61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 1. Ecologia Aplicada
AMOSTRAGEM DA FAUNA DE SERRAPILHEIRA EM UM FRAGMENTO DE FLORESTA NO MUNICÍPIO DE JI-PARANÁ – RO.
Silas Marques Ferreira 1
Ângelo Laurence Covatti Terra 2
1. Secretaria Estadual De Educação de Rondônia / Representação de Ensino de Ji-Pa
2. Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná – CEULJI/ULBRA.
INTRODUÇÃO:

A composição em espécies e a estrutura da comunidade de serrapilheira são dependentes de vários fatores, entre os quais o tipo de formação vegetal, o solo, a climatologia local e a diversidade de microhabitats. Os resultados mais notáveis dos desmatamentos sobre a fauna amazônica são: a redução do número de espécies e de indivíduos das espécies remanescentes, bem como dos habitats disponíveis, com a redução da floresta a manchas isoladas. Também é importante citar que as populações de animais sofrem o insulamento, cujo efeito imediato é a concentração das formas vágeis, em densidades acima da capacidade de suporte. O insulamento da fauna aumenta a competição intra/interespecífica e também a pressão sobre os recursos alimentares, o que provoca stress e a queda das populações isoladas. O presente estudo teve por objetivo caracterizar uma comunidade faunística de serrapilheira em  diferentes micro-hábitats de uma formação típica e pouco estudada na Amazônia, analisando sua diversidade de espécies.

METODOLOGIA:
Foi estudado um remanescente florestal de 275ha às margens do rio Urupá, a três km do município de Ji-Paraná (S 1 0º 54.718’ W 61º 58.220’) estado de Rondônia. O clima nesta região é o tropical-quente-úmido, temperatura média anual de 23,36º C, precipitação pluviométrica anual de 1.800 mm, umidade relativa do ar média de 74,32%, e vegetação do tipo Floresta Ombrófila Aberta. A coleta de dados, compreendeu os meses de agosto e setembro de 2007. Foram amostrados três pontos diferentes da floresta: ambiente de borda, mata ciliar e terra firme, todos por meio de armadilhas de intercepção e queda,  em formato “Y”; em cada ponto de amostragem foi instalada uma série de armadilhas, composta de 7 recipientes plásticos (35 litros) conectadas por 18 metros de cerca guia de lona de 50 centímetros de altura. Durante o período de amostragem, as armadilhas permaneceram abertas totalizando 1.470 horas de esforço amostral, inspecionadas a cada dois dias. Os espécimes foram capturados manualmente com luvas de couro, fotografados e soltos.
RESULTADOS:

Espécimes coletados, ordem araneomorphae: 96 Phoneutria sp. (Ctenidae) e três Cheiracanthium sp. (Hersiliidae). Ordem migalomorphae: cinco indivíduos da família dipluridae e 16 Avicularia sp. (Theraphosidae). Ordem Squamata: um Bothrops jararaca (Viperidae) e um Typhlops sp. (Aniliidae). Ordem Anura: 18 Pipa sp. (Pipidae). Ordem: Scorpiones 7 Tityus sp. (Buthidae). Ordem Rodentia: 9 Bolomys sp. (Muridae). Ordem Lacertília: 8 Ameiva sp. (Teiidae) e 6 Mabuya sp. (Scincidae). Aracnídeos foi à classe de maior representatividade, no entanto a distribuição desigual nos pontos de amostragem indicando com crescimento da borda para o interior da floresta. Os escorpiões são predadores generalistas, populações de espécies relativamente maiores e mais agressivas podem dificultar o estabelecimento de outras espécies este fator possivelmente justifique a ocorrência de um único gênero. O substrato de serrapilheira, além de folhiço, acumula também sementes e frutos que servem de alimento a muitos mamíferos, dos quais neste estudo foram representados por pequenos roedores (ratos do mato).  A ocorrência de um Typhlops sp. na mata ciliar, sugere possível equilíbrio neste ambiente, com a oferta de recursos alimentares nos diferentes estratos da floresta.

CONCLUSÃO:

A distribuição da fauna nos trópicos está relacionada à grande variedade de ambientes que a região abriga e aos fatores históricos evolutivos destes. Entretanto, a densidade de espécies nos ambientes estaria ligada à disponibilidade de recursos, e não à heterogeneidade ambiental. Uma maior biomassa de folhas, sementes e frutos são produzidos nas áreas de borda, o que resulta em maior disponibilidade de recursos para a serrapilheira sustentando a fauna deste extrato. A floresta funciona como uma fonte emissora de espécies desta forma, a medida que aumenta a distância da borda é esperado um aumento da diversidade na floresta, pela diminuição do efeito de borda. Para os padrões encontrados nesta pesquisa tal resultado comprova a expectativa teórica, de que uma maior diversidade estrutural do ambiente implica em uma maior diversidade de espécies.

Palavras-chave: Serrapilheira, Fauna, Comunidade.