultado em limitado conhecimento das características agronômicas da cultura (Santos et al., 2002), resultando em baixos níveis de produtividade. Esse trabalho foi realizado com o objetivo de obter maiores informações sobre o cultivo da fava, que possibilitem no futuro elevar os níveis de produtividade dessa lavoura, tão importante para a agricultura familiar.

METODOLOGIA:

O Experimento foi desenvolvido de abril a agosto de 2003, em Sapé-PB, com treze variedades de fava: Lavandeira, Rajada Vermelha, Cancão, Manteiga, Orelha-de-vó, Fava Feijão, Roxa, Branquinha, Boca-de-moça, Manteiga cearense, “De coca”, Rajada, Raio-de-sol, todas de crescimento indeterminado e trepador, a exceção da “De coca”. Os tratamentos foram formados pela combinação entre as treze variedades e dois regimes de água, sequeiro (Io) e com suplementação hídrica (I1), num total de 26 tratamentos, repetidos em três blocos casualizados. A suplementação hídrica foi de, aproximadamente, 5,0 mm/dia. A irrigação foi realizada por um sistema de gotejamento e as adubações conforme análise de água. A parcela experimental tinha 3,0 m de largura por 7,0 m de comprimento, onde foram semeadas três linhas com as variedades, no espaçamento de 1,0 m por 0,50 m, sendo considerada como útil apenas a linha intermediária. Foram analisados, ao final do cultivo, o número de vagens por planta (NVP), o peso relativo da semente (PRS), número de sementes por vagem (NSV) e a produtividade média (PM). O efeito das fontes de variação foi avaliado pelo Teste F, em todos os ensaios realizados. Nos tratamentos considerados significativos ao nível de 5% ou 1% foi aplicado o Teste de Tukey a 5%.

RESULTADOS:

O NVP, NSV e o PRS não foram influenciados estatisticamente pela suplementação hídrica. A Fava Boca-de-moça (35,6 vagens) foi a que produziu o maior NVP, estatisticamente semelhante a Manteiga Cearense (32,4 vagens)  e a Branquinha (30,7 vagens). Nesse parâmetro, as piores foram Rajadas (11,4 vagens), Cancão (8,4 vagens) e “De coca” (2,57 vagens). Com relação ao NSV, em média, elas apresentaram 3 sementes por vagem. A mais produtora foi a fava roxa (3,24 sementes/vagem) e a fava “De coca” (2,57 sementes/vagem) foi a menor. A fava Raio-de-sol (68,22%) teve a maior média para o PRS, estatisticamente semelhante às demais variedades, com exceção de Lavandeira, Cancão e Feijão. Em média, as vagens secas dessas variedades apresentaram 60% do peso em grãos. A PM respondeu significativamente tanto ao tratamento suplementação hídrica quanto entre as diferentes variedades. Nos tratamentos com suplementação a PM foi de 128,6 g.m-2, contra 115,8 g.m-2 do cultivo em sequeiro. A Manteiga cearense foi a mais produtora (215,2 g.m-2), estatisticamente diferenciada das demais, seguida das variedades Raio-de-sol (181,9 g.m-2), Branquinha (168,8 g.m-2) e Boca-de-moça (159,8 g.m-2), resultado fruto da interação entre NVP, NSV e o PRS.

CONCLUSÃO:

Nas condições do trabalho desenvolvido, pode-se concluir que a irrigação aumenta a produtividade média da fava e que as variedades Manteiga cearense, Branquinha, Raio-de-sol, e Boca-de-moça, são mais produtivas do que as demais variedades estudadas.

Instituição de Fomento: CAPES, UFRPE, EMEPA
Palavras-chave: Fava, Irrigação, Produção.