61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
INVENTÁRIO DE MORCEGOS (Chiroptera, Mammalia) EM FRAGMENTO FLORESTAL DE MATA CILIAR NO MUNÍCIPIO DE JI-PARANÁ, RONDÔNIA.
Eliana Giordano 1
Cleide Rezende de Souza 1
1. Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná - CEULJI/ULBRA
INTRODUÇÃO:
O desmatamento das florestas resulta na transformação de áreas contínuas em fragmentos isolados, conseqüentemente reduzindo o número de animais e a probabilidade de persistência da biodiversidade (TABARELLI & GASCON, 2005). PRIMACK & RODRIGUES (2001), com a dispersão de animais reduzidas, plantas dependentes desses para dispersar suas sementes e  serão afetadas, levando a extinção. Por tanto, os morcegos são extremamente importantes, pois, atuam na polinização, na dispersão de sementes, no controle de insetos e, conseqüentemente, na formação e manutenção do ecossistema, e são indicadores de níveis de alteração no ambiente e material de estudo sobre diversidade (FENTON apud BIANCONI et al., 2004). Na Amazônia, os morcegos frugívoros são os principais agentes de recuperação das florestas. Pode-se dizer que a regeneração da mata amazônica depende, diretamente, das atividades dos morcegos (BRADT, 1998). Desta forma os quirópteros são “ferramentas” na identificação dos processos biológicos envolvidos na perda ou transformação do hábitat natural (BIANCONI et al., 2004). Tendo em vista a importância dos morcegos, o presente trabalho tem por objetivos inventariar a diversidade e a abundância deste táxon em um fragmento florestal.
METODOLOGIA:

A área estudada foi um fragmento florestal com 275 hectares, em uma mata ciliar do rio Urupá, no município de Ji-Paraná (RO). A amostragem foi realizada em agosto de 2007 a fevereiro de 2008, em trilhas pré-existentes e na borda do fragmento. Os morcegos foram amostrados por meio do uso de redes de neblina, de 12 x 3 m, armadas no sub-bosque a 1m do solo (até 4 m de altura), ao pôr-do-sol e retiradas 6 horas depois, período de maior atividade dos morcegos (FLEMING, 1988). A identificação das famílias e/ou subfamílias foi realizada com auxilio de chave de identificação conforme VIZOTTO & TADDEI (1973) e para identificar as espécies foi utilizada a chave dicotômica de GREGORIN & TADDEI (2002) e REIS e colaboradores (2007). O esforço amostral foi realizado conforme STRAUBE & BIANCONI (2002), esforço amostral = área da rede x tempo de exposição x número de repetições x número total de redes. A abundância relativa referente à família foi realizada mensalmente, calculada pela divisão do total de exemplares capturados, pelo esforço amostral (AGUIRRE, 2002). Não foi possível a padronização do esforço amostral, devido ao número variado de expedições por mês.

RESULTADOS:
Foram capturados 51 indivíduos, pertencentes às famílias: Emballonuridae (4), Phyllostomidae (45), Molossidae (1) e Vespertilionidae (1). A família mais representativa foi Phyllostomidae, amostrada por 16 espécies sendo duas indeterminadas; a espécie com maior registro foi Artibeus lituratus (OLFERES, 1818). O método utilizado favorece a captura de morcegos que se deslocam principalmente pelo sub-bosque, permitindo assim, uma amostragem abundante de filostomídeos (STRAUBE & BIANCONI, 2002). A ausência das outras famílias deve ser atribuída ao fato desses animais voarem mais alto e detectarem as redes com maior facilidade (SEKIAMA 2003). O esforço amostral foi calculado em 16.416 horas/rede. O mês com maior abundância relativa (19.675 morcegos/m².h-1) novembro, onde ocorrendo  maior número de exemplares coletados, e o de menor agosto (0,578 morcegos/m².h-1), o que pode estar relacionado ao período de seca na região, onde a pluviosidade e sazonalidade tem uma forte influência sobre o número de capturas (BERNARD, 2002). O maior índice de captura foi registrado no período chuvoso, fato este justificado por serem espécies de hábito alimentar frugívoro, coincidindo com o período de frutificação das espécies vegetais zoocóricas (PIÑA-RODRIGUES & PIRATELLI, 1993).
CONCLUSÃO:
Considerando que a área estudada possui um fragmento de 275 hectares, e baseado nos dados apresentados, a área possivelmente apresenta uma grande diversidade de quirópteros, pois permiti alimentação e refugio para este táxon. É provável que novas espécies sejam adicionadas se novos pontos de captura forem amostrados ou outros métodos de captura forem utilizados como a implantação das redes a maiores alturas e novos pontos de amostragens, até mesmo novos horários de exposição. Estudos realizados em fragmentos nos estados do Amazonas e Pará, são conhecidas respectivamente 109 e 116 espécies o que representa uma alta diversidade (MARTINS et al., 2006). Tais números mostram o quanto à fauna do estado de Rondônia precisa ser estudada. Inventários de curta duração não são capazes de amostrar a totalidade da fauna de morcegos de uma localidade. A importância do fragmento florestal para a manutenção da diversidade fica evidente uma vez que uma mata ciliar é um importante meio de dispersão zoogeográfica da quiropterofauna. Implicando na importância da área estudada, não só para a manutenção de quirópteros, mas também de outros fragmentos florestais que dependem das interações destes animais, mantendo assim, as populações abertas, permitindo fluxo gênico e exploração de recursos.
Palavras-chave: fragmento florestal, diversidade, quirópteros.