61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
ECOLOGIA DE COMUNIDADES DE PEIXES EM IGARAPÉS DO MUNICÍPIO DE TEFÉ-AM
Marcos Melo Corrêa 1
Maria Cristiane Ferreira Barreto 1
Luciane Lopes de Souza 1
1. Universidade do Estado do Amazonas – Centro de Estudos Superiores de Tefé
INTRODUÇÃO:

A região amazônica apresenta a maior bacia hidrográfica do mundo, formada pelo rio Amazonas e um incontável número de outros rios e igarapés. A estrutura de comunidades de peixes é um importante “indicador biológico” em ecossistemas aquáticos. Assim, para o conhecimento das relações da ictiofauna de igarapés com o seu ambiente é necessário conhecer a composição, a estrutura, a diversidade e o papel ecológico dessas populações. Poucos estudos foram desenvolvidos neste ambiente, por isso ainda restam muitas questões a serem respondidas, principalmente em áreas onde tais abordagens não são de grande ocorrência. Este estudo tem por objetivo identificar as espécies de peixes de igarapés, verificar as possíveis variações na composição, riqueza e abundância para assim contribuir com planos de manejo e conservação dessas espécies no município de Tefé, no estado do Amazonas.

METODOLOGIA:

As coletas foram realizadas em quatro igarapés do município de Tefé, denominados de sítios 1 (localizado na Estrada da EMADE, a 8 km do centro urbano), 2, 3 e 4 (localizados na Estrada da Agrovila, a 13 km do centro urbano). Todos os igarapés mostraram ao seu redor uma área desmatada. Foram realizadas duas coletas de peixes no ponto de estudo, entre os meses de novembro 2006 a agosto de 2007. A coleta contou com a colaboração de duas pessoas. Iniciava-se a atividade contra a correnteza, tendo como cuidado coletar os peixes em diferentes ambientes (raízes, areia, barrancos e folhagem). Os peixes foram coletados através do método ativo, utilizando peneiras de malhas de 5mm durante um período de 60 minutos ao longo do igarapé. Após a coleta, os peixes foram armazenados em recipiente contendo formol 10%, onde constavam informações sobre o local e a data de coleta. A identificação do material foi feita por meio de listas de identificação e também com o auxílio de especialistas da área e do banco de dados Fishbase. Os espécimes não identificados foram agrupados em morfoespécies, por apresentarem semelhança na quantidade de raios das nadadeiras, na coloração, pintas e forma do corpo. A análise de similaridade foi feita no Programa Past com base no índice de Jaccard (Algoritmo UPGMA).

RESULTADOS:

Foram coletados 564 indivíduos pertencentes a oito famílias, sendo que foram identificadas 17 espécies. Houve destaque para as famílias Cichlidae e Characidae, com cinco espécies cada. No sítio 1 coletou-se 13 espécies com 225 indivíduos, o sítio 2 apresentou nove espécies e 101 indivíduos, no sítio 3 foram confirmadas quatro espécies com 44 indivíduos e no sítio 4 coletou-se oito espécies e 194 indivíduos. Portanto, o sítio 1 caracterizou-se por apresentar maior riqueza de espécies e abundância de indivíduos. Na análise de abundância entre espécies coletadas destacou-se a morfoespécie 7 com 139 indivíduos. As espécies Brachyhypopomus sp., Characidium sp., Crenuchus spilurus e Farlowella sp. e mais cinco morfoespécies foram representadas por um único indivíduo. Na distribuição das espécies verificou-se que Nannostomus trifasciatus, Satanoperca jurupari e Apistogramma sp2 foram encontradas em três dos quatro sítios de coletas. A similaridade entre as comunidades estudadas foi bastante baixa. Os grupos similares foram os sítios 1 e 3 e pontos 2 e 4, sendo que o valor máximo alcançado foi de 20% entre os sítios 2 e 4.

CONCLUSÃO:

Com os resultados obtidos observou-se uma diferença existente na abundância de indivíduos coletados e uma variação na riqueza de espécies ao serem comparados os igarapés. Na composição houve o aparecimento de espécies únicas indicando que há necessidade de maior atenção nos estudos ecológicos, visando a conservação de peixes de igarapé do município de Tefé. O número de amostras é relativamente pequeno para a análise da comunidade de peixes, pois não possibilita conhecer todas as populações de peixes nos locais de coleta, entretanto este é um estudo pioneiro ao investigar a composição, a riqueza e a abundância da ictiofauna neste importante ecossistema amazônico.

Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM
Palavras-chave: Ictiofauna, Igarapés, Amazônia.