O parasitismo helmíntico constitui um dos mais sérios problemas de Saúde Pública no Brasil, principalmente pela elevada prevalência encontrada na população infantil.  De cada quatro habitantes do mundo, um está infectado. Dentre os principais filos de interesse médico, os Nematódeos apresentam o maior número de espécies parasitas, como Ascaris lumbricóides, Trichuris trichiura e Ancilostomideos que acometem cerca de um bilhão de pessoas, distribuindo-se em 150 países e territórios. A ocorrência de infecção por nematódeos na infância consiste num fator agravante podendo acarretar severas complicações nutricionais e imunológicas, que geram a incapacitação física e intelectual dos indivíduos parasitados. Apesar dos inúmeros trabalhos acerca de enteroparasitismo, especialmente com crianças na região norte, e especificamente em populações ribeirinhas Amazônicas, ressaltasse a escassez de estudos acerca do problema. Dessa maneira o objetivo deste trabalho foi investigar a prevalência de infecção por nematódeos em uma amostra infantil de comunidades ribeirinhas do médio Solimões, visando contribuir para o panorama epidemiológico destas infecções na região Amazônica.

O estudo realizado no período de agosto de 2007 e junho de 2008, consistiu em uma amostra de 200 crianças na faixa etária de 1 a 12 anos, randomicamente selecionadas entre um total de 608 crianças moradores das comunidades de Esperança I, Saubinha, Santa Maria, Nossa Senhora do Livramento, São José do Saúba, Vila Lira e Itapeuá. Para a detecção das espécies parasitárias utilizou-se as técnicas coproparasitológicas de exame direto e o método de concentração de Ritchie (formol-éter) modificado, sendo que para detecção de formas parasitárias (cisto e/ou trofozoíto) foi utilizado o método direto com lugol (MD) e o método de flutuação de FAUST e colaboradores (MFF). A equipe do projeto conduziu-se as comunidades tanto para coleta dos dados amostrais quanto para entrega dos exames realizados, com o objetivo de auxiliar os indivíduos a procurarem orientações médicas a cerca do seu quadro clínico. 

Nossos resultados mostram que do total de 200 ribeirinhos selecionados para a pesquisa, foi possível observar que de 83% (166/200) dos indivíduos analisados encontravam-se parasitados. Nestes indivíduos houve uma prevalência de 76,5% de infecção nematelmíntica, entre as espécies encontradas a infecção por A.Lumbricoides foi mais prevalente com um percentual de 86,6% (110/166).      

Os elevados quadros de nematodeose infantil na população estudada evidencia que estas afecções constituem agravantes problema de saúde pública nestas comunidades. Este fato demonstra que as comunidades carecem de melhorias nas condições de moradia e saneamento, assistência à saúde e ações interventivas que possam possibilitar melhores condições de crescimento, desenvolvimento e qualidade de vida a essas crianças.