61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
O PRINCÍPIO DA INTEGRALIDADE NA FORMAÇÃO MÉDICA
Ricardo MITOSO-ALHO 1
Rodrigo Otávio MORETTI-PIRES 2
1. NESC-SOL/ISB/UFAM
2. DSP/CCS/UFSC
INTRODUÇÃO:
Em busca de um modelo que pudesse atender a todas as necessidades da população brasileira após manifestações populares, as quais exigiam melhor qualidade da saúde oferecia a população, foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS), que é regido por normas e diretrizes, visando a oferta de uma melhor qualidade no atendimento em saúde para toda a população. Entre as normas e diretrizes que regem o SUS, se encontra o principio da integralidade, que é um dos mais importantes deste sistema, tendo por finalidade atender o usuário do sistema de forma integral e em todas as suas complexidades, visando o bem estar físico e psíquico destes, e acrescentando ao profissional de saúde a responsabilidade de oferecer um atendimento integral e amplo da saúde individual e coletiva. O presente trabalho buscou levantar construção e conceitos que se refiram ao princípio da integralidade conforme a literatura do Sistema Único de Saúde, durante o curso de Graduação de Medicina, objetivando analisar quais as lacunas e distorções da formação médica para a efetivação deste princípio na prática.
METODOLOGIA:
Utilizou-se uma abordagem qualitativa, para reflexão crítica da formação para a integralidade pelos acadêmicos de Medicina. Para tanto se realizaram entrevistas individuais e entrevista com grupo, com oito acadêmicos do ultimo período deste curso da Universidade Federal do Amazonas. A análise partiu da perspectiva hermenêutica dialética, que prima pelo entendimento crítico, seguindo as etapas preconizadas na literatura científica de transcrição na íntegra, leitura exaustiva para apropriação da estrutura de conceitos implicada no texto, eliminação de falas e construções não pertinentes ao tema investigado, aglutinação das falas por semelhanças e aproximação de grupos contraditórios, estabelecendo, assim categorias analíticas, as quais foram confrontadas com a literatura do SUS, procurando identificar coerências, contradições e silêncios em relação ao princípio da integralidade. O instrumento utilizado foi construído através de questões que trataram sobre o transcurso da graduação, a relação com outros profissionais e com o usuário, e ao princípio da integralidade, sendo utilizado em ambas técnicas de coleta de dados.
RESULTADOS:
Em ambas as técnicas, seis categorias emergiram de maneira semelhante: ‘O médico como superior hierárquico dos demais profissionais’, ‘medicina utópica: o retorno aos tipos ideais weberianos’, ‘Predomínio da visão biomédica’, ‘falta de observar o paciente como um ser humano complexo’, ‘distanciamento da abordagem na Integralidade’, ‘falta de formação para integrar os saberes em Equipe e na ação intersetorial necessária a integralidade’.No entanto, uma sétima categoria emergiu durante o grupo focal: ‘medicina como sacerdócio’, caracterizando de certa forma que quando em frente aos seus pares, há certo discurso corporativista do ‘fazer saúde’ pelo conhecimento e não tanto pelo retorno financeiro, o que não emergiu durante as entrevistas individuais.
CONCLUSÃO:
Observa-se uma discrepância na formação dos acadêmicos entrevistados com relação a construção de perfil para o trabalho que tenha o princípio da integralidade como foco, uma vez que estes apresentam despreparo para a atuação em saúde coletiva, apesar dos amplos esforços do Estado e das Instituições de Ensino Superior.
Instituição de Fomento: Funcação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM)
Palavras-chave: Fomação médica, Integralidade, Amazonas.