61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
FLORÍSTICA, FENOLOGIA E POTENCIAL ECONÔMICO DE ESPÉCIES ARBÓREAS NA COMUNIDADE DA AGROVILA, TEFÉ, AMAZONAS.
Maria Cristiane Ferreira Barreto 1
Nayara de Melo Vieira 1
Luciane Lopes de Souza 1
1. Universidade do Estado do Amazonas/UEA-Centro de Estudos Superiores de Tefé/CEST
INTRODUÇÃO:

Estudos sobre a ecologia de comunidades vegetais na região amazônica são relativamente bem documentados, principalmente na forma de inventários florísticos e fenológicos, que visam avaliar a composição e a diversidade de espécies arbóreas e analisar seus padrões fenológicos. Entretanto, a minoria destas pesquisas está localizada na Amazônia Ocidental. Na região do Médio Solimões existem poucos inventários florísticos e fenológicos e muitas espécies arbóreas são exploradas sem manejo pelas comunidades. Dessa forma é necessário um maior esforço na busca da composição de espécies dessas comunidades, de seus ciclos reprodutivos e de seu potencial econômico, para que futuros planos de manejo e conservação de espécies ameaçadas pela exploração humana sejam urgentemente traçados. O objetivo deste trabalho é realizar um inventário florístico e fenológico das espécies arbóreas em um hectare de floresta de terra firme da Reserva Flora Agrícola localizada na Comunidade da Agrovila no município de Tefé no centro do estado do Amazonas.

METODOLOGIA:

A pesquisa foi realizada mensalmente no período de dezembro de 2007 a junho de 2008. Inicialmente foi realizado o reconhecimento da área para delimitação da amostra e, em seguida, foram aplicados 40 questionários para verificar o conhecimento local sobre a importância econômica das árvores. O método adotado para o inventário florístico foi o de quadrante 100 x 100 m. No levantamento florístico foram marcadas as espécies arbóreas com DAP (diâmetro à altura do peito) ≥ a 10 cm e estas foram etiquetadas com placas metálicas. Para as árvores com sapopema, o DAP foi medido logo acima desta. Durante o levantamento foram anotados dados como nome vulgar da planta, DAP, altura total e do fuste, diâmetro da copa e potencial econômico, com o auxílio do assistente de campo. Os valores obtidos do DAP foram divididos em cinco classes, enquanto os valores de altura foram divididos em quatro classes. Todas as árvores marcadas no inventário florístico foram monitoradas no período de março a junho para o registro das fenofases (fruto, flor e folha nova). Os instrumentos utilizados na coleta de dados foram: bússola, binóculo, fita diamétrica, trena, caderneta de campo. As identificações das espécies foram feitas por listas de espécies da região e literatura especializada.

RESULTADOS:

Foram registrados 430 indivíduos pertencentes a 16 famílias identificadas. As famílias que se sobressaíram apresentando três espécies cada foram: Mimosaceae, Lauraceae, Lecythidaceae e Caesalpiniaceae. A espécie mais abundante (9,8%) foi a Eschweilera sp (Lecythidaceae) conhecida popularmente por mata-matá. Do total, 50% dos indivíduos pertenceram à classe de 10 a 20 cm de DAP. A altura mínima das árvores foi em torno de nove metros e a altura máxima de 40 metros. Dentre o total de indivíduos 75% pertenceram à classe de 11 a 20 m de altura. No período do estudo verificou-se que o pico de frutificação ocorreu no mês de março, onde 15,6% das espécies frutificaram. Não se presenciou a floração em nenhum indivíduo e houve o aumento gradativo de folhas novas. Nas entrevistas foram citadas 30 espécies com potencial para o uso madeireiro e sete espécies úteis para outros fins tais como alimentação e uso medicinal. Segundo os relatos dos moradores, as espécies mais comuns na área de estudo e de potencial econômico são a castanheira (Bertholletia excelsa) com 37%, a andiroba (Carapa guianensis) e a abacatirana (Ocotea aciphylla) com 24% cada e o cedro (Cedrela sp) com 16% do total.

CONCLUSÃO:

Os resultados indicam que grande parte das espécies arbóreas consideradas abundantes pelos entrevistados não foram as mesmas encontradas no hectare, e que a espécie mais comum na área foi Eschweilera sp. Tal espécie já foi apontada como a mais abundante em outros inventários realizados na região amazônica. Apesar do curto período do estudo os dados fenológicos indicam uma baixa produtividade das árvores na região. Os resultados obtidos reforçam que se deve aumentar o número das amostras e estudar a correlação entre a composição florística, o padrão fenológico e os fatores ambientais. Apesar de seu curto período de execução, este trabalho é de grande importância, pois é pioneiro na região de Tefé, e poderá servir de base para futuros planos de manejo e conservação das árvores da Amazônia.

Instituição de Fomento: FAPEAM
Palavras-chave: Florística, Fenologia, Amazônia.