61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO CENTRO DA CIDADE DO MUNICÍPIO DE COARI/AM
Claus Emio Cirino da Silva 1
Helder Manuel da Costa Santos 1
João Wilson Coelho Ribeiro 1
Naiara Patrícia Ramires Martins 1
Antonia Gomes Neta Pinto 2
1. Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB) da Universidade Federal do Amazonas/UFA
2. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/INPA
INTRODUÇÃO:

A falta de investimentos no setor de abastecimento e tratamento de água, no Município de Coari, localizado na Região do Médio Solimões, tem provocado a abertura de poços de forma irregular e descontrolada e levado a maioria da população a consumir água subterrânea sem que estudos tenham sido realizados para avaliar a qualidade da mesma para o consumo humano. É freqüente a presença de inúmeras pessoas moradoras do centro da cidade muitas com crianças, nos postos de saúde com sintomas de diarreias e que podem estar associadas ao consumo da água de poço. Este fato motivou a realização do presente trabalho que teve como objetivo fazer um diagnóstico da qualidade das águas subterrâneas do Centro da Cidade e relacionar com as doenças de veiculação hídrica uma vez que a ausência de análises fisicoquimica e bacterológicas para avaliar a qualidade da água pode levar ao consumo e uso de agua de potabilidade duvidosa e como resultado provocar na população doenças de veinculação hidrica como diarreias, disenterias e vômitos. Para avaliar a qualidade da água subterrânea da Cidade, foram selecionados 6 poços: de uma Escola, Mercado e das comunidades Eduardo Ribeiro, Paraíso, Central e Major Zeca por abastecerem uma parcela significativa de pessoas. A pesquisa foi realizada de 08/07 a 07/08.

METODOLOGIA:

A pesquisa foi realizada em duas etapas: inicialmente com o reconhecimento de todos os poços do Centro da cidade para se observar as condições locais e o modo como foram abertos. Entrevistas com aplicação de questionários foram realizadas com os moradores. Na segunda etapa, foram coletadas três amostras de água de cada poço para analises físicas, químicas e bacteriológicas. As analises físico-química compreenderam pH, condutividade elétrica, alcalinidade, cor, turbidez, dureza, nitrito, amônia, ferro total, ferro dissolvido, cálcio, magnésio, sódio, cloro e potássio. O pH e a condutividade elétrica foram medidos em potenciômetro digital; amônia, nitrato, cor, cloretos, ferro total e dissolvido por espectrofotometria, alcalinidade por reação de neutralização com ácido sulfúrico, em amostras com pH acima de 4,3. Cálcio e magnésio por titulometria; sódio e potássio por fotometria de chama e turbidez medida com turbidímetro. As análises bacteriológicas foram feitas pelo método de membrana filtrante e os resultados expressos em número mais provável de indivíduos por 100 ml de água. Os resultados tiveram como referencia a Portaria 518/2004. O procedimento físicoquímico foi realizado com base nas técnicas descritas em Apha (1985), Golterman & Clymo (1971) e Golterman et al. (1978).

RESULTADOS:

A maioria dos poços visitados tem baixa profundidade (33 a 60m) apenas o do Mercado tem 80m.  O pH variou de 3,8 e 5,5 ressalta-se que a Portaria 518/2004 estabelece limite de 6,0 como requisito para potabilidade da água. A condutividade elétrica de 38,29 e 176 µS/cm, da Escola e da comunidade Eduardo Ribeiro apresentaram teores de 176,2 e 141,20 µS/cm. A alcalinidade foi detectada apenas no Mercado (18,91), na comunidade Central (15,86) e na comunidade Paraíso (23,79) mgHCO3/L. A cor de 2,99 e 26,93 mg Pt-Co/L  e a turbidez de 0,3 e 0,6. O sódio com concentrações de 4,58 a 18,41 mg/L, enquanto o potássio de 2,28 a 11,32 mg/L. Os teores de amônia de <0,1 e 0,23 mg/L, cálcio muito baixos de <0,02 a 1,44 mg/L e do magnésio de <0,02 e 3,69 mg/L. O nitrato entre 0,051 a 29,364mg/L ficando abaixo do estipulado pela Portaria 518 (10 mg/L) com exceção dos teores encontrados na Escola (25,42mg/L) e na comunidade Eduardo Ribeiro (29,364mg/L). O cloreto de 1,11 a 25,11 mg/L As concentrações de ferro total e dissolvido apresentaram teores até 0,18 mg./L. Os coliformes totais e fecais expressos por número por individuo por 100ml foram detectados nos poços da comunidade Paraíso (160  e 70), do Mercado com 30 coliformes totais e da comunidade Central com 10 coliformes totais.

CONCLUSÃO:

A maioria das variáveis, do ponto de vista físicoquímico, apresentou valores abaixo dos máximos permitidos pelo padrão de aceitação para o consumo humano estabelecidos pela Portaria n° 518 de 25/03/2004 do Ministério da Saúde. Mas, em relação ao pH, todas as águas dos poços analisados são acidas. As águas da Escola e da Comunidade Eduardo Ribeiro apresentaram valores de nitrato inadequados para o consumo conforme os limites de potabilidade, de 10 mg/L estabelecido pela Portaria nº 518. Em relação aos resultados da bacteriologia, apenas as águas da comunidade Major Zeca são adequadas para o consumo humano, as restantes apresentaram valores de coliformes totais e fecais que as tornam inadequadas para o consumo humano. Apesar dos resultados, deve-se ressaltar que o poço da comunidade Major Zeca encontra-se próximo de um igarapé poluído por esgoto. A presença de nitrato, coliformes fecais e totais na água, bem como a falta de higiene e cuidados como o armanezamento (caixas de água) podem levar a doenças como diarréias ou outras doenças de veiculação hídrica. Assim, é necessário um melhor monitoramento da mesma e que estudos desta natureza sejam mais apoiados e discutidos na sociedade, tendo em vista que se pode formar cidadão críticos e atentos à problemática da água no planeta.

Instituição de Fomento: CNPQ
Palavras-chave: Poços, doenças de veiculação hídrica, potabilidade.